Livros e filmes sobre sentimentos nostálgicos
Uma seleção de obras que trazem aprendizados, dores, alegrias e muitas saudades
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“Saudade” só existe em português? Este texto da Gama mostra que não, apesar da lenda ter sido repetida durante séculos. Confira como outras línguas expressam esse sentimento universal.
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Originalmente, a nostalgia era descrita como uma condição médica relacionada à melancolia por estar longe de casa. O escritor Ngugi Wa Thiong’o viveu essa definição de um jeito peculiar, já que a sua terra natal foi completamente transformada pela colonização britânica. São essas memórias de infância e juventude que o autor traz em “Sonhos em Tempo de Guerra” (Biblioteca Azul, 2015). Reconhecido como uma das principais vozes da literatura africana contemporânea, ele nasceu em 1938, em uma região rural do Quênia, em uma família poligâmica com 23 irmãos, filhos de quatro mães e um pai. No livro, Thiong’o conta com sutileza as transformações sofridas devido à ocupação dos ingleses.
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“Os Vestígios do Dia” (Companhia das Letras, 2016) é um dos livros mais conhecidos do escritor nipo-britânico Kazuo Ishiguro, vencedor do Nobel de Literatura de 2017. A trama se passa em 1956 e nela acompanhamos o mordomo Stevens, um inglês que trabalha há três décadas na mansão do lorde Darlington, vendida para um milionário estadunidense após a morte do nobre. Incentivado pelo novo patrão, o narrador e protagonista sai de férias e vai ao encontro de Kenton, uma ex-colega. Durante a viagem, conta ao leitor as particularidades da sua vida dedicada ao trabalho, como as ligações de seu antigo empregador com o nazismo no período entre guerras e a rotina em Darlington Hall em sua época de ouro, quando recebia muitos visitantes. Apesar desse foco claro no lado profissional, ele deixa escapar os sentimentos reprimidos pela governanta Kenton, entre outros fatos íntimos. A obra virou filme em 1993, protagonizado por Anthony Hopkins e Emma Thompson.
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No aeroporto, uma mulher encontra o médico que cuidou de seu pai nos últimos dias de vida. Assim começa o passeio pelas memórias da escritora e psiquiatra Natalia Timerman em “As Pequenas Chances” (Todavia, 2023). Ela lembra que, com a proximidade do fim, cada momento se tornava definitivo: a última viagem, a última risada, a última ida ao teatro. A exemplo de autores como Annie Ernaux e Karl Ove Knausgard, a brasileira explora as raízes do amor e do luto nesta autoficção. Leia um trecho aqui na Gama.
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Quem nunca imaginou o que aconteceria se tivesse feito outra escolha? O filme “Vidas Passadas” (2023) explora essa melancolia com Nora (Greta Lee), uma mulher coreana que se mudou para os Estados Unidos na adolescência. Já adulta e casada, ela reencontra seu primeiro amor, Hae Sung (Teo Yoo), e se vê diante da chance de uma vida que poderia ter sido. O longa de estreia da dramaturga canadense-coreana Celine Song venceu o prêmio de melhor filme no Independent Spirit Awards, principal prêmio do cinema independente dos Estados Unidos. Disponível no Telecine.
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Obrigatório para os cinéfilos, “Cinema Paradiso” (1988) é uma homenagem nostálgica à Sétima Arte e foi vencedor do Oscar de melhor filme internacional. Dirigido por Giuseppe Tornatore, conta sobre a amizade de Toto (Salvatore Cascio), um garoto esperto e travesso que sonha com a volta do pai da guerra, e Alfredo (Philippe Noiret), projecionista do único cinema em uma pequena cidade da Sicília. Depois de adulto, quando se torna um cineasta de sucesso, Toto (Jacques Perrin) recebe a notícia do falecimento de Alfredo e relembra o vínculo com ele, que aconteceu entre rolos de filme e lições de vida. Disponível no Apple TV+.
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“Desde que a minha mãe morreu, eu choro no mercado H Mart.” Essa frase de abertura do livro “Aos Prantos no Mercado” (Fósforo, 2022) parece sintetizar o simbolismo da comida para a memória e identidade, como mostram os depoimentos desta edição. A autora e cantora de rock independente Michelle Zauner é filha de uma coreana com um americano e, crescendo nos Estados Unidos, sua mãe era o seu único elo com a cultura oriental. Após a perda da figura materna, ela se apega à culinária asiática, tentando lembrar as receitas com as quais sua mãe expressava amor. O livro explora a relação conflituosa entre as duas, o luto e a sensação de pertencimento. Leia um trecho aqui na Gama.
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Gigantes, bruxas, peixes gigantescos e outras figuras fantasiosas são frequentes nas histórias de Edward Bloom (Albert Finney), que ama contar sobre sua volta ao mundo. Os causos do protagonista de “Peixe Grande e Suas Histórias Maravilhosas” (2003) são fascinantes a todos, com exceção do seu filho William (Billy Crudup), que sente que não conhece o pai verdadeiramente. Com o pai no leito de morte, Will decide investigar a realidade por trás das narrativas mirabolantes. O filme é dirigido por Tim Burton e está disponível para aluguel ou compra no Prime Video e no Youtube.
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Uma ótima companhia para quando você sentir saudades de ser criança, “Conta Comigo” (1986) é baseado na obra mais pessoal de Stephen King +. No drama de Rob Reiner, um aclamado escritor relembra uma viagem de sua infância em que ele e três amigos partiram em busca do corpo de um menino desaparecido. Disponível na Netflix.
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Dirigido por Marcelo Gomes e Karim Aïnouz, “Viajo Porque Preciso, Volto Porque te Amo” (2010) acompanha José Renato, um geólogo enviado para uma região isolada do sertão nordestino para inspecionar fontes de água. Como o título adianta, a estrada não é fácil para o protagonista: ele se identifica com as paisagens por onde passa, enquanto vive uma solidão, tristeza e certa nostalgia pensando no relacionamento que deixou para trás. Disponível na Reserva Imovision.
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CAPA Bateu uma nostalgia?
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1Depoimento O melhor tempero é a nostalgia
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2Reportagem Pra que tantos remakes e continuações?
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3Podcast da semana Martha Nowill: puerpério e maternidade
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4Reportagem Como memórias de relações antigas moldam o amor do presente
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5Bloco de notas Livros e filmes sobre sentimentos nostálgicos