“A gente ri muito junto, a gente fofoca muito. A gente se vê todo dia e fica trocando Whatsapp o dia todo pra fofocar. Isso conecta muito a gente”

Lázaro Ramos sobre sua relação com Taís Araújo no programa “À Prioli”, da CNN Brasil.

Para além do babado sobre a tutela de Jamie Spears, que terminou em setembro, o documentário “Framing BRITNEY SPEARS: A Vida de uma Estrela” (2021) mostra o tratamento abusivo e machista que a cantora recebeu dos paparazzi e da imprensa em parte da carreira e como isso moldou sua imagem pública e sua saúde mental.

A pandemia – e o regime de home office – não acabou com a FOFOCA DE TRABALHO. Reportagem do jornal New York Times mostra como a fofoca é onipresente no ambiente das empresas e que, mesmo com o distanciamento social, continuou rolando por grupos de mensagem, reuniões por vídeo e happy hours no Zoom. Para encontrar assunto para fofocar, valeu de tudo, inclusive bisbilhotar a agenda do chefe.

Em 2021, faz dez anos que CAETANO ESTACIONOU NO LEBLON e virou um dos maiores memes da história do país. O “flagra” do cantor virou motivo de chacota quando foi publicado como notícia no portal Terra e teve mil desdobramentos humorísticos, gerando discussões sobre a que ponto chegou o jornalismo de celebridades para caçar cliques e, mais recentemente, sobre o fim da indústria dos paparazzi ocasionado pela popularização das redes sociais. Em março, a revista Piauí publicou texto da autora da notícia, até então anônima, refletindo sobre a repercussão.

A FOFOCA PODE SER EDIFICANTE? Segundo os psicanalistas Lucas Liedke e André Alves, a fofoca pode ser um ótimo artifício para percebermos dimensões nossas e do coletivo que talvez sejam difíceis de abordar diretamente, já que, quando falamos do outro, também estamos falando de nós mesmos.

Existe uma relação entre FOFOCA E GÊNERO? A ativista feminista, historiadora, pesquisadora e professora italiana Silvia Federeci explica como a palavra é historicamente associada às mulheres e, muitas vezes, com conotação negativa. Segundo ela, “gossip”, em inglês, já foi sinônimo de “amiga”. No século 18, porém, o termo começou a ser usado para se referir a uma conversa vazia e maldosa, o que, para ela, é sinal da desvalorização do papel social e do conhecimento das mulheres, assim como das relações entre elas. Federeci dedica um capítulo do livro “Mulheres e Caça às Bruxas” (Boitempo, 2019) ao tema.

“BRIDGERTON” (2020), produzida pela Shonda Rhimes e uma das séries mais vistas da história da Netflix, aborda uma rede de intrigas e namoricos entre famílias da baixa nobreza na Londres do século 19. Na trama, as relações das personagens são comentadas por um panfleto semanal de autoria misteriosa – a voz em off da fofoqueira, que serve como narradora, é da atriz Julie Andrews.

O blog americano Pop Culture Died in 2009 relembra flagras de paparazzi, manchetes de tabloides, trechos de programas de TV, páginas de revistas de famosos e outras PERÓLAS DA INDÚSTRIA DA FOFOCA pré-redes sociais. Uma delas diz que Mary-Kate Olsen parece não guardar rancor por Paris Hilton ter roubado seu namorado porque (atenção à explicação encontrada pelo autor do texto) foi vista cantarolando uma música dela em um café em Los Angeles.

A fofoca de celebridades se adaptou aos novos tempos de muitas formas. Nos EUA, o Deuxmoi, por exemplo, é um perfil que publica FOFOCAS ENVIADAS PELOS USUÁRIOS, tanto com assuntos triviais (“sabe qual é a sobremesa favorita da Jennifer Lopez?”) quanto bombásticos (foi o primeiro lugar a dar declarações do pastor Carl Lentz, conhecido pela relação com o Justin Bieber, quando ele foi demitido). Anônima, a gestora da conta avisa logo de cara que não checa todas as informações que recebe.

Por que será que FOFOCAS DA FAMÍLIA REAL BRITÂNICA causam tanta curiosidade? Reportagem da Gama analisa como filmes, séries e livros retratam incansavelmente esse universo sob diversos ângulos, angariando milhões de fãs pelo mundo. Os motivos da obsessão parecem ser as dinâmicas de poder presentes ali, além da estratégia de marketing desenvolvida pela família.