Na literatura da britânica Charlotte Higgins, a mitologia grega se torna uma longa tapeçaria tecida a muitas mãos. São elas e suas vozes correspondentes que ganham protagonismo em “Mitos Gregos” (Zahar, 2022), uma releitura de várias das histórias ancestrais sob a perspectiva das personagens femininas. Da deusa Atena à maga Circe, elas vão recriando contos de amor, aventura e magia tanto na posição de narradoras como de protagonistas. (Leonardo Neiva)
Livros de memórias com receitas não são novidade, mas são (quase) sempre deliciosos. E é o que prometem os pratos que o ator Stanley Tucci, par de Meryl Streep em "Julie & Julia" e "O Diabo Veste Prada", ensina em "Sabor" (Intrínseca, 2022). Há as de família, como o ragu Tucci, com carne de boi e costela de porco cozidos lentamente; mas o mais legal é quando elas são narradas menos objetivamente, como sua versão do clássico carbonara. (Isabelle Moreira Lima)
Finalista do Booker Prize 2021, o livro da britânico-canadense tem ares conhecidos por seus leitores: a protagonista é uma escritora de meia-idade que fala de temas como arte, literatura, beleza e maternidade. Desta vez, porém, a narrativa se dá toda dentro de uma casa, onde M, que vive com o marido e a filha, hospeda um prestigiado pintor. A história é inspirada nas memórias da escritora americana Mabel Dodge Luhan (1879-1962). (Betina Neves)
Não existe nada que se iguale à puberdade. E é esse momento tão peculiar na vida de qualquer pessoa que a escritora e produtora de cinema Maria Lutterbach decidiu retratar em “Baixo Araguaia” (Quelônio, 2022), seu romance de estreia. Na obra, a protagonista sem nome narra suas transformações como uma metamorfose em bicho, desde uma troca metafórica de pele até a percepção dos novos cheiros que tomam seu corpo. (Leonardo Neiva)