Assédio contra mulheres ciclistas
Cicloviajante e diretora audiovisual, Fernanda Frazão indica cinco conteúdos que ajudam a refletir sobre obstáculos enfrentados por mulheres que pedalam e a celebrar histórias de resistência
No dia 20 de junho, a veterinária e ciclista Letícia Besse publicou em suas redes sociais um vídeo que gravou logo depois de ter sido assediada por um motociclista enquanto pedalava em uma estrada de Petrópolis (RJ). Chorando, a atleta amadora de mountain bike contou que era a segunda vez em 15 dias que passava por isso.
O post viralizou e trouxe à tona a discussão sobre as barreiras enfrentadas por mulheres ciclistas, que vão muito além do esforço físico exigido pelo esporte.
Divulgação
Gama pediu a Fernanda Frazão, diretora do docu-reality o “Histórias de Pedal” (2024) e cicloviajante, a indicação de cinco conteúdos audiovisuais que ajudam a refletir sobre esses obstáculos e a celebrar histórias de resistência.
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“Histórias de Pedal”, de Fernanda Frazão (2024, disponível no Canal Off e no Globoplay)
“Depois de fazer várias cicloviagens e cruzar com mulheres de todos os perfis ocupando as estradas, eu queria inspirar e encorajar outras mulheres a se aventurar no cicloturismo. Neste docu-reality, eu convido Bruna Mattos e Helen Ramos – duas mulheres que amam pedalar, mas nunca tinham viajado de bike – para cruzar a Rota das Emoções, trecho do litoral nordestino que vai do Ceará ao Maranhão. Nós embarcamos em uma cicloviagem pouco explorada por ciclistas em busca de boas histórias e transformação pessoal. O que a gente não sabia é que, apesar da ajuda dos fortes ventos da região, enfrentar a resistência imposta pela areia, maré e pelo sol forte seria mais difícil do que imaginávamos.”
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“Os absurdos assédios contra mulheres que treinam e pedalam sozinhas”, de Renata Falzoni (2024, disponível no Youtube))
“Renata Falzoni, comunicadora, cicloativista e pioneira na valorização da bicicleta no Brasil apresenta conteúdos relevantes sobre mobilidade e ciclismo no canal do YouTube Bike é Legal. Nesta live, ela reúne relatos de violência contra ciclistas mulheres para fomentar o debate sobre o direito delas de usar as cidades com segurança. Em São Paulo, a porcentagem de mulheres que pedalam como meio de transporte é muito baixa em comparação aos homens, principalmente devido ao medo do assédio sexual. É um convite à reflexão e à ação para transformar essa realidade.”
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“Afghan Cycles”, de Sarah Menzies (2018, disponível no Globoplay)
“Este é um documentário que mergulha na emocionante jornada da equipe feminina de ciclismo do Afeganistão e mostra como essas mulheres desafiam não apenas os limites físicos em suas bicicletas, mas também as normas sociais em uma sociedade conservadora. Com uma mistura de aspirações esportivas e luta pelos direitos das mulheres, o filme traz uma visão poderosa sobre como o ciclismo se tornou uma ferramenta de resistência e empoderamento.”
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“Going the Distance – and why it matters”, de Lael Wilcox (2002, disponível no Youtube)
“Dá gosto ouvir a paixão com que a ciclista e competidora de ultra-resistência Lael Wilcox narra suas conquistas – que não são poucas! No TEDx, ela conta como se tornou a primeira americana e mulher a vencer a competição Trans Am, a corrida de mais de 7 mil km que cruza os Estados Unidos de leste a oeste. Foram 18 dias, sem apoio e com uma determinação absurda. Um spoiler: ela consegue alcançar o ciclista que estava em primeiro lugar na corrida e ele sugere que terminem a prova juntos, mas ela quer vencer. Ela também viaja pelo mundo e narra suas aventuras numa espécie de diário em podcast. Vale a pena viajar com ela durante um passeio de bike pela cidade.”
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“Diamonds in the Sands”, de Kate Leeming (2021, disponível no Canal Off e no Globoplay)
“Em 2010, Kate Leeming, uma exploradora e ciclista australiana, se propôs a completar a primeira viagem de bicicleta pela Costa do Esqueleto, onde o Deserto da Namíbia encontra o Oceano Atlântico. No documentário, ela mostra esta aventura, uma das mais ousadas já registradas, pois ninguém, além dela, completou essa jornada ininterruptamente. Em uma bicicleta fat-bike com tração nas quatro rodas, ela enfrenta alguns dos terrenos mais inóspitos e climas mais severos do planeta, e como se não bastasse, chega a ficar cara a cara com leões! Agora, aos 57 anos, ela se prepara para fazer a primeira travessia de bicicleta pelo continente Antártico via o Polo Sul. Kate inspira que as mulheres possam se aventurar e explorar o mundo, independentemente da idade.”