Dez grandes conversas da Gama em 2023 — Gama Revista

Dez grandes conversas da Gama em 2023

De questões de gênero às mudanças climáticas, Gama seleciona alguns dos temas e entrevistas que foram destaque ao longo do ano

Leonardo Neiva 02 de Janeiro de 2024

Durante mais um ano repleto de discussões essenciais para o avanço da humanidade e até mesmo a sobrevivência global, o diálogo se manteve firme e forte — ao menos aqui na Gama. Em mais uma série de entrevistas com algumas das principais personalidades do Brasil e do mundo, a revista participou ativamente dos debates que permeiam a sociedade contemporânea.

MAIS SOBRE O ASSUNTO
Carol Ito: “Pensar que masturbação ainda é tabu me gerava broxadas imensas”
Janet Hardy: “Abrir um relacionamento exige uma quantidade enorme de conversas e reflexões”
Raphael Montes: “Ao tratar de violência você consegue tratar da sociedade”

De temas como relacionamentos, sexo e questões de gênero ao preconceito, as mudanças climáticas e o dom de contar histórias, foi uma tarefa e tanto selecionar apenas algumas dentre as muitas entrevistas que tivemos ao longo de 2023. Ainda assim, aceitamos o desafio e separamos dez das grandes conversas que estamparam a Gama este ano.

A seguir, veja trechos e links para acessá-las (mas não deixe de buscar também aquelas que, infelizmente, acabaram ficando de fora, na seção Conversas):

“Meu gênero é separado da minha sexualidade, mas tive que pensar em ambos por muitos anos para descobrir como eles se relacionavam”

Maia Kobabe, que escreveu a premiada graphic novel “Gênero Queer – Memórias” (Tinta da China, 2023), banida de escolas públicas nos EUA por retratar questões de gênero e sexualidade na juventude, falou sobre a reação à sua obra e as mensagens que recebeu de jovens que passam por trajetória semelhante à sua.

“As crianças negras não podem ser crianças. Para elas, são usadas expressões como ‘juventude’, que muito raramente se associam aos brancos”

Christina Sharpe, escritora que foi presença na última Flip e vem revolucionando o debate racial no mundo, autora de “No Vestígio” (Fósforo, 2023) e “Algumas Notas do Dia a Dia” (Fósforo, 2023), abordou a linguagem como forma de opressão e o impacto universal de histórias que não falam necessariamente “por todos os negros”, mas “para todos os negros”.

“Sinto um desencantamento com a alta gastronomia, que não é sustentável. São restaurantes hiper exclusivos, que limitam o acesso, cobram uma fortuna e dão prejuízo”

Rodrigo Oliveira, chef do Mocotó, restaurante que comemora 50 anos de existência, debateu a gastronomia brasileira, a proximidade da terra e da essência dos alimentos, e a dificuldade do país para entrar de vez no mapa gastronômico mundial.

“Toda história infantil conta um modo de viver. Ao ler, a criança aprende o modo de viver e de olhar a vida também”

Ruth Rocha, escritora e um dos maiores nomes da literatura infantil no Brasil, contou sobre o poder das histórias, a relação com os avós, que cultivaram seu amor por elas, e os netos, que viraram seus personagens.

“O útero é o órgão mais legislado do corpo e evoca opiniões incrivelmente fortes. No entanto, os políticos e os legisladores entendem muito pouco sobre o que esse órgão faz e o que ele significa”

Leah Hazard, escritora e parteira do Serviço Nacional de Saúde britânico, lançou no Brasil o livro “Útero – A história de onde tudo começou” (Planeta, 2023) e analisou o papel do órgão na sociedade e seu uso como ferramenta de opressão social e política.

“Aprendemos cedo que o garoto maior e mais forte é o mais respeitado. Vivemos num mundo onde a violência entre os homens é mais comum do que o afeto”

J.J. Bola, escritor e autor de “Seja Homem: A masculinidade desmascarada” (Dublinense, 2020), discutiu as pressões que moldam desde cedo o que significa ser homem no mundo todo e as possibilidades que restam de transformação.

“Tudo indica que o El Niño vai acentuar e acelerar ainda mais a mutação climática neste e nos próximos anos. Mas o principal debate acontece em torno de abrir ou não uma nova frente de exploração de petróleo na Amazônia”

Eliane Brum, jornalista e escritora, autora de “Banzeiro Òkòtó: Uma viagem à Amazônia Centro do Mundo” (Companhia das Letras, 2021), falou da guerra para salvar a Amazônia e evitar que se chegue ao ponto de não retorno, assim como da mentalidade negacionista, extrativista e colonialista que tem perseverado.

“Fiquei com uma vontade grande de poder dividir essa experiência, que é uma experiência um tanto transformadora para mim. Não só no sentido pessoal, íntimo, mas no sentido político de descobrir a história de um país tão fascinante”

Karim Aïnouz, cineasta que lançou em 2023 os documentários “Marinheiro das Montanhas” e “Nardjes A.”, relembrou a busca da própria identidade na descoberta da terra paterna, na Argélia, um país de outros “Karims” e histórias pouco conhecidas.

“A educação antirracista é uma luta constante. Uma mãe negra rema contra a maré o tempo todo”

Juliana Alves, atriz, abordou o desafio de manter a filha, uma menina de pele clara e cabelo liso, conectada à sua ancestralidade mesmo diante de uma sociedade que tenta embranquecê-la.

“Nunca vou esquecer de onde eu vim, nunca vou deixar os meus na mão, nunca esqueci minha origem. Eu pertenço àquele lugar onde as pessoas tiveram suas casas alagadas”

Eudes Assis, chef e empreendedor social, lembrou a experiência de comandar mais de 200 cozinheiros voluntários e arrecadar R$ 1,5 milhão para atender vítimas e trabalhadores da linha de frente dos deslizamentos no litoral norte de São Paulo, onde nasceu e vive até hoje.

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