O que é comida funcional? Entenda a dieta funcional — Gama Revista
Isabela Durão

O que é comida funcional?

Entenda o que são os alimentos funcionais e por que algumas pessoas os priorizam na dieta

Mariana Payno 09 de Fevereiro de 2021

Se a sua timeline inclui atletas amadores, influenciadores fitness ou aquele amigo que não deixa passar uma dieta da moda, provavelmente a hashtag #comidafuncional já apareceu no seu feed. Embora o conceito não seja exatamente novo — remonta lá aos anos 1980 —, o apreço de muita gente por uma rotina mais saudável durante a quarentena ajudou a popularizar esse léxico entre os adeptos de dietas e afins.

Já em julho do ano passado, uma pesquisa do Instituto Qualibest em parceria com a empresa de consultoria Galunion indicava que a tendência a manter uma alimentação baseada em “comida saudável e dietas funcionais”, mesmo depois da pandemia, era a mais alta entre os entrevistados: 74% deles acreditam que o hábito veio para ficar. O estudo vai ao encontro de outro, realizado pelo conglomerado Archer Daniels Midland, que identificou o apelo a “nutrir o corpo e a mente” com alimentos naturalmente providos de ingredientes funcionais e bons para a saúde como a principal onda mundial de alimentação para 2021.

Alimento funcional é aquele que, além de características nutricionais básicas oferece outros benefícios para a saúde

No Brasil, a mania já tinha chegado pouco antes: produtos funcionais e com benefícios à saúde física, cardiovascular e gastrointestinal estavam entre os mais valorizados pelos consumidores segundo o relatório Brasil Food Trends 2020. As pesquisas, no entanto, não são tão esclarecedoras — afinal, o que tudo isso quer dizer? Que alimentos são esses ditos funcionais e que milagres operam no nosso corpo para angariar tantos fãs?

O que é comida funcional

A pesquisa do Qualibest cita no bolo das dietas funcionais aquelas sem glúten, sem lactose e com alta quantidade de proteína. Mas, na verdade, não é bem assim. “Alimento funcional é aquele que, além de características nutricionais básicas — quer dizer, a oferta de carboidratos, lipídios e proteínas, oferece outros benefícios para a saúde, seja por meio de fitoquímicos, micronutrientes ou outras propriedades”, explica a nutricionista Ciça Carvalho.

Ainda complicado? Vamos à vida prática: a soja é um alimento funcional, porque pode ajudar na redução dos níveis de colesterol, assim como peixes com ácidos graxos e ômega-3 (sardinha, salmão, atum); já castanhas e azeite de oliva estimulam o sistema imunológico e têm ação anti-inflamatória; a uva roxa e o vinho tinto são antioxidantes e podem até prevenir certos tipos de câncer; e assim por diante. Basicamente, tudo que provoca algum efeito positivo no organismo cabe nesse guarda-chuva.

E não são só as comidas de origem natural que podem ganhar o selo. Alimentos fortificados ou enriquecidos com determinadas substâncias e nutrientes — bebidas à base de whey protein, a proteína do soro do leite, por exemplo — também entram para a lista se seguirem determinados critérios, como a comprovação da eficácia por estudos científicos. O Japão foi pioneiro ao regulamentar esse conceito nos anos 1980; no Brasil, a aprovação nesses casos é feita pela Anvisa desde 1999.

Mas e a dieta funcional?

Com uma listinha de alimentos funcionais em mãos, basta incluí-los na dieta para desfrutar de suas vantagens, certo? Errado. O consumo desses ingredientes faz, sim, bem para o corpo e deve ser rotineiro, mas para surtir os efeitos desejados a famigerada dieta funcional deve ser pensada individualmente para cada caso e acompanhada por um profissional especializado na área. “Há uma relação muito individual com o que cada pessoa realmente precisa. É um tipo de dieta que utiliza as propriedades dos alimentos em benefício de situações e comorbidades que o paciente tem” diz Fellipe Savioli, nutrólogo e médico do esporte que segue essa linha em seu consultório.

É um tipo de dieta que utiliza as propriedades dos alimentos em benefício de situações e comorbidades que o paciente tem

Apesar da existência de estudos sobre os efeitos da alimentação funcional em relação a doenças como o câncer, a diabetes, a hipertensão, o mal de Alzheimer e distúrbios cardiovasculares, a prática não pode ser considerada um “remédio”. Porém, a dieta pode ser preventiva ou amenizar questões de saúde já existentes. “Se há na família um histórico de infarto, posso consumir alimentos que contêm resveratrol, como uva ou vinho tinto com moderação, para evitar, de certa forma, que eu venha a desenvolver o problema”, afirma Savioli. “Você muitas vezes acaba evitando a evolução de doenças ou consegue melhoras no tratamento com um reforço na alimentação para ajudar na medicação.”

Além disso, atletas podem se valer de algumas substâncias, como os nitratos, para aumentar o rendimento dos exercícios e, sim, a dieta funcional também serve para o emagrecimento — não à toa, ela se tornou queridinha na bolha fitness. Entretanto, o hábito não necessariamente tem a ver com comportamentos restritivos como a redução de glúten e lactose e, muito menos, com os tão populares “detox”.“Dizer que um alimento é funcional não depende só de ele ser baixo em calorias, mas sim de ele ter outras propriedades e de em quais quantidades a gente tem esses benefícios”, observa Carvalho.

O golpe de marketing

O problema é que, ao se tornar protagonista de uma dieta da moda, a #comidafuncional foi vítima de um marketing meio deturpador, com a promessa de shots milagrosos e rápida perda de peso. O mercado, claro, se apropriou do interesse popular: se você for a uma unidade da rede Pão de Açúcar, por exemplo, vai encontrar uma prateleira só de alimentos funcionais, entre aquela que abriga os orgânicos e a outra onde habitam os produtos sem glúten, sem lactose e sem açúcar, no batizado de “espaço saudável”.

Ao se tornar protagonista de uma dieta da moda, a #comidafuncional foi vítima de um marketing meio deturpador

Seguir a febre sem acompanhamento, no entanto, pode ser um tiro que sai pela culatra. A preocupação excessiva com os nutrientes consumidos e os supostos ganhos que eles trazem pode virar uma obsessão preocupante, e se impor restrições mirabolantes gera frustração. “Sem dúvida há um apelo do marketing que é equivocado e, às vezes, essas dietas acabam sendo muito pouco práticas”, avalia Carvalho.

Em resumo, a alimentação funcional pode, sim, trazer inúmeros benefícios ao organismo se os ingredientes e as quantidades forem adequadamente dosados e aliados a uma rotina de equilíbrio e variedade. Quando se trata de reeducar os hábitos alimentares, a conclusão é sempre a mesma: se você acha que a dieta funcional vai salvar a sua vida, procure um profissional expert no assunto para te ajudar na transformação.

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