Como beber com responsabilidade — Gama Revista
Vai pular Carnaval?
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Isabela Durão

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5 dicas

Como beber com responsabilidade

Consciência, moderação, descanso, boa alimentação e, principalmente, muita hidratação são a chave para quem vai beber durante o Carnaval, de acordo com especialistas consultados pela Gama

Ana Elisa Faria 11 de Fevereiro de 2024

Como beber com responsabilidade

Ana Elisa Faria 11 de Fevereiro de 2024
Isabela Durão

Consciência, moderação, descanso, boa alimentação e, principalmente, muita hidratação são a chave para quem vai beber durante o Carnaval, de acordo com especialistas consultados pela Gama

O Carnaval está aí e, com ele, os blocos, as escolas de samba, os bailes nos clubes, a folia, o calor, a dança e a alegria. E, para muitas pessoas, todo esse período festivo é acompanhado de bons drinques ou de uma — ou várias — cervejinha. No entanto, o momento, se não for vivido com responsabilidade, acaba se tornando propício para a desidratação e para o coma alcoólico, em casos mais extremos.

Para evitar problemas relacionados ao abuso do álcool nessa época, Gama ouviu especialistas em clínica geral, nutrição e fisiologia do exercício que deram dicas para um consumo moderado, com consciência e hidratação.

  • 1

    Beba uma garrafa de água por latinha de cerveja consumida –
    Já diz o hit carnavalesco “Água Mineral”, do grupo baiano Timbalada: “Bebeu água? Não! Tá com sede? Tô! Olha, olha, olha, olha a água mineral!”. Além do sentido metafórico, de hidratar o folião de alegria, a letra da música-chiclete tocada em trios e blocos desde 1997 é literal ao lembrar os carnavalescos de que beber água é importante. Essa simples ação é essencial para manter o organismo em pleno funcionamento todos os dias — em média, um adulto precisa ingerir diariamente 2 litros de água —, porém, é ainda mais indispensável em ocasiões como o Carnaval, em que as pessoas passam horas sob o sol, dançando, pulando, suando e, muitas vezes, com uma bebida alcoólica à mão. Combinação essa que pode levar à desidratação. Segundo profissionais ouvidos pela Gama, não existe uma recomendação exata da quantidade de ingestão de água durante o dia de farra, mas, sabemos, que a ingestão deve ser maior do que o habitual, já que há mais gasto metabólico em meio ao fervo. Portanto, para uma contenção de danos, o ideal é fazer um revezamento entre o drinque escolhido e a água. “Nós estimamos o quanto de água uma pessoa deve tomar por dia, mas o problema é que o álcool, por ser diurético, desidrata”, explica a nutricionista Cintia Silva, doutora em nutrição pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo (USP). Como cada um bebe doses diferentes, maiores ou menores, com mais ou menos teor alcoólico, não é possível calcular essa medida. A dica então, de acordo com Silva, é beber uma garrafa de água por latinha de cerveja consumida, por exemplo. Sara Mohrbacher, clínica geral do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, reforça a estratégia de “mesclar uma bebida alcoólica com uma bebida não alcoólica” e frisa que, mesmo assim, o consumo de álcool deve ser moderado. Especialista em fisiologia do exercício e genética do esporte do departamento de ortopedia e traumatologia da Unifesp, Paulo Correia fala que muita gente, querendo evitar idas ao banheiro químico na hora da folia, opta por não beber água. No entanto, conforme elucida, se o indivíduo ingerir álcool e não se hidratar, o organismo vai consumir a água que tem ali e que não está sendo reposta. “E esse ciclo é o grande vilão que pode causar fraqueza, dor de cabeça, sonolência, tontura, ou seja, os sintomas da desidratação, e até o coma alcoólico. Por isso, é necessário tomar água com muita frequência e em grande quantidade”, comenta. Ele lembra ainda que a água não deve ser ingerida de uma só vez, mas de pouco em pouco. “Não é interessante tomar um litro e meio de água de uma vez porque isso vai causar um grande desconforto, a pessoa vai passar mal.”

  • 2

    Isotônicos não devem substituir o consumo de água –
    Os especialistas consultados pela Gama são unânimes ao apontar a boa e velha água mineral como o líquido principal para a hidratação de quem vai brincar o Carnaval debaixo de sol, no calor, e com sua bebidinha na lata, na garrafa ou no copo Stanley, sensação deste verão. Entretanto, isotônicos, água de coco e sucos de fruta podem ser bons aliados no objetivo de manter o corpo hidratado, desde que utilizados intercaladamente com a água. No caso das bebidas isotônicas, cuja indicação primária é como pós-treino para a rápida recuperação muscular, a reposição de sais minerais e a hidratação de atletas e praticantes de atividades físicas de longa duração, o fisiologista do exercício Paulo Correia ressalta que a ingestão deve ser feita com bastante parcimônia e juntamente com a água. “Para cada volume de isotônico, você tem que tomar, no mínimo, o mesmo volume de água. Essa é a regra até para os atletas. Eles não tomam só água ou só isotônico, tomam um combinado. Então, se estiver muito quente e a pessoa estiver transpirando bastante e surgir a oportunidade de beber um isotônico em algum momento, ótimo. Mas a água jamais deve ser abandonada por conta do uso de isotônicos”, alerta.

  • 3

    Ao misturar bebidas, atenção ao teor alcoólico de cada uma delas –
    Não faz mal misturar bebidas, o grande perigo é a quantidade de álcool ingerida. É o ato de beber em demasia que leva à embriaguez e prejudica a saúde. Por essa razão, é fundamental atentar-se ao teor alcoólico do que se bebe. Cintia Silva menciona que cada drinque tem uma porcentagem de álcool. Entre as bebidas mais populares no Brasil, a cerveja é a que tem a menor graduação alcoólica, número que geralmente varia de 5% a 9%. Já o teor de álcool presente no vinho pode chegar a 14%, enquanto o do uísque atinge 35% e o da vodca é de 40%. “Aí, se você mistura, vai consumir muito mais álcool, o que será pior”, pondera a nutricionista. A bióloga e influenciadora digital Mari Krüger, em parceria com o perfil Nunca Vi 1 Cientista, da bióloga Ana Bonassa com a farmacêutica bioquímica Laura Marise, publicou recentemente um vídeo divertido e didático no Instagram abordando o tema. “Dentro do corpo tudo é álcool, o que importa, na verdade, é a quantidade que você está ingerindo e, claro, o teor alcoólico de cada bebida. Não interessa de qual bebida o álcool vem, passou pelo seu estômago, ele passa a ser só algumas moléculas de etanol“, diz a publicação. Cintia Silva também adverte sobre a frequente combinação de energéticos, que têm cafeína e são estimulantes, com bebidas alcoólicas, coquetel utilizado para dar uma “levantada” no folião para aguentar o ritmo intenso do Carnaval — ou em outros eventos festivos, como baladas e casamentos. “Há estudos sobre a segurança dos energéticos que relacionam o uso prolongado dessas bebidas ao aumento da probabilidade do desenvolvimento de transtornos mentais como depressão e ansiedade. É perigoso misturar álcool com bebidas energéticas”, cita.

  • 4

    Alimente-se. Estômago vazio amplia os efeitos negativos do álcool no corpo –
    Antes e depois do bloco, do trio elétrico, do baile no clube ou onde quer que seja a festa carnavalesca, o folião deve se alimentar bem porque o consumo de bebidas alcoólicas com o estômago vazio amplia os efeitos negativos do álcool no corpo. Para a pré-folia, Cintia Silva recomenda um café da manhã reforçado, focando os alimentos mais leves como as frutas com alto teor de água, a exemplo da melancia e do melão, e as que têm antioxidantes, como a laranja e a acerola. “Deve-se evitar frutas gordurosas que dificultam a digestão, tais como o açaí e o abacate”, fala. Para o menu pós-farra, Silva indica um jantar completo, com proteína e carboidrato, que pode ser um macarrão com vegetais ou até um hambúrguer. “As pessoas costumam achar que hambúrguer não vale como uma refeição, mas ele tem o carboidrato do pão, a proteína da carne e a salada. Então, para esse momento, pode ser uma opção boa. Antes de ir dormir, o ideal é optar por sucos de frutas, evitando bebidas com cafeína e refrigerantes”, lista. Durante a festança, dá para levar itens pequenos para um lanchinho, como frutas secas e bolachas. “Pela facilidade que a ocasião pede, precisa ser algum produto industrializado mesmo, que caiba no bolso, o que não é o mais recomendado, mas não tem grandes problemas comer por poucos dias também”, aconselha a doutora Sara Mohrbacher, do Hospital Alemão Oswaldo Cruz.

  • 5

    Pare de beber algumas horas antes de dormir para não ter o sono prejudicado –
    Nem só de farra e glitter se vive um Carnaval. Para aproveitar bem todos os eventos carnavalescos durante os quatro dias de folia — quatro é o número mínimo do feriado em si, mas tem o pré e o pós, para os mais animados —, os momentos de descanso e o sono revigorante são cruciais. “É importante ter uma boa noite de sono, principalmente entre um dia e outro, para dar um pouquinho de descanso ao nosso organismo”, pontua Sara Mohrbacher. A nutricionista Cintia Silvia completa dizendo que o consumo de álcool deve ser cessado algumas horas antes de dormir, pois “o álcool também prejudica o sono”.