Entrevistas da Gama que nos preparam para 2025

O ano de 2024 foi marcado por debates políticos e sociais acalorados, pelas mudanças climáticas bafejando um ar cada vez mais quente sobre nós e uma série de questões ligadas às tecnologias, saúde, alimentação, economia, direitos sociais e por aí vai. As entrevistas que fizemos ao longo desses últimos 12 meses aqui na Gama refletiram tanto a pluralidade quanto a profundidade desses temas.

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Seja uma conversa sobre a conexão entre questões ambientais e sociais com a atriz e cineasta Dira Paes ou um papo a respeito da nossa crescente falta de foco com o jornalista Johann Hari, trouxemos assuntos que devem pautar nossas discussões cada vez mais no futuro.

Portanto, para te ajudar a se preparar para o 2025 que está chegando, selecionamos dez das entrevistas de maior destaque da Gama neste ano. Veja a seguir (e não deixe de ler aqui também aquelas que acabaram ficando de fora):

“Pegamos comportamentos, situações e processos que costumavam ser bons para nós, e os transformamos em drogas”

Anna Lembke, psiquiatra norte-americana autora dos livros “Nação Dopamina” e “Nação Tarja Preta” (Vestígio, 2022 e 2023) abordou a medicalização como estratégia para ignorar os problemas sociais e indicou como fazer um “jejum de dopamina” para escapar da armadilha dos prazeres constantes.

“Entendi muito cedo a dicotomia que é viver num dos países mais ricos, com águas límpidas, florestas frondosas e ter gente morrendo de fome”

Dira Paes, atriz, ativista ambiental e estreante na cadeira de cineasta com o filme “Pasárgada” (2024) afirmou que não é mais possível dissociar o drama dos problemas humanitários no Brasil da questão ambiental e contou a experiência desafiadora de se envolver em todas as etapas da realização de um longa.

“Quando sua capacidade de focar se deteriora, a habilidade de atingir seus objetivos e resolver problemas também”

Johann Hari, jornalista e autor do livro best-seller “Foco Roubado” (Vestígio, 2024), uma profunda investigação sobre a dificuldade contemporânea de manter a atenção, discorreu sobre os perigos da falta de foco para a democracia e a importância da atenção para sermos pessoas mais realizadas.

“É crucial repensar o mundo a partir do que comemos, e o que comemos já é impactado e vai ser ainda muito mais impactado pelo colapso climático”

Tatiana Merlino, editora de colapso climático do site O Joio e o Trigo, que investiga a relação entre alimentação, saúde e poder, falou sobre comida, agronegócio, mudanças do clima e jornalismo engajado.

“Há incentivo financeiro para que mais pessoas sejam presas. O que significa que as prisões não são incentivadas a reabilitar, e sim a prender mais”

Nana Kwame Adjei-Brenyah, autor dos livros “Os Superstars da Cadeia” e “Friday Black” (Fósforo, 2024 e 2023), fez críticas ao sistema prisional e refletiu sobre nossa capacidade de conviver com o sofrimento alheio.

“Há 2 milhões de pessoas precisando de algum tipo de orientação imediata em relação aos seus problemas com apostas”

Hermano Tavares, fundador do ambulatório do jogo do Instituto de Psiquiatria da USP, disse que, com bets e cassino online, vivemos o maior boom de casos de compulsão desde os anos 1990 e não há exagero em apontar que o vício em apostas já virou epidemia.

“Cidades como Brasília, daqui a algumas décadas, vão ter sérias dificuldades de abastecimento de água. Tem solução, mas essas soluções vão requerer trabalhos de longo prazo”

Paulo Artaxo, físico e climatologista, professor do Instituto de Física da USP e membro do IPCC – Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas da ONU, abordou o atraso das cidades na prevenção e adaptação às mudanças climáticas e as vulnerabilidades de países como o Brasil.

“Líderes mulheres até chegam lá, mas, nos cargos maiores, elas simplesmente desaparecem. O setor privado ainda não sabe lidar com a maternidade e a economia do cuidado”

Ana Fontes, empresária e ativista à frente da Rede Mulher Empreendedora, reforçou a importância de pensar em intersecções raciais e sociais na elaboração de políticas públicas e a necessidade de mudanças estruturais nas empresas para uma maior diversidade.

“É fundamental conquistar autonomia financeira, não é um bicho de sete cabeças. Não precisa ser especialista, não é tão complicado assim você cuidar do seu dinheiro”

Marcelo D’Agosto, economista e colunista da CBN e do Valor Econômico, disse que gastos esporádicos são os que oferecem mais perigo de descontrole do orçamento e sugeriu medidas para desafogar e poupar.

“Proibir o celular na escola quando 73% dos estudantes da rede pública não têm conectividade em casa é aumentar as desigualdades sociais”

Débora Garofalo, professora e gestora pública, primeira brasileira a figurar no top 10 do Global Teacher Prize, o “Nobel da educação”, comentou o risco de um apagão docente e como a tecnologia pode ser uma aliada em sala de aula.