Jéssika de Oliveira e o Clube de Leitura Preta — Gama Revista
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Jéssika de Oliveira: "O Clube de Leitura Preta potencializou a autoestima dos alunos"

Criadora de clube de leitura em que jovens de 13 a 16 anos leem apenas autores negros conta sobre o envolvimento dos alunos e sua tomada de consicência para a questão racial

Isabelle Moreira Lima 15 de Outubro de 2023

Jéssika de Oliveira: “O Clube de Leitura Preta potencializou a autoestima dos alunos”

Isabelle Moreira Lima 15 de Outubro de 2023
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Criadora de clube de leitura em que jovens de 13 a 16 anos leem apenas autores negros conta sobre o envolvimento dos alunos e sua tomada de consicência para a questão racial

Faz um ano que a professora e escritora Jéssika de Oliveira resolveu criar um clube de leitura na escola onde trabalha, o Colégio Estadual Doutor Milton Santos, uma instituição de ensino quilombola localizada no município de Jequié, a 365 quilômetros de Salvador, na Bahia. A cidade está no topo do ranking das mais violentas do país e o clube de leitura seria uma forma de fazer com que crianças e adolescentes mergulhassem na literatura, se interessassem mais pela escola e assim não aumentassem o índice de evasão escolar. A ideia da professora era a de que o clube seria também um lugar de combate ao racismo e de celebração da literatura negra, uma vez que os livros escolhidos para leitura e discussão são todos escritos por autores negros.

Com um ano de funcionamento, o Clube de Leitura Preta é uma atividade extracurricular (que não garante ponto no boletim), mas que é frequentado assiduamente por 26 meninas e meninos com idade de 13 a 16 anos, três vezes por semana. Entre os autores, eles lêem Conceição Evaristo e Bianca Santana e discutem sobre o racismo e a violência vivida por pessoas negras no país.

Entre as coisas mais bonitas que a professora contou em entrevista a Gama está o fato de os jovens passarem a se ver diferentes, mais empoderados e com a autoestima fortalecida depois das leituras e conversas. Segundo ela, antes do clube, muitos deles nem se consideravam pessoas negras, mas “morenas” ou “jambo”.

“Esses meninos têm várias questões de saúde mental. Quando a gente ia tirar uma foto, os meninos botavam a mão no rosto, escondendo o nariz, a boca. Um ano depois, essas fotos estão normais, eles estão sorrindo, mostrando os dentes, o nariz, o olho. Isso tem a ver com a reconstrução da autoestima. Hoje sabem que não precisam esconder os traços. E é uma das coisas que o clube tem potencializado é a autoestima desses meninos e dessas meninas”, conta.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

No link abaixo e também noDeezer,Spotify,Apple Podcast,Google Podcastvocê escuta este episódio.

Este conteúdo é parte da série “Gama na Flica 2023”, produzida com apoio do Governo do Estado da Bahia e das secretarias de Educação e Cultura, realizadores da Feira Literária Internacional de Cachoeira (BA)