“A Verdade com V maiúsculo diz respeito à vida ANTES da morte. Diz respeito ao valor de uma educação verdadeira, que não tem quase nada a ver com conhecimento mas com a mais simples consciência: a consciência daquilo que é tão real e essencial, tão escondido diante dos nossos olhos, que temos que ficar lembrando sem parar: ‘Isso é água’, ‘Isso é água’.”

Trecho do discurso do escritor David Foster Wallace, “Isto É Água”, para a turma de 2005 do Kenyon College. Na fala, ele compara a nossa dificuldade de enxergar as coisas mais básicas com a de dois peixes perceberem a existência da água

Após o início de um “motim” dos alunos contra seus métodos, um professor universitário decidiu rejeitar as demandas, apontando sua pouca razoabilidade e a importância da dinâmica que propôs. Para um professor de graduação e pós, que se apresenta pelo pseudônimo Benamê em artigo para a Piauí, o caso é exemplo não de uma revolução democrática, mas das atitudes neoliberais que têm tomado de assalto os estudantes de universidades públicas pelo país. Seu objetivo seria transformar a FUNÇÃO DO PROFESSOR em algo semelhante à de um gerente de hotel: servir e satisfazer os desejos do cliente. A polêmica do texto foi tanta que a revista chegou a publicar algumas das respostas que recebeu de professores universitários contestando as ideias do autor.

Festa blackface dentro de uma conceituada universidade em pleno século 21? É dessa premissa que parte a série “Dear White People” (2019), baseada num filme de 2014 de mesmo nome. Com dez episódios, cada um focado em um personagem diferente, a primeira temporada está disponível na Netflix e explora as várias facetas do RACISMO na sociedade e, mais particularmente, dentro do AMBIENTE UNIVERSITÁRIO americano. Uma das narrativas mais impactantes ganha vida sob a direção de Barry Jenkins, responsável pelo filme “Moonlight” (2016).

Acompanhar uma das suas FACULDADES DOS SONHOS pode ser mais fácil do que parece: o documentário de Frederick Wiseman, nomeado como “At Berkeley” (2013), transita pelo campus da Universidade de Berkeley de ponta a ponta, desde a administração até os centros de esportes. Além de incentivar a entrada no ensino superior dos espectadores, o olhar de Wiseman sobre a faculdade na Califórnia nos ajuda a entender porque a instituição é tão requisitada e tornou-se referência global na educação superior.

Temos o costume de ver muitos autores realizando palestras sobre seus livros, seja para fortalecer as relações com os leitores ou para que possam motivar e alcançar outras pessoas. No caso do autor da série “Sandman”, de Neil Gaiman, e de seu livro “Faça Boa Arte: O discurso ‘Faça Boa Arte’” (Intrínseca, 2014), o processo foi ao contrário: o discurso de formatura, em 2012, na University of the Arts na Filadélfia, em que Neil inspirou os FORMANDOS a seguirem seus sonhos e quebrarem paradigmas, gerou o livro que estimula milhares de pessoas a continuarem em suas jornadas criativas.

A história de Kanye West com a faculdade não é muito linear, mas garantiu a ascensão do rapper no meio musical. Inicialmente, Kanye deixou a graduação na American Academy of Art, em Chicago, de lado para que pudesse focar em sua carreira, mas o trajeto na universidade está registrada em sua primeira trilogia de álbuns. College Dropout (2004), primeiro a ser lançado, fala sobre ter desistido da faculdade. Já Late Registration (2005) versa sobre “chegar atrasado” no cenário do rap. E é em Graduation (2007) que Kanye West finalmente se estabelece como rapper e se “gradua” nessa “carreira acadêmica”. O cantor, que  recebeu o título de doutor honorário em Artes pelo Instituto de Artes de Chicago, preza pela possibilidade do acesso à educação e criou uma POUPANÇA PARA OS ESTUDOS da filha de George Floyd, homem negro que foi asfixiado por policiais americanos.

A saúde mental é uma das principais preocupações durante a pandemia, já que o isolamento social tem afetado a nossa ansiedade e as nossas emoções. Na matéria da Gama, o repórter Leonardo Neiva apurou como os desafios da nova rotina tem afetado O ESTRESSE DO PROFESSOR UNIVERSITÁRIO. 

Na imagem, escoltado por agentes federais, James Meredith é levado até o campus da Universidade do Mississipi, no dia 2 de outubro de 1962. PRIMEIRO NEGRO A SER ADMITIDO NA UNIVERSIDADE , o caso se tornou um marco para o movimento pelos direitos civis nos Estados Unidos. Embora tenha sido inicialmente barrado pela política segregacionista vigente no estado, uma ordem da Justiça norte-americana garantiu sua entrada na instituição. Houve conflito entre estudantes e manifestantes brancos e a escolta que levava Meredith, que terminou com dois mortos e dezenas de feridos. Meredith continua sendo uma das figuras mais emblemáticas do movimento negro americano e, alguns anos mais tarde, foi baleado durante uma marcha pacífica do movimento negro. Ele sobreviveu ao ataque e está vivo até hoje.

Série de gráficos do Nexo Jornal traz um panorama da criação de cursos universitários no Brasil ao longo da história. Na imagem acima, vemos a implementação de cursos de ensino superior proporcionalmente e por área dos anos 1940 a 2010.

Não é novidade, mas as universidades estão entre os principais celeiros de artistas. De fato, alguns dos grupos de maior destaque nas últimas décadas se conheceram e se formaram ali. O vocalista Michael Stipe encontrou os outros membros do R.E.M. dentro da Universidade da Georgia, onde todos estudavam. Mais recentemente, em 2006, os membros do Vampire Weekend se conheceram na Universidade de Columbia. Bastante identificada com o ambiente universitário, a banda de rock Weezer não se formou exatamente ali, mas a entrada do vocalista em Harvard teve grande influência em suas letras. No Brasil, nasceram nas últimas décadas gêneros como forró, sertanejo e pagode universitário, assim chamados pela identificação com um público mais jovem, com representantes como Maiara & Maraisa e Inimigos da HP — mas que pouco (ou nada) têm a ver com o ambiente acadêmico.