Nova Camisa da Seleção Brasileira
Polêmica nas redes sociais, nova camisa, nas versões amarela e azul, aposta na estampa de onça-pintada para simbolizar garra e afastar apropriação política
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O QUE É
Inspirado na onça-pintada, o novo modelo da tradicional camisa amarela da seleção brasileira – além, é claro, de sua alternativa em azul – traz poucas mudanças em relação ao uniforme que conhecemos, mas com uma polêmica exceção. Na versão principal, há manchas em amarelo-claro ao longo de toda a camisa, imitando o corpo do felino. Já no modelo azul, as pintas ficam nas mangas, num degradê que une o azul ao verde fosforescente da barra. Outra novidade é que agora a camisa é sustentável, 100% feita de poliéster reciclado de garrafas plásticas. Fora isso, permanece do lado esquerdo do peito o tradicional escudo da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) encimado pelas cinco estrelas, que representam as conquistas brasileiras na Copa do Mundo, e, do direito, o símbolo da Nike, patrocinadora oficial da seleção. Apresentada como uniforme oficial para a Copa do Qatar, que acontece entre novembro e dezembro deste ano, além do animal que é símbolo nacional, ela presta homenagem à garra da nação. O anúncio, no entanto, gerou polêmica nas redes sociais, com comparações à personagem Juma, de “Pantanal”, e críticas ao design arrojado – pela primeira vez na história do país, a peça traz detalhes baseados em animais. Outro debate surgiu quando se descobriu que o site da Nike proibia personalizar a camisa com palavras como Ogum ou Exu, mas permitia que se escrevesse Jesus Cristo, com usuários apontando discriminação religiosa. Depois das reclamações, o site passou a proibir qualquer tipo de nomenclatura religiosa ou política.
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QUEM FEZ
A resposta depende. Todo vestuário oficial da seleção brasileira vem sendo criado numa parceria entre a CBF, órgão máximo do futebol brasileiro, e a Nike, que é patrocinadora e fornecedora oficial da seleção desde 1996. Olhando para o passado, no entanto, a tradicional versão amarela do uniforme, com a camisa canarinho, foi criada pelo escritor e jornalista gaúcho Aldyr Schlee (1934-2018), que venceu em 1952 um concurso promovido pelo jornal carioca Correio da Manhã. Após o “Maracanazo”, vexame na final da Copa de 1950, em que o Brasil foi derrotado em casa pelo Uruguai, a CBD, então órgão máximo do futebol brasileiro, definiu a necessidade de trocar as cores do uniforme, que teriam dado azar à seleção.
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POR QUE É TÃO DESEJADA
Com o passar das décadas, e conforme o futebol foi se fundindo à identidade nacional, usar a camisa amarela deixou de ser só um sinal de apoio à seleção para se tornar uma verdadeira carta de apresentação do brasileiro onde quer que ele esteja. Vale lembrar também que a camisa também vem sendo buscada desde a década passada com um significado político. Ela acabou se tornando marca dos protestos contra a então presidente Dilma em 2015 – apropriação vista em parte com ironia, considerando os escândalos de corrupção que marcaram a própria CBF. Mais tarde, virou de vez adereço político, geralmente utilizado por apoiadores do presidente Bolsonaro – com opositores recentemente tentando reivindicar para si as cores verde e amarela. Até por isso a CBF tem feito do lançamento da nova amarelinha parte de uma campanha para despolitizar o uso do uniforme, uma tarefa difícil em ano de eleições mais uma vez polarizadas.
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VALE?
Para além das discussões estéticas – afinal, gostar ou não da nova peça de oncinha é pura questão de opinião –, a camisa da seleção brasileira já faz parte do imaginário e da identidade nacional. Até por isso boa parte do movimento contra sua apropriação política é no sentido de impedir que usá-la se torne sinônimo de apoiar um candidato. Em vez disso, ela voltaria a ser apenas uma demonstração divertida de identificação com o país e, por que não, seu futebol historicamente talentoso e vencedor. Por isso é até difícil dizer que não vale usar a camisa verde e amarela, já que ela dificilmente vai sair de moda algum dia.
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ONDE COMPRAR
No site oficial da Nike, tanto o modelo amarelo quanto o azul, masculino ou feminino, saem por R$ 349,99. Por lá, as opções de tamanho vão do PP ao GGGG. Por enquanto, essa é a principal opção, mas em breve a camisa também deve estar disponível para compra em diversos sites e lojas físicas. E os números mostram que a demanda está em alta. Independentemente das polêmicas, o modelo azul chegou a esgotar no site.