Se você não quiser, eu quero — um brechó de cozinha
Site aposta na sustentabilidade e reúne apetrechos de chefs como Helena Rizzo, Carla Pernambuco e Morena Leite, acessórios culinários feitos com material reciclado e objetos de uso e reúso
Imagina o tanto de utensílios de cozinha que uma jornalista de gastronomia acumula ao longo de duas décadas na área. Patrícia Ferraz, que tem passagem pela Gula e foi editora do Paladar, do jornal O Estado de S.Paulo, tinha uma casa cheia. Depois de ler textos sobre sustentabilidade e o crescimento dos brechós — os já clássicos de moda e os de decoração –, teve um estalo: e o de culinária, onde está? Bem, apareceu na cabeça dela e agora está no site Se Você Não Quiser Eu Quero.
Patrícia correu para a cozinha e começou a encontrar coisas incríveis que foram utilizadas apenas uma ou duas vezes e que já acumulavam quase meia década na prateleira, entre eles um defumador e uma centrífuga, aparelhos bem específicos que não são necessariamente fáceis de comprar nem baratinhos. “Não faz sentido deixar essas coisas paradas recebendo uma camada de poeira. É preciso dar vida nova ao que se tem e não se utiliza, ser mais sustentável”, afirma.
Graças à sua lista de contatos bem recheada, o brechó online tem uma seção para objetos vindo da casa de profissionais, a desapego de chef. Entre os desapegados estão Helena Rizzo, do Maní, que disponibilizou forminhas em forma de Mickey; Fellipe Zanuto, do Hospedaria, que pôs à venda aeropress e jarrinhas de vinho Bormioli; Carla Pernambuco, do Carlota, que separou aventais desenhados por ela mesma. Há ainda cerâmicas do Atelier Muriqui, e nos próximos dias devem entrar as célebres e desejadas panelas Le Creuset e outros utensílios da chef Morena Leite, do Capim Santo. Há achados como uma bolsa para facas e uma espátula que também é termômetro.
Mais legal do que ter coisas de restaurantes premiados é de ter da casa dos chefs, que compraram para cozinhar fora do trabalho, para a família
“Mais legal do que ter coisas de restaurantes premiados é de ter da casa dos chefs, que compraram para cozinhar fora do trabalho, para a família”, afirma Patrícia.
Há também um sebo, com livros de receitas, sobre a história da gastronomia e sobre bebidas; uma seção dedicada ao upcycling, com panos de cozinha bordados com frases célebres de Michael Pollan (como “Não coma nada que sua avó não reconhecesse como comida”) com linha reciclada; e a use e reuse, com paninhos de cera de abelha e cestaria em palha.
“A gente está levando a sério a sustentabilidade, tem tudo a ver com o momento em que vivemos para o planeta e na pandemia também. Tentamos ao máximo não usar plástico”, afirma Patrícia. Exemplo disso são as as embalagens usadas para o transporte, que vieram do delivery de restaurantes e receberam um novo tratamento, com pintura manual. Na caixa redonda lê-se: “Já levei pizza, agora entrego livro”.
Em uma semana de vida, o brechó de cozinha online já está renovando o estoque e deve iniciar em breve uma seção de classificados, tudo seguindo a mesma lógica de curadoria. “Os anúncios, como tudo o que entra no brechó, é bem focado para o público que gosta de comida e bebida”, finaliza Patrícia.