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ConversasBela Gil: 'Quem pode pagar por um produto orgânico deve pagar por ele'
Para ativista e empresária, políticas públicas que incentivem produção de alimentos saudáveis e desestimulem ultraprocessados são fundamentais para melhorar a nutrição do país
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Bela Gil: ‘Quem pode pagar por um produto orgânico deve pagar por ele’
Para ativista e empresária, políticas públicas que incentivem produção de alimentos saudáveis e desestimulem ultraprocessados são fundamentais para melhorar a nutrição do país
Bela Gil já foi motivo de piada. Você já deve ter ouvido falar no seu churrasco de melancia, na sua obsessão por cúrcuma, na constante sugestão de ingredentes impossíveis. Mas isso passou. Em 2022, a nutricionista, chef, empresária, apresentadora de TV, autora de livros de culinária e ativista, agora, é uma voz a ser ouvida. Com mestrado em Ciências Gastronômicas com ênfase no sistema global da alimentação pela Universidade de Ciências Gastronômicas da Itália (Unisg) e graduação em nutrição pela Hunter College em Nova York, ela está preocupada em melhorar a alimentação do país.
Acesso é uma palavra-chave para entender os problemas que atingem o sistema de comida brasileiro. O agronegócio e o apoio que recebe de políticos no legislativo e no executivo são outras peças fundamentais para o quebra-cabeça. Sim, orgânicos são caros, ela admite, mas sem incentivo, como seria diferente? Quem pode comprar deve comprar, e todo mundo tem que fazer barulho contra os agrotóxicos, que estão por todos os lados – até na água que você bebeu hoje.
Tanta consciência faz com que ela queira tratar o problema do início, na infância, com seu programa Cozinhas & Infâncias, criado pelo Instituto Comida e Cultura, que espera capacitar professores de escolas públicas e particulares de todo o Brasil para levar educação alimentar às crianças e reaproximá-las dos alimentos, além de desenvolver práticas culinárias. “A reconexão tem que começar na infância, se não a alienação se perpetua até a idade adulta e fica muito mais difícil de recuperar. Cuidamos mais daquilo que conhecemos, que está mais próximo”, afirma na entrevista a Gama.
Talvez por essa visão holística e por esse encadeamento de ideias é que tenham surgido boatos de que Bela se candidataria a deputada pelo PSOL em São Paulo. “Tinha mesmo essa possibilidade. Mas não vou me candidatar. Quem sabe numa proxima eleição”, diz, lembrando que ativismo de alimentação é também ativismo político. “Precisamos de mudanças de políticas públicas que incentivem a produção de produtos saudáveis e taxem ou tirem o incentivo fiscal de produtos ultraprocessados”, afirma na conversa a seguir em que explica como até a cúrcuma foi um personagem fundamental para a história que vem escrevendo.
É muito cruel jogar somente nos indivíduos a responsabilidade por uma alimentação mais saudável
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G |O Brasil voltou ao mapa da fome ao mesmo tempo em que lida com índices crescentes de obesidade. Quais são os maiores desafios para se conseguir que uma alimentação mais saudável se torne viável em larga escala por aqui considerando esse cenário de desigualdade social e fome?
Bela Gil |É uma pergunta superimportante, que tem que estar na mente de um líder – é muito cruel jogar somente nos indivíduos essa responsabilidade. Escolher o que comer depende muito do acesso a uma alimentação saudável, e sabemos que não são todas as pessoas no Brasil que o têm. Hoje são 19 milhões passando fome no país; gente que sequer tem o que comer, quanto mais poder de escolha. Isso só será possível quando for uma prioridade do Estado. A alimentação adequada, de qualidade, é um direito e está na Constituição. E como é um direito, é uma responsabilidade de Estado. O conhecimento é importante para a gente ter uma alimentação saudável, mas não é o suficiente. Da mesma forma que conseguimos implementar uma política pública de restrição ao consumo de cigarros e a que incentivou o uso do cinto de segurança, podemos ter outra contra produtos que não são saudáveis sabidamente. A literatura, a academia, os estudos já mostraram que são os produtos ultraprocessados, aqueles com excesso de gordura, de açúcar, de sal, que estão dominando a prateleira dos supermercados. Precisamos impor limites à produção, à distribuição e ao acesso a esses alimentos.
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G |O que é mais barato: comprar ultraprocessados ou ir à feira? Pensando que frutas são artigos caros em qualquer lugar e que tem o coeficiente de tempo de dedicação à cozinha também.
BG |De novo, o acesso é a coisa mais importante. Bato nessa tecla porque entendi que são cinco os tipos de acesso, a começar pelo físico. Muitas pessoas moram em desertos alimentares e têm que andar quilômetros para conseguir achar uma fruta fresca, um pé de alface. Tem o acesso financeiro também, o poder aquisitivo de comprar aquele alimento. O acesso ao conhecimento é fundamental para fazer escolhas sem ser influenciado pela mídia de massa – é importante saber os impactos positivos e os negativos do que se está consumindo. O tecnológico – as ferramentas – é muito necessário também: a gente não cozinha se não tem água, fogão, gás, lenha, panela, colher de pau. E estamos em um momento em que o gás está um absurdo, as pessoas voltaram a usar lenha porque não conseguem pagá-lo, e tem gente que não tem água para cozinhar. E por último é o acesso ao tempo. Cozinhar é uma atividade que exige tempo, planejamento, trabalho, limpeza. Uma mulher que tem dupla ou tripla jornada de trabalho não vai poder cozinhar, não tem condições. Ela vai abrir mão de uma comida caseira mais saudável e partir para o ultraprocessado, que é uma comida conveniente, prática, rápida. É muito difícil julgar as pessoas que optam por uma alimentação mais prática, mais rápida, mais ultraprocessada, porque é preciso entender o contexto no qual aquela pessoa vive.
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G |E quanto ao preço?
BG |Os preços dos produtos orgânicos e convencionais que chegam ao supermercado são muito injustos. A produção de comida orgânica não tem incentivo como a de alimentos ultraprocessados. A base dos ultraprocessados é de soja, milho, açúcar, que são as grandes monoculturas do nosso país e que têm incentivo fiscal. Eles deixam de pagar 30% de imposto, quando qualquer setor econômico do Brasil paga 35%. O setor dos agrotóxicos deixa de pagar e recebe a isenção do Estado, de 30%. Ou seja, são US$ 10 bilhões por ano que o Estado deixa de receber deles. Então é lógico que essa comida vai ser mais barata do que a daquele produtor que é menor e tem menos mecanização no campo. As pessoas precisam conhecer o termo técnico de externalidade+. Quem tem o poder aquisitivo, quem pode pagar por um produto orgânico, deve pagar por ele porque isso, com a lei de oferta e demanda, vai fazer com que no futuro esse alimento seja democratizado. Só o poder de compra do consumidor não vai mudar a situação; precisamos de mudanças de políticas públicas que incentivem a produção de produtos saudáveis e taxem ou tirem o incentivo fiscal de produtos ultraprocessados. É inadmissível que a Cola-Cola deixe de pagar imposto na zona franca de Manaus, mas é o que acontece.
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G |O que falta para ter essa mudança na agricultura? O problema é de lobby do agronegócio? Falta de vontade política?
BG |É o lobby e a falta de vontade política exatamente. Tem uma bancada ruralista muito grande. Quando a gente propõe um projeto de lei que exige o aumento de taxação de produtos ultraprocessados, não passa de jeito nenhum porque a bancada está lá. No sistema capitalista, o dinheiro e o poder falam mais alto do que qualquer coisa. O agronegócio tem o apoio da mídia e da população, que acha que o agro salva o Brasil em todos os sentidos, desde a segurança alimentar à economia do país. É um equívoco muito grande e atrapalha muito o crescimento do setor da agricultura familiar. O verdadeiro propósito do agronegócio é basicamente a produção de commodities, soja e milho especialmente, para virar ração e alimentar de animais, porcos principalmente, na China – 70% da nossa soja tem esse fim. Temos que mudar o nosso Congresso, mas a vontade política também faz diferença: ter um líder político que prioriza alimentação saudável. No caso do presidente Lula, nos seus dois mandatos, ele olhou a fome como um problema político, o programa Fome Zero tirou o Brasil do mapa da fome. Precisamos mudar as pessoas que estão ali nos representando no Congresso, eleger políticos que tenham como prioridade a alimentação saudável, porque isso faz muita diferença. O que vivemos hoje é uma omissão em relação a todas essas políticas. No primeiro ano de governo do Bolsonaro, vimos um desmonte absurdo das políticas públicas que foram fundamentais para a democratização de uma alimentação mais saudável no Brasil. Agora são quase 20 milhões de pessoas passando fome, correndo atrás de osso e restos de comida.
O veneno está em tudo, na água que a gente bebe também
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G |Estamos vivendo um momento muito sensível de como o país vai se posicionar sobre os agrotóxicos, com o projeto de lei batizado de PL do Veneno. Quais são os perigos de uma maior liberalização? O que deve acontecer nos próximos anos?
BG |Muita coisa vai mudar porque acredito numa mudança de poder drástica e que vamos conseguir recuperar muita coisa e mudar muita coisa também. A PL é muito perigosa, muito mais veneno vai poder ser utilizado no Brasil. E o veneno está em tudo, na água que a gente bebe também. As pessoas acham que não vão comer verdura porque tem agrotóxico, mas não é só no alface e no tomate que tem agrotóxico. Tem nos produtos ultraprocessados: resíduos de glifosato em cereal matinal, em biscoito recheado, uma tristeza. No projeto tem muita coisa absurda, mas o pior é tirar o poder de decisão da Anvisa, do Ibama e das instituições responsáveis pelo nosso meio ambiente e pela saúde e colocar nas mãos do Ministério da Agricultura. Isso é realmente uma grande piada para mim. Sou ativista e tenho muita esperança, não desisto desse combate, e estou aqui para lutar mesmo por uma alimentação saudável para todos e todas, então espero que, com uma mudança de governança no nosso país, a gente consiga colocar limites maiores para esse tipo de produção e conduta em relação aos agrotóxicos.
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G |Como fazer para que, sem incentivos, os orgânicos não sejam elitistas? Existe um jeito de torná-los mais democráticos nos dias de hoje?
BG |Não é uma democratização gigantesca, mas ajuda: a compra direto dos agricultores. No site do Instituto de Defesa do Consumidor há um mapa de feiras orgânicas no Brasil inteiro, com informações de data e local. Comprar direito do agricultor é muito melhor. São algumas maneiras: compra direta de produtores nas feiras; entregando em casa; ou fazendo parte do CSA, Community Support Agriculture, a “agricultura apoiada pela comunidade”, que é ser um sócio do produtor, basicamente. Você paga uma mensalidade, uma taxa a cada seis meses, e busca em um local definido a sua cesta daquilo que ele produziu. Isso é muito bacana porque você também acaba conhecendo alimentos que não conheceria e não tem prática de usar. Compras coletivas funcionam também, e tem o Armazém do Campo, os armazéns dos produtos do MST espalhados pelo Brasil, que têm um preço bem mais acessível do que se você for comprar no supermercado.
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G |O seu projeto novo foca na alimentação de crianças e diz aproximá-las dos alimentos e da história de forma lúdica. Por que a gente se distanciou deles e como você acha possível nos reaproximar?
BG |É uma consequência da industrialização, que trouxe muitas soluções e benefícios para a nossa sociedade, e por outro lado muitos problemas. Como diz meu pai, “toda solução é um problema”. Agora é o distanciamento do homem com a natureza: o homem se enxerga superior e afastado dela, então não precisa cuidar, precisa dominar. Nas cidades grandes, a criança realmente acredita que o leite vem da caixinha do supermercado, que o peixe vem embalado em um pacote de isopor e que o ketchup é feito de qualquer coisa menos de um fruto, que é o tomate. Quando a gente fala dessa reaproximação com a natureza, de se reconectar porque a gente faz parte dela, a alimentação é um processo e um meio. Quando se mora em cidade grande, a única coisa diária da natureza com que você tem contato é a comida – a cenoura da feira que vem com uma terrinha, o feijão que ainda vem com pedrinhas e fibras. A reconexão tem que começar na infância, se não a alienação se perpetua até a idade adulta e fica muito mais difícil poder recuperar. Cuidamos mais daquilo que conhecemos, que está mais próximo. A educação botânica é fundamental para a criança crescer sabendo o nome das árvores. Vai ficar mais difícil ela querer destruir, desmatar. É fundamental para essa empatia e esse cuidado maior com a nossa biodiversidade.
Nunca tive a intenção de virar piada. Sempre quis falar algo sério: podemos mudar o mundo pela alimentação
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G |Como ficam as especificidades de cada região dentro do projeto Cozinhas & Infâncias??
BG |Queremos trazer um olhar amplo e não só nossa visão eurocêntrica, patriarcal. A gente quer trazer cosmovisões diferentes de outras culturas também, afro, indígena. A ideia é que no final desses dois anos a gente consiga recolher não só com perguntas qual foi o impacto do projeto na vida das crianças e dos educadores, mas fazer também exames de sangue para entender se houve um impacto físico também. A ideia é ter aporte, justificativa o suficiente, para que isso se torne uma política pública, que a educação alimentar vire uma disciplina no currículo escolar, esse é o objetivo do projeto. É muito melhor a criança aprender e já ter uma educação alimentar, ambiental e botânica desde cedo do que ter que se reeducar.
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G |Entre os muitos problemas que giram em torno da alimentação no país, também tem a perda da biodiversidade. Por que isso aconteceu? Tem jeito de virar o jogo?
BG |Tem como melhorar e dá para preservar. A melhor forma de preservar, inclusive, é consumindo a biodiversidade, como quando eu uso alimentos que as pessoas acham impossíveis. Geralmente o modo de preparo é fácil e o difícil é achar um mesocarpo de babaçu. Mas não abro mão de usar o mesocarpo porque sei que estou apoiando a comunidade de Quebradeiras de Babaçu do Alto Xingu. Então tem esse outro valor, o de consumir produtos da floresta e o de apoiar aquelas pessoas a se manterem no território. Quando elas produzem, cultivam e fazem extrativismo sustentável, elas mantém a floresta em pé. É maravilhoso comprar castanha do Pará, puxuri, cumaru, e olha que só estou falando da Amazônia, mas a gente pode fazer a mesma coisa com a Caatinga, a Mata Atlântica e por aí vai. Quantos brasileiros não conhecem grumixama, por exemplo, uma frutinha maravilhosa da Mata Atlântica? A conservação pela alimentação se dá pela sua disponibilidade e popularização também. Foi isso o que fiz por anos com meus programas de culinária, tanto que muitos ingredientes, como a cúrcuma, estão no vocabulário de muita gente. Quando eu comecei eu era a louca da cúrcuma. Essa popularização vai acontecer quando não dermos prioridade para o agronegócio, que pasteurizou o nosso paladar. Você vai no supermercado e vê milhões de caixas, todas coloridas e diferentes, bonitas, e você pensa “Nossa, quanto produto novo, diferente, quanta coisa legal”. Não tem nada de diferente, toda a base ali é trigo, milho ou soja, que fazem mal para a saúde. A comida de verdade, de panela, caseira, que alimenta, saudável, gostosa, vem da agricultura familiar. Isso precisa ser priorizado, essa é a pauta importante para os governos.
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G |Por tanto bater na tecla dos ingredientes você acabou virando piada. Mas você saiu desse lugar do meme para virar uma ativista. Como conseguiu dar essa virada na opinião pública, da piada para alguém que tem que ser ouvida?
BG |A minha intenção sempre foi essa, a questão é que, como meu marido sempre fala, eu sou responsável por aquilo que falo, e não pelo que entendem. E essa questão do meme foi muito acidental, eu nunca tive a intenção de virar piada. Sempre quis falar algo sério: acredito que podemos mudar o mundo pela alimentação, por aquilo que a gente coloca no nosso prato hoje, uma atitude que define o futuro da humanidade. Estamos nesse lugar de fome e obesidade, esse paradoxo louco, porque demos espaço para a indústria alimentícia nos alimentar mal, e o agronegócio realmente dominar a agricultura, as terras do Brasil, causando muita fome. Mas se fizeram piada, vamos nessa, porque piada também me ajudou muito. Muita gente me conheceu por causa do churrasco de melancia, por causa do “você pode substituir”, por causa da cúrcuma, virei até fantasia de carnaval, e fui seguindo o fluxo. Nunca me afetou no sentido negativo. Muitas entrevistas na época perguntavam como eu me sentia com a piada, com a caracterização, e eu dizia que para mim estava sendo maravilhoso. Agora, tive mais espaço saindo da TV, o que é uma coisa meio contraditória.
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G |Ganhou liberdade?
BG |Liberdade, sim, para poder falar o que está mais escancarado e as pessoas não conseguem entender e enxergar. Eu só clareei um pouco o mecanismo, o nosso sistema e por que temos essa péssima alimentação, por que não é acessível para todo mundo, por que o orgânico é mais caro, por que as pessoas não conseguem comer bem.
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CAPA Por que comemos mal?
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1Conversas Bela Gil: 'Quem tem poder aquisitivo deve pagar por um orgânico'
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2Reportagem Quanto tem de política num prato de comida?
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3Repertório Agrotóxicos: é possível desviar do veneno?
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4Podcast da semana Elaine de Azevedo: 'Para comer melhor tem que apoiar quem produz; não o agro'
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5Bloco de notas As dicas da redação sobre o tema da semana