Nem mesmo o isolamento social foi capaz de conter manifestações do movimento negro que varreram as cidades norte-americanas nos últimos dias. "Vidas negras importam" é também a mensagem transmitida pelo cineasta americano Spike Lee em seu novo filme “Destacamento Blood”. Selecionado para estrear no Festival de Cannes, que foi cancelado pela pandemia, o longa chega às telas de casa pela Netflix nesta sexta-feira (12). A história, de quatro veteranos de guerra que retornam ao Vietnã em busca de uma riqueza escondida, vai além da caça ao tesouro. Exibe também a visão de Lee sobre como a guerra afetou a vida dos homens negros, obrigados a lutar por uma causa que não era a sua. O recorte da década de 1970 faz repensar sobre o que se vive hoje, uma especialidade do cineasta.
Crônicas de Ana Paula Maia, Cidinha da Silva, Geovani Martins e Itamar Vieira Junior; filmes da atriz e diretora Helena Ignez e do cineasta Takumã Kuikuro; vídeos dos artistas Edgar e Leona Vingativa e do fotógrafo Marcelo Rocha; e uma apresentação musical da Família Ernest Dias estão entre os primeiro trabalhos do programa IMS Convida. O Instituto Moreira Salles concebeu o programa como uma forma de dar apoio à prática artística durante a quarentena. Cerca de 60 artistas e coletivos produziram obras inéditas que levaram em conta a pluralidade e a diversidade do Brasil, que serão publicadas diariamente na plataforma. Na lista estão ainda nomes como os rappers Brô MCs, o cartunista Angeli, o cineasta Karim Aïnouz, o fotógrafo Roger Cipó e o coletivo Slam das Minas.
David Lynch se tornou um YouTuber. Em seu canal, onde posta previsões do tempo diárias, lançou o curta de animação “Fire(Pozar)”, escrito, desenhado e dirigido por Lynch em 2015. O filme de dez minutos de duração é fruto da parceria do diretor com o músico polonês Marek Zebrowski e o animador japonês Noriko Miyakawa. Ainda que tentar explicar uma obra de Lynch em algumas linhas seja perda de tempo, aqui vai: árvores, tempestades e criaturas inomináveis tomam a tela na animação em preto e branco, que lembra um teatro de sombras. O curta pode ser visto no YouTube.
Um dos grandes problemas do nosso tempo, a crise dos refugiados é discutida por um viés mais humanista. “Aeroporto Central”, novo documentário do cineasta cearense Karim Aïnouz (“Madame Satã” e “A Vida Invisível”), conta a história de pessoas que saíram do Oriente Médio e acabaram habitando um antigo aeroporto nazista, hoje um asilo para milhares de refugiados. O filme ganhou o prêmio da Anistia Internacional da Mostra Panorama, no 68º Festival de Berlim, e está disponível em diversas plataformasdigitais.
Godard, Truffaut ou Rohmer? E qual seu filme francês favorito? Se você não sabe o que responder quando esse papo começa (ou, ainda, se é a pessoa que puxa esse tipo de papo), o “Festival Varilux Em Casa” é feito para você. Após o cancelamento da edição de 2020, o Festival Varilux optou por disponibilizar o acervo de filmes exibidos nas últimas edições de forma gratuita. São 50 títulos que vão da mais boba comédia, como “A Última Loucura de Claire Darling”, a thrillers, como “Branca Como a Neve”. Para assistir aos filmes, é preciso acessar o site e se cadastrar.
No momento em que o perigo das fake news pode custar vidas e que se vive o distanciamento social como regra, o Festival É Tudo Verdade resolve não adiar sua realização totalmente (alguns filmes serão projetados em setembro) e disponibiliza 31 documentários em streaming. O diretor e fundador do festival, Almir Labaki, diz inclusive que, no ano em que comemora a 25ª edição, num contexto de desinformação, nunca se fizeram tão necessários documentários de qualidade. Ao todo, são 64 horas de cinema que incluem títulos clássicos premiados em outras edições como ‘A Pessoa É Para o Que Nasce’, de Roberto Berliner; ‘Nós Que Aqui Estamos, Por Vós Esperamos’, de Marcelo Masagão; ‘A Negação do Brasil’, de Joel Zito Araújo; e ‘Rocha que Voa’, de Eryk Rocha. Há ainda uma homenagem a Zé do Caixão e um programa com títulos apenas de diretoras, como Renata Druck, Helena Solberg e Veronique Ballot.