Já é dezembro? — Gama Revista
Bruna Martins @brunailustrada

Já é dezembro?

Entre o clima de festividades e a finalização dos projetos anuais de trabalho, o mês de dezembro exige mais cuidado com o psicológico ao avaliarmos o ano que passou

Andressa Algave e Manuela Stelzer 07 de Dezembro de 2021

Neste mês, quem ainda pode contar com um emprego e o décimo terceiro na conta bancária começa o correr para comprar os presentes de Natal. Também planeja a festa de Ano Novo com os amigos, enquanto procura uma data para marcar a confraternização de fim de ano do trabalho e da escola dos filhos. No meio da correria, a pilha de tarefas profissionais se acumula e a ansiedade cresce na mesma medida — tanto que o risco de uma crise de burnout é maior nesse período, como alertam os especialistas.

Excesso de trabalho e compromissos típicos das confraternizações de fim de ano são apenas uma variante do cálculo. Encerramentos de ciclos também carregam o valor da mudança e autocrítica, e quando dezembro bate à porta, imediatamente iniciam-se as reflexões sobre o que passou e as projeções para o que virá, como explica a psicóloga Márcia Marques. “Com isso podem surgir cobranças de ordem familiar, material e profissional, que pedem mudanças de postura mais internas, ou exigência de metas que não fomos capazes de alcançar.”

Para os ansiosos e apressados, que tendem a acreditar que o ano voou e eles não fizeram nada, ou que vai faltar tempo para resolver as últimas pendências, Gama conversou com especialistas para elencar boas práticas para evitar o surto de final de ano, e aproveitar as confraternizações sem tanta ansiedade.

Evite idealizar o que consegue fazer

O primeiro passo é ser sincero consigo mesmo: negociar metas reais e possíveis de serem alcançadas, tendo em vista o ritmo de trabalho, tempo disponível e os desejos. Dessa forma, é mais provável chegar ao fim do ano com maior quantidade de tarefas finalizadas do que objetivos pendentes. “Nossas formas de gerir sofrimento na atualidade estão muito precárias, e vão continuar assim enquanto não conseguirmos suportar as faltas como condição humana, e não como um defeito para ser sanado”, explica Ilana Katz.

Um bom jeito de seguir essa dica é se organizar, como o coordenador de mídias sociais Rodrigo Freitas. Já consciente da correria do fim do ano, o maranhense tenta sempre antecipar algumas tarefas, se apoia em plataformas de organização e alarmes no calendário do celular. “Precisa ter bastante organização, e fazer tudo com o máximo de antecedência possível.” Mas claro que, se mesmo com todo o planejamento ainda faltar tempo e sobrar ansiedade, é preciso saber a hora de parar: “Tenho passado por muitos picos de estresse. Às vezes tento ficar um pouco off, jogo o celular no modo avião para fazer uma refeição, descansar um pouquinho, ou você surta mesmo”.

Separe demandas próprias das alheias

Há uma diferença entre o que queremos e o que os outros esperam que façamos dentro do período de um ano. Muitas vezes, podemos nos frustrar não pela dificuldade de alcançar alguma meta pessoal, mas porque existem expectativas de outras pessoas em jogo. “Em geral, as pessoas respondem à demandas que não são delas. São demandas de outro, da empresa, de pessoas com quem se relacionam. A não capacidade de corresponder a essa expectativa é que muitas vezes causa esse transtorno de ansiedade”, conta o psicanalista Fábio Roesler.

Reavaliações a todo tempo — não só no fim do ano

Finais de ciclo tendem a carregar o peso da autoavaliação e autocrítica, mas não devem ser o único momento em que realizamos tal reflexão. “O final do ano tem todo o valor que atribuímos à mudança, de ser um marco, gerar novas possibilidades”, explica Márcia Marques. Ao que Yuri Busin complementa: “Temos essa cultura de olhar para o ano que chega e querer mudar a vida inteira porque o mês de janeiro carrega essa característica da mudança. Mas é necessário fazer as reavaliações diariamente. O que vai nos tornar melhores é a constância, e não necessariamente uma mudança abrupta”. Assim, indica dividir o processo de autoavaliação no fim do ano em duas etapas: uma reservada apenas para pensar sobre as conquistas, e outra para o que ainda precisa ser melhorado. “Para que seja possível valorizar as conquistas, sem anular o que faltou, porque é uma tendência muito grande olhar apenas o lado negativo.”

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