Máscara de Látex
De figurino em ‘Pulp Fiction’ à peça de destaque no último desfile da Balenciaga, o acessório saiu do universo do BDSM para ganhar diferentes adaptações na moda
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O QUE É
Uma máscara de látex preta ridiculamente justa que cobre a cabeça inteira. Tem cavidades para os olhos, dois micro respiradouros para as narinas e uma abertura na boca. Originário do BDSM – que se refere a práticas sexuais como dominação, masoquismo e sadomasoquismo, o acessório evoluiu de símbolo fetichista para fashionista. A máscara faz parte de um traje completo, conhecido também como “gimp” – uma roupa de látex ou couro que cobre o corpo completo do usuário. Existem variações da peça que não contém as aberturas para os olhos ou que tapam ou substituem o buraco da boca por outros acessórios como zíperes e afins. Podem vir em diferentes cores e em outros materiais, como couro, PVC e borracha. Desde 2021, variações do acessório vêm sendo utilizadas por nomes como Kanye West e Kim Kardashian em passarelas de moda e tapetes vermelhos como o baile do MET e, nesta semana, teve seu ápice graças ao desfile da Balenciaga na Bolsa de Valores de Nova York.
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QUEM FAZ
A origem da máscara de látex, que costuma fazer parte do traje de bondage (usado para práticas sexuais masoquistas), é incerta e remonta a cena gay chamada de leather, nascida entre o final da década de 1940 e o começo da de 1950. Existem artesãos especializados em produzi-lo. Em São Paulo, Lord Steel é um dos principais nomes. Ao longo das décadas, elementos da da prática de BDSM passaram a orbitar a moda e o traje foi implementado nesse meio por estilistas como Claude Montana, Thierry Mugler, Azzedine Alaïa, Vivienne Westwood, entre outros. Na década de 1990, o diretor Quentin Tarantino introduziu o mundo ao Gimp – personagem de “Pulp Fiction” (1994), que veste um traje bondage. O sucesso da figura foi tamanho que, de 1994 em diante, o traje passou a ser conhecido pelo nome do personagem.
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POR QUE É TÃO FALADO
Na prática BDSM, o traje é utilizado para restringir e objetificar quem veste, apelando para fetiches como desorientação e privação sensorial. Além do desejo sexual relacionado à máscara, a moda agregou outros códigos ao acessório, como é o caso da nova coleção da Balenciaga em parceria com a Adidas. O estilista Demna Gvasalia, diretor criativo da marca, tomou Wall Street de assalto e vestiu seus modelos com máscaras de látex. Gvasalia ficou conhecido por adotar o uso do acessório na composição de seus looks, utilizando adaptações da peça em figuras como Kim Kardashian e Kanye West em diferentes ocasiões, como no MET Gala de 2021 e nas audições do álbum “DONDA” (2021). O estilista e professor Lorenzo Merlino entende que o uso de acessórios BDSM faz parte de uma releitura de tendências passadas, mas que o movimento também está relacionado à pandemia. “Esse ano e meio que a humanidade passou em repressão necessária fez aflorar todos os desejos, pulsões que ficaram reprimidas por muito tempo”, afirmou ao G1. Já o stylist Marcos Lacerda entende que Gvasalia trabalha com a questão do rosto coberto como uma forma de “eliminação da figura”, conforme disse ao site.
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VALE?
Se você tem interesse em testar, a máscara de látex original pode ser adquirida na internet e em sex shops. Já para eventos sociais, a peça não é exatamente o acessório mais confortável ou prático para o uso convivial, mas é capaz de quebrar a internet em uma passarela.
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COMO COMPRAR
Lojas especializadas em acessórios BDSM costumam vender máscaras de látex. Se você deseja o acessório, terá de desembolsar algo entre R$ 200 e R$ 450.