Como ter uma vida sexual satisfatória na solteirice? Confira 5 dicas — Gama Revista
O que te traz satisfação?
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Isabela Durão

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5 dicas

Como ter uma vida sexual satisfatória na solteirice

Autoconhecimento, masturbação, repertório, relaxamento e fantasias: especialistas em sexualidade indicam como sentir prazer sozinho ou em transas casuais

Ana Elisa Faria 07 de Abril de 2024

Como ter uma vida sexual satisfatória na solteirice

Ana Elisa Faria 07 de Abril de 2024
Isabela Durão

Autoconhecimento, masturbação, repertório, relaxamento e fantasias: especialistas em sexualidade indicam como sentir prazer sozinho ou em transas casuais

A satisfação sexual é diferente de pessoa para pessoa. Não existe um parâmetro: às vezes, o que é prazeroso para um pode não surtir efeito no outro. Há solteiros, por exemplo, que se saciam desacompanhados, por meio da imaginação, com as mãos ou na companhia de um vibrador. Também tem aqueles que precisam dos contatinhos para transar, que necessitam de estímulos e do toque alheio.

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O caminho rumo a uma vida íntima satisfatória na solteirice não é tão fácil como pode parecer para quem tá compromissado, mas pode ser gostosa e cheia de prazer.

Pensando em quem não tem um parceiro ou uma companheira fixa, porém quer estar com o sexo em dia, Gama ouviu sexólogas que deram dicas para o orgasmo sozinho ou em transas casuais.

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    Podemos ser sexualmente satisfeitos a partir do prazer individual, sem a necessidade de outra pessoa –
    O primeiro ensinamento para quem busca uma vida sexual prazerosa e feliz é entender que cada pessoa — seja homem ou mulher, em um relacionamento fechado longevo, em relações casuais ou em combinados não monogâmicos — tem o próprio parâmetro de saciedade no sexo, que não deve ser limitado por ninguém. A ginecologista e especialista em sexualidade e HPV Nathalie Raibolt explica que a satisfação sexual não tem um desenho específico. “Você pode ser extremamente satisfeito sexualmente com um parceiro ou uma parceira sem ter relações sexuais com penetração e orgasmo, por exemplo. Às vezes, práticas de afeto e de contato bastam”, conta. Da mesma forma, segundo a médica, podemos considerar uma pessoa sexualmente satisfeita a partir do prazer individual, sem necessariamente um companheiro ou uma companheira ao lado. Raibolt fala ainda que a ideia de satisfação vai mudando com o tempo. “Em determinadas fases, temos o desejo de estar com alguém. Em outros momentos, não há tanta vontade assim. Por isso, consideramos a satisfação como uma percepção do indivíduo. Quem diz se está satisfeita ou não é a própria pessoa”, salienta.

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    Busque conhecer o caminho do seu próprio prazer. Ter essa noção é elementar para evitar frustrações –
    Além de dar prazer, a masturbação é um meio fundamental de autoconhecimento sexual. Para Carolina Ambrogini, ginecologista, sexóloga, idealizadora do projeto Afrodite, do departamento de ginecologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e apresentadora do podcast “Preliminares”, uma vida sexual satisfatória passa pela estimulação erótica de órgãos genitais e pontos erógenos por meio da automanipulação direta. “A masturbação traz um grande aprendizado sobre a própria sexualidade, é quando você vai se descobrindo, percebendo se gosta de determinados toques. E é também um ótimo exercício para a construção de fantasias”, analisa. A doutora frisa que dar asas à imaginação é essencial. “A fantasia é muito importante porque o cérebro é quem comanda tudo e, principalmente para as mulheres, é um caminho para o desenvolvimento de repertório, já que nós, historicamente, crescemos sem tanto repertório, ao contrário dos homens.” Nem só quem está na solteirice se beneficia do ato de se masturbar. Essa estimulação corporal traz, de acordo com Nathalie Raibolt, desfechos positivos para as pessoas de forma geral. “Existe ali um processo de conhecimento do próprio corpo, de prazer com o próprio corpo, há uma sensação de bem-estar. A gente promove a saúde sexual também através da masturbação”, comenta. Conforme as especialistas, ter noção do que leva à excitação e ao orgasmo é elementar para evitar frustrações. A exploração do corpo para saber o que excita você e o que não excita é importante para que, na hora H com um date, expectativas de toques e movimentos não sejam criadas. Você já vai saber se aquilo é bom ou não. “Se você não conhece o caminho do seu próprio prazer, é difícil, porque você fica à mercê do parceiro e acaba acreditando que tem dificuldades de sentir prazer”, afirma Raibolt. “A dica é saber esse caminho, saber se comunicar, não ter medo de dizer não e não se preocupar com o que outro está vendo ou pensando. Isso porque uma das coisas que faz com que a gente não consiga se manter excitado ou com que a gente não consiga chegar ao prazer é a auto-observação”, finaliza.

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    O prazer não está só na genitália. Os encontros sexuais partem rapidamente para os órgãos genitais, o que acaba com outras estimulações –
    Quando falamos em masturbação, o vibrador é bastante lembrado, sobretudo hoje em dia, com tantos acessórios do tipo à disposição no mercado. Melhor amigo de muita gente solteira por aí — e também utensílio utilizado por casais querendo variar o sexo —, o vibrador é um ótimo recurso para a satisfação sexual e, ainda, para o autoconhecimento, por promover estímulos diferentes. Entretanto, a ginecologista Nathalie Raibolt faz uma ressalva sobre o uso da ferramenta: “O vibrador é importante no processo de masturbação, mas é preciso lembrar que o prazer não é direcionado só para a genitália”. Ela relata que hoje há uma crítica ao sexo muito genitalizado e fala que, normalmente, os roteiro dos encontros sexuais partem rapidamente para os órgãos genitais, o que acaba com outras estimulações. “Toda a nossa pele é sensível [orelhas, pescoço, ombros e pés são áreas erógenas, por exemplo] e pode responder a um estímulo no formato de excitação. Podemos ficar excitadas através de vários estímulos na pele que não são relacionados à genitália. Precisamos que o estímulo erótico seja suficiente para gerar excitação, e depois da excitação, há, inclusive, uma percepção de prazer melhor na própria genitália. Então, a gente desestimula que esse olhar para o sexo seja apenas para a genitália, para o orgasmo, e que ele englobe outros estímulos”, explana.

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    Aproveite essa fase para descobrir o que gosta, quais fantasias têm, qual pegada aprecia e o que o satisfaz –
    Se há poucos anos apenas os homens tinham uma variedade de entretenimento erótico disponível, como revistas com nus femininos e filmes pornográficos — a maioria machistas, aliás —, hoje o setor está mais moderninho, com conteúdos diversos e também voltados às mulheres. A sexóloga Carolina Ambrogini indica para as pessoas solteiras aproveitarem essa fase para descobrir o que gostam, quais fantasias têm, qual pegada apreciam e o que as satisfazem. “É legal experimentar e curtir a própria sexualidade”, reitera. Para criar um repertório, que auxilia na masturbação individual e nos dates da vida, Ambrogini recomenda podcasts e contos eróticos, pornôs feministas e o cardápio de séries provocantes da Netflix [“Desejo Obsessivo” e “Sex/Life” estão na lista]. Essas referências, diz, ajudam nos encontros eventuais a dois porque, de repente, se a coisa não está dando aquele match, você tem um material guardado para resgatar uma fantasia. “A imaginação ajuda muito.” A ginecologista ressalta, porém, que se a transa está ruim ou se você perceber que o outro está mais interessado somente no prazer dele, a dica é “cair fora”.

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    Comunique o que gosta e o que não gosta, mesmo que seja um sexo casual. Isso auxilia no relaxamento, segurança e satisfação –
    Não é demais lembrar que tesão nenhum no mundo deve se sobressair às mínimas medidas de segurança — como levar preservativo, ir a um local seguro, neutro, limpo, já ter conversado com a pessoa com quem vai sair e compartilhando, com amigos ou familiares, o endereço do encontro —, precauções que colaboram também para que você esteja confortável e relax para um sexo satisfatório. “Pode ter uma emoção, mas é necessário garantir um ambiente adequado para o relaxamento, porque o nosso corpo, para responder com excitação, precisa de uma circunstância de relativa segurança”, alerta Nathalie Raibolt. A médica menciona ainda que existe a impressão de que o sexo é fácil para os homens, mas eles acabam também sendo pressionados a desempenhar um papel incrível, o que os fazem se sentir inseguros na cama. “Por isso, eles devem se desprender um pouco dessa expectativa de um desempenho performático e sensacional. Esses critérios de performance que são vendidos, na verdade, nem todas as mulheres gostam”. Estabelecer uma comunicação com o parceiro ou a parceira casual é indispensável para criar uma conexão de intimidade e segurança, o que auxilia no relaxamento e, posteriormente, na satisfação. “Explique, fale das coisas que gosta, do que não gosta. Enfim, vá sentindo o outro, explorando o outro, entendendo qual é a pegada da pessoa e mostrando um pouco da sua. Crie ali uma via de comunicação, mesmo que vocês não se conheçam muito, porque, senão, principalmente as mulheres, acabam se sujeitando ao desejo do outro, o que pode levar a uma prática não muito boa, prazerosa para o outro e ruim para você”, aponta Carolina Ambrogini.