Relógio cuco
De origem alemã, ganhou o mundo no século 19 e hoje conta com versões personalizadas, modernas e minimalistas
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O que é
Cuco-cuco-cuco! Objeto mais conhecido que o próprio pássaro que lhe dá nome é o relógio cuco. Em formato de casinha – originalmente, de madeira – o utensílio doméstico conta com um relógio tradicional na parte interna e, sobre os ponteiros, uma portinhola abriga a miniatura do pássaro feita do mesmo material. Usualmente de parede, a peça artesanal costuma ser entalhada com motivos da natureza ou elementos que representam cenários específicos. Funciona como um relógio de pêndulo, fazendo ressoar o típico tic-tac pelo ambiente a cada segundo. Só que no cuco, o pássaro característico deixa a casinha para avisar os passantes que a hora cheia chegou – o número de “cu-cos”, e do abrir e fechar da pequena porta correspondem à hora anunciada. A cada meia hora, o bicho sai e volta para o interior apenas uma vez, mexendo as asas, cabeça e bico, numa reverência. Na parte de baixo, uma ou mais correntes se estendem para dar corda, diária ou semanalmente, bastando puxar delicadamente a parte livre para que o peso em formato de pinha do outro lado volte a subir. Quanto mais corda, melhor, pois, sem o acionamento manual, nem relógio nem cuco funcionam.
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Quem faz
Em 1750, quando as regiões mais frias da Alemanha, como a Floresta Negra, já eram referência na produção de relógios desde o século anterior, o artesão Franz Anton Ketterer, de Schoenwald, decidiu adaptar dois foles ao tradicional modelo de parede. A intenção era dar som à pontualidade que os objetos pretendiam marcar. A semelhança do barulho com o canto da espécie migratória cuco-canoro fez com que o relógio “ganhasse” o pássaro e adquirisse seu nome. O maior cuco do mundo, inclusive, fica em seu local de criação e tradição. Apesar do relato oficial, há diversas referências ao embrião do relógio cuco no decorrer da história. Lembrança típica da sua nação de origem (onde é chamado de kuckucksuhr), cem anos mais tarde, o relógio cuco passaria a ser exportado e, posteriormente, até mesmo fabricado em outros países, mantendo a tecnologia alemã. O relógio cuco não parou mesmo no tempo e, além de ser produzido com outros materiais, poder ser movido a pilha ou bateria, e contar com novos recursos mecânicos e sonoros, versões mais atuais do clássico trazem figuras diferentes no entra e sai da casinha, como personagens de desenhos infantis e até passarinhos personalizados para anunciar eventos.
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Por que é tão desejado
Assim como a ave migratória que lhe dá o nome, o relógio cuco alemão atravessou oceanos – e séculos –, e segue sendo objeto de desejo de colecionadores e apaixonados por decoração no mundo todo (isso sem falar nos fãs que criam apreço pelo utensílio quando é herança de família). De importante reconhecimento histórico, a valorização das peças de mais alta qualidade passa pela perpetuação de um ofício secular artesanal que tem profunda relação com a natureza – representada no canto do pássaro, no carvalho, nas figuras entalhadas nas casinhas. Ainda assim, a procura por esses objetos vai desde as opções mais populares (de plástico), passando pelos artefatos elegantes e rústicos (para a vida toda), até chegar a relógios mais modernos e despojados (e muitas vezes artísticos). Esse artefato autêntico e emblemático, que normalmente ocupa espaços de uso comum nas casas – sala de estar ou de jantar, corredor e hall –, ainda tem o privilégio de marcar o tempo de maneira bastante única, o que desperta a atenção dos compradores.
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Vale?
Depender do cuco tradicional, nos dias de hoje, pode ser uma grande perda de tempo, com o perdão do trocadilho. Isso porque é preciso “dar corda” no relógio para que ele funcione, o que pode fazer com que, em vez de pontualidade, as pessoas obtenham um belo atraso, caso esqueçam ou não possam manter a regularidade. Em tempos de computador, celular e assistente virtual, cuco para quê? Só se o motivo for mesmo estético ou afetivo. Aí vale!
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Como comprar
Apesar de pertencer ao imaginário da maioria das pessoas – ao menos até os millennials –, não é tão comum assim se deparar com um relógio cuco por aí. Exceto por cenas de filmes infantis e produções históricas, ou letras de música como a marchinha de Haroldo Lobo e Milton de Oliveira, na vida real, os relógios cuco estão mais presentes em casas de colecionadores e museus do que em qualquer outro espaço. Seus preços variam de R$ 28 – dos mais simples, movidos a bateria e encontrados em lojas de presentes e decoração – a mais de R$ 40 mil, para opções megaexclusivas, produzidas na Floresta Negra, disponíveis para compra online. Para quem adora a mistura entre tradição e inovação, vale conhecer a cuckoo-collection, com três modelos minimalistas e divertidos, assinada recentemente pelo arquiteto Oki Sato, do escritório Nendo para a Lemnos – empresa japonesa focada no design de relógios.