Como deixar a DR mais eficiente

Saia da defensiva: ouça sem a intenção de rebater –
Nenhuma discussão de relação será construtiva se o papo virar um duelo de argumentos, no qual se busca o vencedor e o derrotado. “Tire os escudos e escute o que o outro tem a dizer para compreendê-lo e não para responder à altura ou se defender. Lembre-se que o objetivo ali não é provar que seu ponto de vista é o mais justo, mas sim entender a divergência”, explica a psicóloga Lidia Rosenberg Aratangy, terapeuta de casais há 40 anos e autora de mais de 20 livros sobre relacionamentos. “Se mostre curioso em relação à reclamação da pessoa. Peça para que explique de outra forma, diga o que está sentindo. Afinal, por trás de toda queixa existe a falta de algo que pode estar ao seu alcance suprir”, completa.

Não use frases que estigmatizem seu interlocutor –
Colocações que desqualifiquem ou coloquem o outro dentro de rótulos minam qualquer possibilidade de conexão, afirma Lidia. “Evite usar na conversa frases em tom acusatório como ‘você sempre diz…’, ‘você nunca faz…’ ou ‘você sabe que você é…’. Ninguém é ‘sempre’ ou ‘nunca’ alguma coisa”. O psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, autor do podcast “Cartas de um Terapeuta”, também cita outra frase comum em DRs: “Desculpa, mas você também…”. “Quando alguém usa essa frase quer dar a impressão de estar reconhecendo um erro, mas na verdade está colocando a culpa no outro e fugindo da responsabilidade. É um falso pedido de desculpa.”

Jamais discuta em público –
Não é apenas casal que discute a relação. Lidar com um chefe, um familiar ou um amigo também envolve conflitos que devem ser colocados em pratos limpos. Seja qual for o caso, não faça isso na frente de outras pessoas do convívio. “A exposição pública de uma falha pode gerar culpa e vergonha, deteriorando ainda mais a relação”, pontua Alexandre. “Uma DR entre chefe e funcionário na frente da equipe fará com que aquelas duas pessoas nunca mais sejam vistas da mesma forma pelos colegas. Entra o julgamento alheio. O mesmo vale para um casal que discute na frente dos filhos”, completa. Escolher um lugar reservado para a conversa ou perguntar à pessoa onde ela se sentiria à vontade para falar de um assunto delicado é uma demonstração de cuidado. “Em um ambiente acolhedor, a pessoa se sentirá mais segura e desarmada”, diz o psicólogo.

Os ânimos começaram a se exaltar? Peça uma pausa –
Se a conversa começar ficar tensa e o tom ameaçar subir, talvez seja o caso de voltar ao papo em outro momento – ou pedir um intervalo. “Pretexto bom para dar um tempo na DR é o que não falta. Peça um instantinho para buscar um café ou preparar um chá para vocês. É uma gentileza que vai abrandar o clima”, indica Lidia.

Saliente o ponto em que você precisa ser atendido –
Sabe aquele pedaço da DR que é essencial que seja resolvido para você? Procure chamar a atenção do outro para ele, como se fosse um trecho de livro sublinhado. “Diga frases que atentem a pessoa para a sua necessidade. ‘Nós não podemos terminar de conversar sem que você saiba que é importante para mim que…’, é um jeito de enfatizar esse ponto. Dessa maneira, o outro vai ter um registro mais claro do que você não gostaria que se repetisse”, aconselha Alexandre.