7 iniciativas com IA que podem melhorar o mundo — Gama Revista
Quem tem medo da inteligência artificial?
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NASA via Wiki Commons

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Repertório

7 iniciativas com IA que podem melhorar o mundo

Geralmente vista como inimiga, iniciativas mostram que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta importante em áreas como saúde e preservação ambiental

Leonardo Neiva 17 de Setembro de 2023
NASA via Wiki Commons

7 iniciativas com IA que podem melhorar o mundo

Geralmente vista como inimiga, iniciativas mostram que a inteligência artificial pode ser uma ferramenta importante em áreas como saúde e preservação ambiental

Leonardo Neiva 17 de Setembro de 2023

Será que a Inteligência Artificial vai roubar nossos empregos? Em ferramentas como o ChatGPT ou o Midjourney, o que fazer com uma tecnologia que vem usando o trabalho de artistas e estudiosos sem permissão nem crédito? Sem contar a possibilidade de a IA perpetuar preconceitos estruturais simplesmente ao reproduzir conteúdos historicamente problemáticos, sem nenhum tipo de questionamento.

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Quem mapeia a Amazônia?

São muitas as acusações contra o uso crescente e indiscriminado da IA em diversos campos de conhecimento. A grande maioria delas fundamentadas em exemplos e acontecimentos reais, que sugerem que é preciso ficar de olho para evitar que a tecnologia avance sem que essas questões sejam colocadas em pauta. Mas se, para os contrários à sua utilização, a IA representa uma perda de espaço dos seres humanos na produção de conteúdo, para seus defensores, a tecnologia representa uma ferramenta poderosa que, junto com o conhecimento e habilidade tipicamente humanos, pode gerar avanços consideráveis em diferentes áreas.

E iniciativas positivas já vêm pipocando no mundo todo, incluindo aqui no Brasil. Seja na proteção à Amazônia, na preservação de línguas ameaçadas de extinção, na saúde ou mesmo na luta contra desastres naturais, alguns projetos vêm provando que a IA pode sim ser uma ferramenta poderosa para promover mudanças sociais importantes — desde que usada de forma consciente. A seguir, Gama reúne algumas dessas iniciativas com potencial para mudar o mundo.

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    Reprodução/C4AI

    IA para preservar línguas indígenas

    Estudiosos costumam ver com apreensão o definhamento e morte de línguas no mundo contemporâneo. Em grande parte porque se diz que, quando uma língua morre, uma cultura inteira acaba desaparecendo junto com ela. Até por conta dessa tendência é tão relevante o projeto recente encabeçado pela USP, por meio do Centro de Inteligência Artificial (C4AI), e pela IBM Research. Ainda em fase inicial, a ideia é usar a IA não apenas para preservar, mas também para documentar e fortalecer o uso de idiomas indígenas brasileiros. “No Brasil, a gente tem em torno de 200 línguas faladas hoje, e metade tem chance de desaparecer nos próximos 20 a 50 anos”, disse o vice-diretor do C4AI, Claudio Pinhanez, em entrevista ao site Mobile Time. Foi ele quem deu o pontapé inicial no projeto, a partir de um contato que tinha com a comunidade da Terra Indígena Tenonde Porã, na cidade de São Paulo. O objetivo é facilitar o registro e tradução online das línguas, além de incentivar seu uso com frequência entre os falantes nativos também no formato digital, impedindo que caiam aos poucos em desuso.

  • Tecnologia a serviço da saúde

    Praticamente desde os primórdios do desenvolvimento da IA como conhecemos hoje, a saúde sempre foi um dos setores com mais potencial para avanço e desenvolvimento a partir da tecnologia. E, nesse caso, as possibilidades são muitas. Um dos maiores potenciais é o uso da tecnologia para a análise de imagens dos pacientes e detecção de doenças. No mundo, já vêm sendo testadas tecnologias que fazem esse diagnóstico em apenas alguns minutos por meio de radiografias, identificando padrões de determinadas doenças como o câncer e prevendo com anos de antecedência até problemas a exemplo da demência. Tem também propostas como a da startup Comsentimento, que promete usar a IA para convocar pacientes para testes clínicos com muito mais eficiência e assertividade. A ideia, portanto, é garantir que novos e melhores remédios cheguem ao mercado com agilidade, aprimorando o atendimento de pacientes. Além disso, novas tecnologias como robôs cirúrgicos ou sensores e implantes para monitorar a saúde do paciente podem ganhar ainda mais precisão com o uso da IA.

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    Reprodução/Google Earth

    Iniciativas do Google reúnem novas tecnologias em prol da Amazônia

    A aplicação da IA e a preservação da Amazônia podem parecer dois mundos distantes, mas talvez não estejam tão longe assim. Ao menos é o que sugere a série de iniciativas anunciadas recentemente pelo Google que une justamente essas duas questões. Ferramentas como o Earth Timelapse, que passa a contar com imagens aéreas da região atualizadas até 2022, mostrando a evolução do desmatamento no local, ou o mecanismo presente na Busca e no Maps para alertar sobre desastres na região, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e o Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Avisos de incêndios e inundações contam com imagens de satélites detalhadas e em tempo real. E, para o futuro, a gigante da tecnologia prepara o projeto Digitais da Floresta, com tecnologias baseadas em IA e bioquímica para que autoridades e consumidores possam rastrear a origem da madeira vinda da Amazônia, identificando irregularidades com mais rapidez e precisão.

  • O terceiro setor mergulha de cabeça na IA

    Sempre em busca de novas formas de engajar o público em temas importantes, promover a justiça social e atrair doações, o terceiro setor já está de olhos abertos à importância de novas tecnologias para avançar na promoção de causas de impacto para a sociedade. E a IA vem entrando de cabeça nessa conta. A plataforma internacional AI 4 Good, por exemplo, convida usuários do mundo todo a pensar na tecnologia não como uma ferramenta comercial, mas como uma maneira de gerar impacto positivo e mudança social em áreas como o combate à fome e à desigualdade social. Seja na criação de cidades mais sustentáveis, na coordenação de esforços humanitários, na organização de projetos ecológicos ou na promoção do acesso à saúde, são várias as facetas que o projeto busca cobrir com o apoio da sociedade global. E uma boa notícia: aqui no Brasil já temos uma iniciativa nesses mesmos moldes. Desenvolvida pelo Instituto Ekloos, a plataforma Guia Social atende pessoas que trabalham com o terceiro setor, com a IA Kiara oferecendo sugestões e caminhos que ajudam organizações a coordenar seus trabalhos de forma mais eficiente e bem-sucedida.

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    Reprodução/Pinterest @prapretoler

    Um banco de imagens para representar emoções da população negra

    O racismo histórico e estrutural que permeia a sociedade fez com que imagens de pessoas negras fossem ocultadas ou esquecidas ao longo de séculos. Esse é um dos principais motivos da luta por representatividade em diversos pontos da cultura popular atual. Afinal, de uma princesa a um super-herói, figuras racialmente diversas permitem que populações negras se sintam incluídas e representadas em superproduções. Mas claro que isso está longe de ser suficiente. Pensando em criar fotos até hoje raras, que representem com mais exatidão sentimentos como a alegria, a angústia e a solidão do povo negro, as graduandas em psicologia Francinai Gomes e Bárbara Borges usaram IA para desenvolver um banco de imagens que mostre a população negra sentindo emoções diversas. Seja como alívio para o isolamento emocional ou uma ferramenta positiva para a saúde mental e a autoestima, a iniciativa pretende gerar reconhecimento e representação, construindo um degrau numa escada que ainda falta muito para finalizar.

  • Mais inteligência na busca por evitar mortes no trânsito

    Cerca de 40 mil pessoas morrem todos os anos vítimas do trânsito nas ruas e estradas do país, segundo dados do Ministério da Saúde. Agora, imagine como a IA pode ajudar a prevenir acidentes graves e até reduzir esses números significativivamente. A partir da análise histórica de dados sobre acidentes automobilísticos no Brasil, um projeto para prever essas ocorrências já vem sendo testado em três estados, de forma a ampliar ações de prevenção e atendimento nos locais onde a possibilidade de acidentes é maior, segundo reportagem do jornal O Globo. Além disso, algumas montadoras estão testando protótipos de sistemas capazes de reconhecer sinais de cansaço nos motoristas, alertando-os por meio de sinais sonoros, luminosos e mecanismos de vibração.  Outras possibilidades que surgiram a partir do uso de IA são veículos autônomos, novos sistemas de navegação com direção defensiva integrada e até o monitoramento através de drones, que possam detectar possíveis riscos e sinais de perigo em meio ao fluxo de automóveis. Todas ferramentas que, por meio da tecnologia, podem já num futuro próximo salvar vidas no trânsito do Brasil e do mundo.

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    Reprodução/MIT Technology Review

    IA na prevenção e resgate de vítimas de desastres naturais

    Numa época marcada por grandes desastres naturais como as recentes inundações no Rio Grande do Sul e o terremoto que acaba de deixar milhares de vítimas no Marrocos, a IA também pode ser uma aliada para identificar riscos com antecedência, avaliar os danos e até planejar estratégias de evacuação e resgate. Programas com esse objetivo criados por instituições norte-americanas inclusive já vêm sendo usados com sucesso em lugares atingidos por incidentes na Turquia e na Síria, de acordo com a publicação online MIT Technology Review. Para alcançar resultados mais eficazes, esses sistemas usam IA na análise de imagens aéreas das regiões atingidas por grandes catástrofes naturais. Um trabalho que poderia levar dias ou até semanas se realizado apenas por peritos de carne e osso agora costuma levar apenas horas ou até alguns minutos para ser concluído. Esses mecanismos, é claro, ainda não são perfeitos — a taxa de precisão fica em média entre 85% e 90%. Ainda assim, é bastante provável que essas tecnologias avancem nos próximos anos para alcançar resultados ainda mais impressionantes, lidando melhor com acontecimentos antes quase impossíveis de prever.