3
Podcast da semanaGeni Núñez: "A monogamia traz uma obsessão com a sexualidade"
Psicóloga, escritora e ativista indígena Guarani que aborda as relações não monogâmicas em sua pesquisa, defende que monogamia é herança da colonização e que estamos mais abertos a outras formas de amar
- @gamarevista
- brasil
- comportamento
- cultura
- política
- sociedade
Geni Núñez: “A monogamia traz uma obsessão com a sexualidade”
Psicóloga, escritora e ativista indígena Guarani que aborda as relações não monogâmicas em sua pesquisa, defende que monogamia é herança da colonização e que estamos mais abertos a outras formas de amar
Quem segue a psicóloga, ativista indígena Guarani e escritora Geni Nuñez no Instagram reconhece que ela é uma voz importante na defesa da não monogamia. Geni escreve de maneira simples e direta sobre o tema, apresentando a filosofia dessa forma de se relacionar. O que ela também fez em livros. Em “Descolonizando Afetos — Experimentações sobre outras formas de amar” (Paidos, 2023), faz uma vasta pesquisa histórica e política da monogamia e apresenta a não monogamia como alternativa.
- MAIS SOBRE O ASSUNTO
- Mais ou menos monogâmicos
- Ana Suy: “Traição: não dá pra fingir que nada aconteceu”
- Janet Hardy: “Abrir um relacionamento exige uma quantidade enorme de conversas e reflexões”
Num passado pré-colonização, no Brasil, o comum era ser não monogâmico. Até que os portugueses chegaram e, com a catequização, instauraram a monogamia. A psicóloga, que tem doutorado no Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas pela Universidade Federal de Santa Catarina, escreve que “ser monogâmico era parte de um projeto de civilização. Outras práticas que fugissem desse modelo eram vistas como atrasadas, selvagens, como animalescas, como algo da ordem de uma heresia”.
Trazendo a discussão pro século 21, Nuñez acha que a não monogamia entrou em debate mais acalorado por “uma certa crise dos paradigmas hegemônicos”. “A gente vê, por exemplo, debates sobre a questão ambiental, sobre as questões de gênero, sexualidade, a luta antirracista, a luta pelos direitos ao território. Tudo isso faz parte de um contexto político que, de alguma maneira, possibilita que alguns debates, que antes eram mais silenciados do que hoje, possam ter alguma reverberação.”
Receba nossos melhores conteúdos por email
Inscreva-se nas nossas newsletters
Obrigada pelo interesse!
Encaminhamos um e-mail de confirmação
Para a pesquisadora, a monogamia tem relação direta com uma moral cristã herdada da colonização. “O que a monogamia traz, junto de todo esse moralismo cristão que permanece no nosso território, é uma obsessão com a sexualidade”, afirma. “É difícil pensar que é uma escolha pessoal você decidir o que outra pessoa vai fazer da sexualidade dela. (…) A ideia de traição é referendada por aquilo que o outro fez do próprio corpo.”
Em seu último lançamento, “Felizes por Enquanto: Escritos sobre outros mundos possíveis” (Planeta, 2024), Nuñez aborda o tema de forma ainda mais fácil, por meio de poemas. Você pode ler um trecho aqui.
Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima
No link abaixo e também no Deezer, no Spotify, no Apple Podcast e no YouTube, você escuta este episódio.
- Felizes por Enquanto: Escritos sobre outros mundos possíveis
- Geni Núñez
- Ed. Planeta
- 153 páginas
Caso você compre algum livro usando links dentro de conteúdos da Gama, é provável que recebamos uma comissão. Isso ajuda a financiar nosso jornalismo.
-
CAPA Onde está o amor?
-
1Depoimento Por que você desistiu dos aplicativos de relacionamento?
-
2Reportagem Está atrás de um amor? Não se feche a encontrar amigos
-
3Podcast da semana Geni Núñez: "A monogamia traz uma obsessão com a sexualidade"
-
45 dicas Como se reencontrar com o seu amor?
-
5Bloco de notas Livros recentes que tratam de amor