Como reatar relações familiares? — Gama Revista
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Como reatar relações familiares?

Com a proximidade das festas de Natal, a vontade de deixar para trás velhos atritos com parentes costuma vir à tona – afinal, ninguém gosta de servir torta de climão na ceia. Saiba como restabelecer a paz com afeto

Dolores Orosco 19 de Dezembro de 2023
  • 1

    Antes de chamar o familiar para uma conversa, prepare-se para ela –
    O primeiro passo ao pensar em uma reconciliação é avaliar como você vai reagir aos argumentos do outro, aconselha a psicanalista Elisama Santos, autora do livro “Vamos Conversar” (Paz e Terra, 2023). “Esteja seguro de que há espaço interno para esse diálogo. Você realmente está disposto a ouvir? A trocar? A lidar com os inevitáveis incômodos que podem ser despertados nesse papo?”, questiona.
    Conhecer os próprios limites e saber o que é negociável ou não é o início da jornada familiar de cessar-fogo. “Se não temos esta noção, ficamos intransigentes ou tudo se torna negociável demais. E aí, descuidamos do que é importante para nós.”
    Para a terapeuta familiar Lidia Rosenberg Aratangy, também é importante observar a mágoa em uma perspectiva temporal. “Nem tudo precisa ser colocado em pratos limpos, pois muitas mágoas em família caducam. Tente recordar o que provocou aquele sentimento. É algo que ainda é realmente importante?”, propõe Aratangy. “Nem sempre é conversando sobre aquele problema é que se vai resolvê-lo. Afinal, você só tem metade do script. O resto é do outro.”

  • 2

    Pare de tentar mudar a opinião de quem pensa diferente. Isso só atrapalha a conexão –
    Polarização política e posturas ideológicas distintas se tornaram pivôs de rompimentos familiares nos últimos anos. Muitos preferem nem tocar em assuntos polêmicos, como política ou legalização do aborto, para evitar novas brigas com parentes. “Pensar diferente não torna ninguém inimigo. Conversa não é doutrinação, nem disputa de poder”, diz a terapeuta. “Tentar mudar a opinião de um tio, de um irmão ou de um primo a todo custo é desperdício de tempo e de afeto.”
    Para Santos, a curiosidade é a chave para nos conectarmos com quem pensa de maneira distinta. “A nossa empatia aumenta quando conseguimos sair das nossas certezas. Então, precisamos nos perguntar: ‘ok, penso isso, mas como será que esta pessoa vê essa situação? Que opiniões têm? Que sentimentos?”, afirma a psicanalista. “Escolha que posicionamentos precisam ser pontuados e quais podem ser adiados e tratados em outro momento. A vida real não tem um algoritmo guiando quem cruza o nosso caminho. Lidaremos com o diferente, não importa o quanto desejamos fugir disso.”

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    Ao pedir desculpas, não corresponsabilize o outro –
    A frase é quase um clichê e costuma vir em seguida a um pedido de desculpas: “Ah, mas você também…”. “Isso geralmente acontece porque queremos dividir a autoria da nossa pisada de bola. Para que o pedido de desculpa não se transforme em uma coisa tão humilhante”, analisa Aratangy.

    “Reconhecer o erro é um esforço imenso para a maioria das pessoas. Aprendemos que os erros nos definem e, por isso, fugimos deles”, complementa Santos. “Temos um vocabulário extenso pra rotular o comportamento do outro e muito limitado para descrever os nossos sentimentos. Cada vez que emito minha opinião com ar de verdade, convido o outro a se defender. E, quando o outro se defende, não me ouve.”

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    Alguns parentes não precisam ser amados, apenas respeitados –
    Fica irritado só de pensar em sentar-se à mesa com a cunhada intrometida ou com o sogro implicante? Antes de perder a paciência e criar um mal-estar no almoço de domingo, não perca de vista o propósito dessas relações. Parentes “colaterais” – aqueles com quem não temos ligação sanguínea, mas que nos são colocados como família por circunstâncias da vida – trazem outras vivências e é normal que surjam conflitos. “São pessoas que não precisam ser tratadas de forma carinhosa ou com intimidade só porque foram inseridas no convívio parental. Mas que devem ser respeitadas em nome de quem realmente é importante para você: seu irmão, o marido, um primo…”, diz Aratangy.
    A terapeuta sugere um exercício de “ampliação de tolerância e cordialidade” com essas figuras familiares. “Ninguém precisa funcionar em ‘modo unido’ ou desenvolver afeto só por ser parente. Mas vale fazer um esforço para manter conversas leves sobre assuntos amenos, como cinema, comida ou viagens.”

  • 5

    Troque o presente comprado no shopping por uma boa lembrança em comum –
    Que tal aproveitar a hora da distribuição dos presentes de Natal para quebrar o gelo de uma relação estremecida? A dica de Aratangy é presentear com uma boa lembrança que ambos compatilharam. “Escolha uma ocasião especial que tenha vivido com o familiar para compartilhar na forma de uma foto em um porta-retrato ou escrevendo o episódio em uma carta e dê como um presente mesmo, contando o quanto essa passagem foi marcante em sua vida. Aqui em casa criamos um amigo secreto de ‘troca de memórias’ e é sempre muito emocionante”, revela a terapeuta. “Com isso, ao invés de um objeto, você estará dando de presente um momento especial.”

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