Dez filmes para assistir na 44ª Mostra de Cinema de São Paulo
Os destaques incluem um documentário sobre o lockdown em Wuhan, a cinebiografia de Stanley Kubrick e os filmes de diretores brasileiros estreantes
A indústria cinematográfica é uma das que mais sofreu com a pandemia do coronavírus. Salas fechadas, gravações interrompidas e filmes adiados são o novo normal do setor. Os grandes festivais de cinema encontraram no streaming uma possível solução, optando por realizar grande parte das sessões no espaço digital. Foi assim em Tribeca, em Toronto e também será em São Paulo.
A Mostra Internacional de Cinema de São Paulo realiza sua 44º edição de maneira online, entre os dias 22 de outubro e 4 de novembro. Serão 198 filmes, de 71 países, disponíveis na plataforma de streaming Mostra Play. Em escala menor, a Mostra também acontecerá no formato Drive-in, nos cinemas Belas Artes Drive-In e CineSesc Drive-in.
Os ingressos custam R$ 6 e estarão disponíveis no site da Mostra, a partir do dia 22. No streaming, não há horários específicos para as sessões mas os filmes só poderão ser assistidos em um espaço de três dias. A partir do momento em que o filme começar, são apenas 24 horas para terminá-lo.
Tal qual uma sala de cinema, uma quantidade limitada de ingressos serão disponibilizados para cada longa. Assim, se você deseja assistir a alguns dos longas, o ideal é garantir o ingresso rápido. O número de ingressos disponíveis variam de sessão para sessão e podem ser conferidos na MostraPlay. Só é possível comprar um filme por vez.
Além dos longas disponíveis, o evento também contará com cursos, seminários e lives. Dentre esses, o destaque vai para o curso online “A História do Cinema segundo Ruy Guerra”.
Seja você um frequentador de longa data da Mostra ou se é a sua primeira vez, Gama selecionou dez filmes essenciais para quem quer matar a saudade da sétima arte.
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Divulgação / Mostra CORONATION
de Ai Weiwei
Quando Wuhan, na China, teve lockdown decretado, pouco se sabia sobre o coronavírus. Meses depois o mundo inteiro assiste, pelas lentes do artista e ativista chinês Ai Weiwei, como foram os primeiros momentos da pandemia que mudou o mundo. Weiwei, que mora na Europa, orientou remotamente diversos colaboradores que filmaram o documentário com pequenas câmeras portáteis. Com cenas inéditas, o longa demonstra o esforço monumental que a China realizou para manter seus cidadãos seguros — e qual foi o custo humano de tais ações.
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Divulgação / Mostra NÃO HÁ MAL ALGUM
de Mohammad Rasoulof
Vencedor do Urso de Ouro no último Festival de Berlim, “Não Há Mal Algum” investiga a ética e a moralidade da pena de morte em um regime autoritário. Crítico do governo iraniano, o cineasta Mohammad Rasoulof driblou a proibição imposta pelo Estado e filmou o longa em segredo. A trama acompanha quatro histórias entrelaçadas a um destino trágico e questionar a ideia de liberdade em um país autoritário.
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Divulgação / Mostra NADANDO ATÉ O MAR SE TORNAR AZUL
de Jia Zhangke
Responsável pelo pôster desta edição da Mostra, o cineasta chinês Jia Zhangke se aventura no gênero documental e revisita a província de Shanxi, região em que nasceu, para retratar um festival literário que acontece todo ano. Entrevistando escritores de diferentes idades, o documentário “Nadando Até o Mar se Tornar Azul” traça um paralelo entre a China pré e pós-revolução de 1949, evidenciando o conflito entre tradição e modernidade e devolvendo o protagonismo a uma China rural.
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Divulgação / Mostra CASA DE ANTIGUIDADES
de João Paulo Miranda Maria
Com Antônio Pitanga no elenco, o filme “Casa de Antiguidades” trata de identidade e racismo no Brasil. A trama acompanha um homem negro — já idoso — que vai para o Sul do país em busca de trabalho. Lá, o personagem interpretado por Pitanga encontra um emprego em uma fictícia comunidade austríaca extremamente preconceituosa. Sozinho, o velho Cristovam procura conforto em uma estranha casa repleta de misteriosos objetos que remetem às suas origens. Selecionado para o Festival de Cannes de 2020, o filme marca a estreia do diretor paulista João Paulo Miranda Maria em longas metragens.
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Divulgação / Mostra MÃES DE VERDADE
de Naomi Kawase
Depois de inúmeras tentativas frustradas de engravidar, uma família japonesa decide adotar uma criança. Anos se passam e tudo parece estar bem quando um telefonema muda a vida de todos envolvidos. Do outro lado do telefone, ouve-se: “Eu quero o meu filho de volta.” Baseado no livro de Mizuki Tsujimura, “Mães de Verdade” é dirigido pela cineasta japonesa Naomi Kawase. O drama familiar explora a relação entre duas mães, a adotiva e a biológica, e promete emocionar.
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Divulgação / Mostra GÊNERO, PAN
de Lav Diaz
Realismo e misticismo se confundem no novo filme do cineasta filipino Lav Diaz, “Gênero, Pan”. Os filmes de Diaz costumam a ser longos — alguns passam de dez horas de duração –, mas seu novo longa é uma de suas obras mais acessíveis, com surpreendentes 157 minutos. A trama acompanha a jornada de três mineradores em uma ilha amaldiçoada. Em preto e branco, Diaz explora a natureza animalística do homem e a tensão crescente que acompanha a caminhada dos três protagonistas pela selva.
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Divulgação / Mostra DIAS
de Tsai Ming-Liang
Minimalista, “Dias” do cineasta malaio-taiwanês Tsai Ming-liang aposta em diálogos curtos — quase inexistentes — e em belos quadros e composições para retratar a relação entre Kang e Non, um homem de meia-idade adoecido e um jovem. Compartilhando suas respectivas solidões, “Dias” mostra a delicada e bela relação vivida pelas personagens na noite de Bangkok.
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Divulgação / Mostra TODOS OS MORTOS
de Marco Dutra e Caetano Gotardo
A escravidão pode ter sido revogada do Brasil no século XIX, mas suas consequências ainda são sentidas no mundo de hoje. “Todos os Mortos”, de Marco Dutra e Caetano Gotardo, levao fato ao limite e provoca uma estranheza logo de cara: o filme se passa em 1899, mas é rodado na São Paulo de hoje em dia. O longa conta a história de duas famílias, uma de brancos e outra de negros, e a relação entre os dois núcleos no Brasil pós-escravidão. Ao explorar o passado escravocrata da nação, o longa ilumina a grande distância que ainda existe entre brancos e negros no país.
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KUBRICK POR KUBRICK
de Grégory Monro
Um dos mais geniais cineasta de todos os tempos, Stanley Kubrick era um homem recluso. Seu perfeccionismo tornaram a figura do diretor em uma lenda de Hollywood. Mais de 20 anos após a sua morte, cabe ao cineasta Grégory Monro desvendar quem de fato foi Kubrick. O material inédito, retirado de entrevistas e filmagens de bastidores de Kubrick, contam a história desse homem também problemático que fez de tudo para conseguir cenas perfeitas.
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Divulgação / Mostra VALENTINA
de Cássio Pereira dos Santos
Primeiro longa do mineiro Cássio Pereira dos Santos, que concorre na “Competição de Novos Diretores” da Mostra de SP, “Valentina” conta a história de uma garota trans que se muda para o interior de Minas Gerais. No melhor estilo “coming of age”, Valentina (interpretada por Thiessa Woinbackk) tem de encarar os problemas da juventude, a ausência do pai e navegar o tortuoso labirinto que é entender quem você realmente é.