O Essencial de Perigosas Sapatas

POR QUE LER?

“É tão difícil conhecer mulheres e, além disso, eu sou tão exigente!”, lamenta-se Mo, que há oito meses sem sexo, diz estar cansada do celibato. Na história seguinte, sentindo-se vítima de um corte de cabelo quase criminoso, no entanto, ela não entende “como as pessoas podem ficar por aí transando enquanto há tanta miséria e desolação no mundo.”

É navegando por essas contradições e pequenas obsessões cotidianas de suas personagens que a cartunista americana Alison Bechdel adentra o mundo de suas “perigosas sapatas”. Bechdel começou a publicar suas tiras de quadrinhos num jornal feminista em 1983, depois passou a contribuir regulamente com outras publicações. A autora só foi mesmo incluir personagens regulares — Mo e seu grupo de amigas — quatro anos depois.

Ainda que não conheça a HQ, talvez você já tenha ouvido falar no sobrenome da autora por aí. Um dos motivos pode ser o Teste Bechdel, que avalia o nível de representação feminina nas obras de ficção, e nasceu de uma tira dos quadrinhos. A metodologia é simples: uma obra é aprovada se, dentro dela, ao menos duas mulheres conversarem sobre algo que não seja um homem. Cerca de metade dos filmes hoje não passa no teste. A autora também é conhecida pela autobiografia em HQ “Fun Home” (Todavia, 2018), que ganhou o Prêmio Eisner e foi adaptada aos palcos num musical vencedor do Tony.

Em “O Essencial de Perigosas Sapatas”, Bechdel seleciona algumas das principais histórias que contou ao longo dos anos. Elas narram os encontros e desencontros de Mo e uma série de colegas e interesses amorosos que, conforme vão envelhecendo na caneta da escritora, refletem —verbalmente e por meio delas mesmas— as mudanças sociais, culturais e políticas dos Estados Unidos onde vivem.

• O Essencial de Perigosas Sapatas
• Alison Bechdel
• Todavia
• 416 páginas

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