Diplomacia em tempos de guerra
Jornalista João Paulo Charleaux indica de série de Spielberg a livro de Henry Kissinger para entender o papel da diplomacia num mundo imerso em conflitos na Palestina e Ucrânia
Com os noticiários internacionais tomados diariamente por imagens da devastação dos conflitos na Faixa de Gaza e Ucrânia, a arte das relações e negociações internacionais é mais importante do que nunca. Por isso, Gama convidou o jornalista João Paulo Charleaux, analista de temas ligados à política internacional e economia, a listar cinco dicas de conteúdos para você se aprofundar no complexo assunto da diplomacia em tempos de guerra.
Reprodução/Instagram
Ex-correspondente internacional, que já escreveu para veículos como Folha, Nexo, Estado, O Globo e Piauí, Charleaux traz um rol eclético de conteúdos, desde a coleção de artigos que escreveu recentemente para a Folha sobre as regras da guerra até uma série histórica criada por Spielberg e Tom Hanks. Confira a seguir a lista completa.
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“Lembrança de Solferino”, de Henry Dunant (Cruz Vermelha, 1862)
“Esse livrinho foi publicado em Genebra, na Suíça, em 1862, com uma circulação muito restrita. Mas, apenas dois anos depois, ensejou a adoção da Primeira Convenção de Genebra, adotada para proteger militares feridos em campanha; e resultou também na criação da Cruz Vermelha. O autor, Henry Dunant, era um próspero comerciante suíço que, ao viajar pelo que hoje é o norte da Itália, testemunha os rescaldos da Batalha de Solferino — um gigantesco embate militar, com mais de 200 mil envolvidos — que, em 1859, opôs forças austríacas, de um lado, e francesas e sardo-piemontesas, de outro, no processo de unificação da Itália.”
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As Regras da Guerra
“Muy humildemente, mas nem tanto, recomendo essa série de artigos que publiquei na Folha de S.Paulo entre novembro de 2023 e janeiro de 2024. A ideia era resumir e explicar da maneira mais simples, didática, objetiva e equilibrada possível as normas da guerra, encaixando-as em casos concretos ocorridos no conflito em curso entre Israel e o Hamas, na Faixa de Gaza. Os textos tratam de questões como a proteção devida a hospitais e ambulâncias, a situação dos jornalistas, dos civis e dos sequestrados, detidos de segurança e prisioneiros.”
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“Band of Brothers”, de Steven Spielberg e Tom Hanks (2001)
“Essa minissérie de TV criada pelo Steven Spielberg e pelo Tom Hanks foi ao ar em 2001 pela HBO e ganhou Grammy e Globo de Ouro. Está na Netflix agora. Ela mostra, em apenas dez episódios, a história de uma companhia americana na Segunda Guerra Mundial — começando no treinamento nos EUA até a chegada a uma das casas de Hitler, nos Alpes. Traz em todos os episódios depoimentos de veteranos da Segunda Guerra. Além de ser boa, dá um olhar ‘de dentro’ sobre o tipo de situação e de dilemas que combatentes vivem nas situações de conflito.”
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“Diplomacia”, de Henry Kissinger (Saraiva, 1994)
“Esse é um livrão enorme no qual Kissinger — estrategista da política externa americana que, para o bem e para o mal, moldou grande parte do mundo tal como o conhecemos hoje — repassa cronologicamente a história das relações entre os países, com seus movimentos de associação e confronto, ascensão e queda. É indispensável para entender conceitos fundamentais das relações internacionais, assim como os fatos históricos e seus protagonistas. Um primor de raciocínio reto, claro, direto e pragmático.”
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Revista Internacional da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (1869-)
“É esquisito recomendar uma revista, mas a verdade é que essa publicação é a maior referência sobre o direito internacional aplicável na guerra. Trata-se de uma publicação de perfil acadêmico na qual colaboradores do mundo todo publicam estudos e reflexões a respeito das normas dos conflitos armados, abordando debates muito quentes, complicados e atuais. Acho que é a principal referência na área.”