@doechii
Autoproclamada “princesa do pântano”, Doechii é considerada uma revelação de 2024 e tem quebrado a internet com performances icônicas como a do Tiny Desk e a do Late Show
Acompanhada da banda, incluindo saxofone e trompete, e de backing vocals, a rapper norte-americana Doechii entregou um show completo no Tiny Desk da última sexta-feira (6). Para a ocasião, a artista preparou versões em jazz de canções da recente mixtape “Alligator Bites Never Heal”, como “Boom Bap,” “Denial Is A River,” “Catfish,” e “Nissan Altima”.
Estética, teatralidade e humor estão entre os pontos fortes de Doechii, além da música. Na apresentação, ela e as backing vocals realmente interpretam as canções. No figurino, usam looks que remetem ao estilo colegial vintage e os mesmos acessórios e penteados (tranças cornrows).
Ainda mais hipnotizante, a performance no programa The Late Show contou com um cabelo que conectava a rapper a outras duas artistas.
Nas redes, ela compartilhou os bastidores do espetáculo e agradeceu os profissionais envolvidos. ”Esta é a minha primeira performance autocoreografada e uma das coisas mais importantes que queria destacar é a minha ligação com as mulheres negras pelo hip-hop. Com a ajuda do artista de cabelo @malcolm.marquez, conseguimos fazer essa performance de arte simbólica ganhar vida em apenas uma curta semana.”
Criar uma obra artística memorável em um pequeno prazo não é uma novidade para Doechii. A mixtape “Alligator Bites Never Heal”, indicada ao Grammy de melhor álbum, foi lançada no final de agosto após apenas um mês de produção.
As faixas do novo álbum, cujo título pode ser traduzido como “Mordidas de jacaré nunca se curam”, simbolizam o renascimento e a resistência de Doechii diante das adversidades na vida e na carreira, comparando suas lutas pessoais — que envolvem problemas como drogas, traição de um ex-namorado e conflitos com a gravadora — ao instinto de sobrevivência em um ataque de jacaré. Conhecida por sua autoconfiança, a rapper já define a produção como um clássico do hip-hop.
Ela está em turnê mundial com o álbum e iria passar pelo Brasil no festival AFROPUNK Experience São Paulo, na próxima semana, mas cancelou a participação por motivos pessoais. Agora, resta aos fãs brasileiros conferirem os minidocumentários dos shows publicados por ela e esperarem futuras aparições.
A cantora tem uma relação mais íntima com os fãs no TikTok, onde compartilha memes e vídeos divertidos — como uma dança no banheiro, sua catwalk em uma rua de Londres ou a tentativa de falar alemão. Quando Kendrick Lamar disse que Doechii era a rapper mais durona da cena, foi assim que ela se sentiu:
@iamdoechii_
Quem entra no perfil da artista pela primeira vez, pode se perguntar por que ela se nomeia Swamp Princess (princesa do pântano). Em entrevista, ela já explicou que tem a ver com as suas origens na Flórida: “É uma maneira fofa de dizer que sou de Tampa. Para mim, Miami é mais cidade, enquanto Tampa é mais simples, como ‘trailer trash’. E ninguém explora a estética do pântano, então pensei: esse é o caminho perfeito para eu dominar”.
Hoje ela vive em Los Angeles, mas sua trajetória musical começou na Flórida natal: compôs suas primeiras músicas durante o ensino médio em um programa de arte. Em novembro, ela visitou a escola onde estudou e conversou com os alunos.
Seu primeiro lançamento foi feito de forma independente no SoundCloud, em 2016. Anos depois, com o lançamento do EP “Oh the Places You’ll Go” (2020), ela passou a ganhar notoriedade na indústria. No ano passado, viveu uma onda de sucesso com os hits “Persuasive” e “What It Is”. Neste ano, tem recebido mais reconhecimento, sendo premiada como “Disruptiva do hip-hop” pela Variety:
Ela está em uma faixa do novo álbum de Tyler The Creator, “Chromakopia. Também fez parceria com a cantora Katy Perry, o que parece ter rendido uma amizade entre as duas:
Parte das músicas de Doetchii foram escritas nas “Swamp Sessions”, sessões de uma hora em que ela se propunha a compor uma letra. “O que eu conseguir em uma hora é o que será postado!”, conta. O segredo para tanta criatividade pode estar na leveza com que encara o ofício: “Tenho que ser capaz de ser eu mesma e de viver os momentos. Eu tenho um desejo pela vida, a arte é o que eu faço. Não posso fazer arte se eu não viver”, relata no vídeo abaixo.