Ferro’s Bar: como surgiu o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil
Episódio conhecido como “Stonewall brasileiro” foi a primeira manifestação de mulheres lésbicas no país e deu origem à data
Um episódio que ficou conhecido como “Stonewall brasileiro” marca a celebração do Dia Nacional do Orgulho Lésbico no Brasil desde 1983. Na noite de 19 de agosto daquele ano ocorreria a primeira manifestação de mulheres lésbicas no país. O gatilho foi a expulsão de um grupo do Ferro’s Bar, ponto de encontro LGBTQI+ da noite paulistana na época, por distribuir um boletim ativista, cerca de um mês antes.
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“Elas podiam frequentar, gastar o dinheiro delas ali. Mas se manifestar — aí já era demais”, diz a antropóloga Regina Facchini, do Núcleo de Estudos de Gênero Pagu, da Unicamp. Foi a gota d’água em uma situação de invisibilidade que ocorria no movimento. Mesmo no Somos: Grupo de Afirmação Homossexual, primeiro do tipo a surgir no Brasil, as lésbicas não tinham igualdade com os gays.
Um desentendimento deu origem ao Galf: Grupo de Ação Lésbica Feminista, que, em 1981, lançou o ChanacomChana, primeira publicação ativista lésbica do país. E era no Ferro’s que elas a divulgavam. Com o episódio da expulsão, o Galf entrou em ação, organizou um protesto, chamou a imprensa e fez os donos do bar voltarem atrás e permitirem que as ativistas distribuíssem o folhetim ali. Daí a data ter sido escolhida para celebrar o Dia do Orgulho Lésbico no Brasil.
Também em agosto, no dia 29, é comemorado o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica. Essa outra data foi criada justamente para denunciar o apagamento histórico do L da sigla durante décadas de movimento LGBTQI+.
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