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Veja 7 livros sobre mulheres que viajam sozinhas

Obras relembram viajantes e desbravadoras que acabaram apagadas pela história, tema que ganhou destaque com o trágico caso da publicitária Juliana Marins na Indonésia

Leonardo Neiva 10 de Julho de 2025

A trágica história da publicitária brasileira Juliana Marins, de 26 anos, que morreu após quatro dias desaparecida no Monte Rinjani, na Indonésia, acabou levantando um debate nas redes em torno da figura da mulher que viaja sem acompanhantes — com muita gente tentando inclusive culpabilizar a jovem pelo que aconteceu. Ao mesmo tempo, personalidades como Taís Araújo e Tamara Klink saíram em defesa de Juliana e da sua coragem de explorar o mundo e os preconceitos como uma mulher viajante e negra.

O tema, aliás, já vem sendo debatido na sociedade há algum tempo, com pensadoras e pioneiras no assunto colocando em xeque visões pré-concebidas e repletas de machismo sobre o lugar das mulheres no mundo do turismo. Inclusive, vários livros publicados nos últimos anos exploram esses tabus em torno da liberdade feminina de viajar, resgatando experiências de mulheres que viveram por conta própria e continuam vivendo jornadas impressionantes. A seguir, Gama reúne algumas dessas obras:

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    “Mulheres Viajantes”

    Sónia Serrano (Tinta-da-China Brasil, 2025)

    De Egéria, que no século 4 partiu da Península Ibérica à Terra Santa, às aventureiras que se lançaram em grandes navegações ou desbravaram os confins do Império Britânico, a autora conta a história de mulheres que, ao longo dos séculos, desafiaram convenções e viajaram o mundo sozinhas. Muitas inclusive tiveram que assumir identidades masculinas enquanto mapeavam regiões, descobriam novas plantas, tratamentos para doenças e tesouros arqueológicos.

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    “Flâneuse”

    Lauren Elkin (Fósforo, 2022)

    Walter Benjamin definiu o flâneur como um sujeito observador que errava pelo ambiente urbano na literatura europeia do século 19. Essa descrição, no entanto, deixa de fora as muitas mulheres que seguiam a mesma trajetória, mas que acabaram apagadas pelo machismo e a centralidade masculina da nossa cultura. É justamente essa figura da mulher andarilha no espaço público que a escritora franco-americana recupera em “Flâneuse”, com tradução de Denise Bottmann, obra em que mescla experiências pessoais aos relatos de autoras e artistas como Virginia Woolf e Jean Rhys, conhecidas por explorarem as cidades a pé.

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    “Nós: O Atlântico em solitário”

    Tamara Klink (Companhia das Letras, 2023)

    A navegadora Tamara Klink partiu em 2021, em plena pandemia, da França em direção à costa brasileira em seu pequeno veleiro Sardinha. É essa longa e solitária empreitada, na companhia apenas de seu caderno, que ela reconta em “Nós”, um emocionante retrato das pequenas vitórias e fracassos do percurso, acompanhado de longe por familiares, amigos e seguidores — ao final do qual ela se tornou a mais jovem brasileira a fazer a travessia sozinha.

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    “Mas Você Vai Sozinha?”

    Gaía Passarelli (Globo Livros, 2016)

    A pergunta do título reflete um dos questionamentos mais ouvidos por mulheres que decidem viajar sem nenhum tipo de companhia — algo muito mais normalizado em relação aos homens. Neste diário, Passarelli narra experiências como a vez em que foi consolada por uma xamã andino ou quando molhou os pés nas águas do mar do sul da Índia. Por meio de histórias como essas, a autora fala também sobre o que significa ser mulher e ser livre, relembrando que conhecer um lugar por conta própria é sempre um ato de coragem.

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    “Direito à Vagabundagem”

    Isabelle Eberhardt (Fósforo, 2022)

    Com organização da pesquisadora Paula Carvalho, esses textos da viajante suíça Isabelle Eberhardt nos convidam a mergulhar na psique de uma mulher que, em pleno século 19, desafiou os limites geográficos e de gênero da sociedade da época. Errante por natureza, ela publicou na imprensa francesa suas observações enquanto perambulava pelo norte do Magrebe africano. Trajando-se como homem em tradicionais vestimentas argelinas, ela fez constantes críticas à Europa e, mais tarde, se converteu ao Islã.

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    “Primeiro Eu Tive Que Morrer”

    Lorena Portela (Planeta de Livros, 2023)

    Apesar de ficcional, o romance da escritora cearense ressoa com a realidade das condições contemporâneas de trabalho e de vida para as mulheres no Brasil. A jovem publicitária que protagoniza a obra acaba se refugiando em Jericoacoara (CE), após um quadro de burnout. É ali, entre dias ensolarados e mergulhos no mar, que ela se reconecta com a natureza, com outras mulheres e com a paixão, enquanto começa a refletir sobre um mundo cada vez mais pautado em relações abusivas e um distanciamento inerente.

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    “Volta ao Mundo em 72 Dias”

    Nellie Bly (Ímã Editorial, 2021)

    No livro “A Volta ao Mundo em 80 Dias”, o escritor francês Júlio Verne revolucionou a literatura de viagem e a própria visão sobre as fronteiras geográficas no século 19. No entanto, apenas 16 anos após a publicação original, foi justamente uma mulher quem desafiou e superou o prazo do título, dando sua própria volta ao mundo em meros 72 dias. Com tradução de Carla Cardoso, a obra traz o relato da jornalista e desbravadora norte-americana que, aos 24 anos e munida só com uma mala, realizou uma das jornadas mais impressionantes de sua época, lutando contra o tempo e também contra o forte machismo, que colocou em dúvida suas capacidades a cada curva do caminho.

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