
Autismo
Veja conteúdos indicados pelo cientista Alysson Muotri, que deve viajar ao espaço para buscar novos tratamentos para o transtorno
Hoje, cerca de 70 milhões de pessoas no mundo possuem Transtorno do Espectro Autista (TEA), segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Oficialmente o distúrbio do neurodesenvolvimento é caracterizado por alguns aspectos centrais: desenvolvimento atípico, manifestações comportamentais, déficit na comunicação e interação social e padrões de comportamentos repetitivos, segundo descrição da OMS. Embora a conscientização sobre o autismo esteja aumentando, muita gente ainda tem pouco conhecimento e uma série de dúvidas sobre o transtorno, que afeta uma faixa considerável da população.
Um dos principais nomes do Brasil no estudo sobre o tema, o biólogo e pesquisador Alysson Muotri, hoje à frente do Muotri Lab, na Universidade da Califórnia, EUA, planeja ir bem longe na busca por novos tratamentos para o espectro autista. Ele, que tem um filho com um nível mais severo do transtorno, deve se tornar o primeiro cientista brasileiro a integrar uma missão para o espaço, a ser realizada pela Nasa entre o fim de 2025 e o início de 2026. O objetivo é analisar a progressão de distúrbios neurológicos em microgravidade — que acelera o desenvolvimento e envelhecimento, agilizando um processo que poderia levar anos. A partir disso, a meta é desenvolver novos tratamentos mais eficazes para as condições severas de autismo e Alzheimer.

Formado pela Unicamp e com doutorado pela USP, o trabalho de Muotri envolve genética e neurociência. Durante a missão, ao lado de outros quatro cientistas, ele também deve estudar formas de proteger astronautas, analisando o impacto da microgravidade no cérebro humano. Para tratar do tema, Gama convidou o cientista a indicar cinco conteúdos essenciais se você quer conhecer mais sobre o autismo.
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O filme “Meu Filho, Meu Mundo” (1979), de Glenn Jordan
“Um dos primeros filmes retratando o autismo severo e a capacidade de reversão do espectro, algo não apreciado na época. Baseado numa história real, o filme ‘Meu Filho, Meu Mundo’ mostra a perspectiva dos pais e de médicos do período. Apesar de induzir a um método de tratamento alternativo (que mostrou-se ineficiente cientificamente), foi responsável por abrir minha mente sobre a possibilidade do autismo não ser completamente determinista.”
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O livro “O Que Me Faz Pular” (Intrínseca, 2014), de Naoki Higashida
“Livro do autista não verbal Naoki Higashida, que descreve suas percepções do mundo neurotípico. ‘O Que Me Faz Pular’ revela diversos insights sobre o funcionamento do cérebro autista e alerta sobre a preservação da cognição de muitos autistas não verbais, muitas vezes vistos como incapazes ou com atraso intelectual.”
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O filme “Temple Grandin” (2010), de Mick Jackson
“Conta a historia de Temple Grandin, uma mulher autista que se torna expert em comportamento animal por causa de suas experiências sensoriais e da capacidade de resolver problemas buscando saídas nada convencionais. O longa traz um exemplo de pessoa com autismo que pode usar suas habilidades para se tornar independente na vida.”
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A fundação Autism Tree Project
“Associação de autistas e familiares criada na Califórnia no ano de 2003. Mostra como a iniciativa local, independentemente de qualquer auxílio governamental, pode melhorar a vida e inclusão de autistas de todo o espectro através de voluntariado organizado e baseado em evidências científicas. Um exemplo a ser replicado em outras partes do mundo.”
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O documentário “O Menino e o Cavalo” (2009), de Michel O. Scott
“Baseado na historia real de pais que veem na equoterapia uma oportunidade para o desenvolvimento do filho com autismo severo. Eles acabam interagindo com cavaleiros da Mongólia na busca por fortalecer a relação do filho com cavalos. O filme ‘O Menino e o Cavalo’ me agradou muito porque mostra como a intuição dos pais pode levar a caminhos não racionais, mas ainda assim com benefícios clínicos. A família segue validando o método através de metodologias científicas.”