Fotografias solidárias — Gama Revista

Sociedade

Fotografias solidárias

©Hick_Duarte

Novo projeto reúne 150 fotógrafos e seus trabalhos autorais com o objetivo de arrecadar verba para ações sociais paulistanas em tempos de coronavírus

Manuela Stelzer 25 de Abril de 2020

Inspirado em uma iniciativa italiana, o projeto 150 Fotos para SP comercializa, com tiragem ilimitada, imagens autorais de fotógrafos e reverte o dinheiro arrecadado para dois projetos sociais paulistanos, ambos envolvidos em ações de apoio a comunidades vulneráveis durante a crise gerada pelo novo coronavírus. Além desse, outros projetos de fotografia ganharam vida em apoio a diferentes causas, ainda que a premissa geral seja dar assistência a grupos afetados pela pandemia. No caso do 150 Fotos para SP, as vendas das imagens vão ocorrer até dia 5 de maio.

O exemplo italiano, 100 Fotografi Per Bergamo, arrecadou mais de 700 mil euros convertidos em material hospitalar, e encantou Rafael Jacinto, que participou da iniciativa em Bergamo. Animado com a repercussão, quis tentar a sorte em terras brasileiras e, ao lado de outros fotógrafos, colocou a ideia em prática. Mantiveram o pé no chão, mas não deixaram de sonhar. “A gente entende que são realidades diferentes. Aqui, temos nossas limitações. Mas é incrível ver como a arte mobiliza”, conta Ana Beatriz Costa, uma das idealizadoras. A seguir, fotógrafos contam um pouco das imagens escolhidas para participar do projeto.

Entre as 150 fotografias doadas para o projeto, cada uma carrega um contexto e uma história. Autumn Sonnichsen, uma das artistas, escolheu qual foto doaria por instinto. “Queria mandar uma foto que tivesse todos os elementos que mais amo em São Paulo: a paisagem urbana, uma amiga talentosa, Niemeyer, e a luz da janela que tanto amo”. Moradora do centro da cidade, de um prédio assinado pelo arquiteto brasileiro, o edifício Eiffel, Sonnichsen tem toda uma série de imagens de pessoas fotografadas na janela de sua casa. E a escolhida é justamente uma das que mais carrega sentimento, retrato de sua amiga e bailarina Camila Ribeiro.


Hick Duarte escolheu doar a imagem que mais lhe evocava saudade. Em viagem ao Rio de Janeiro, em 2014 e com a Polaroid à tiracolo, viu um grupo de crianças brincando com as ondas, os cabelos pintados de laranja intenso, num contraste de cores de uma tarde carioca. “Uma cena linda de liberdade”, que é exatamente o que Hick parece sentir mais falta durante o isolamento – além do mar, é claro.


Entre 2008 e 2009, durante as filmagens de seu documentário “Pixo“, sobre as origens da pichação, o fotógrafo João Wainer conheceu William. Além de pichador, o menino também era surfista de trem, e supreendia a todos com sua história. Então, para o projeto 150 Fotos para SP, ficou fácil escolher qual doar. “O William era analfabeto, não sabia ler letra de forma normal. Mas sabia ler letra de pichação. Eu gosto bastante dessa foto”, conta.


Na imagem escolhida por Nicole Heiniger, a textura e a abstração levam o olhar para os detalhes da fotografia. “Eu acho que ela tem um certo mistério e, ao mesmo tempo, uma força. Preferi escolher algo que nos desse um respiro, nos fizesse parar e observar algo muito simples”, afirma.


“Essa imagem me pareceu fazer bastante sentido na situação pela qual estamos passando tanto no Brasil quanto no mundo”, afirma André Penteado, cujo trabalho busca focar na complexidade do passado e, consequentemente, discutido presente. A fotografia é de uma escultura esculpida em mármore de D. Pedro I, que fica no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro.

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