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DepoimentoPor que você desistiu (ou pensa em desistir) dos aplicativos de relacionamento?
Dificuldade de conversar por mensagem, conexões superficiais e até situações desrespeitosas fizeram essas pessoas abandonarem, ou darem um tempo, da busca por parceiros online
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Por que você desistiu (ou pensa em desistir) dos aplicativos de relacionamento?
Dificuldade de conversar por mensagem, conexões superficiais e até situações desrespeitosas fizeram essas pessoas abandonarem, ou darem um tempo, da busca por parceiros online
Seja para encontrar um parceiro esporádico, um caso de uma noite só ou o amor da sua vida, os aplicativos de relacionamento — como Bumble, Tinder, Grindr, Umatch entre outros — prometem ajudar a vida amorosa ou sexual de seus usuários. Mas será que atingem esse objetivo? Experiências frustradas de adultos de todas as idades mostram as falhas das plataformas e do modelo de conexão proposto por elas.
Para entender de onde vem a decepção com esses aplicativos, Gama coletou depoimentos de quem frequenta ou costumava frequentá-los. Confira:
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“Por ser PCD [pessoa com deficiência], acabava passando por algumas situações de capacitismo”
Lueni Vilas, 37, terapeuta holística
“Nunca curti muito apps de encontro. Por ser PCD [pessoa com deficiência], acabava passando por algumas situações de capacitismo. No início não mencionava na bio, mas, quando falava que era PCD, o cara muitas vezes mudava e perdia o interesse. Depois passei a incluir na bio e percebi que a quantidade de matches diminuiu, apesar de já ter tido alguns encontros bem-sucedidos e namorado alguém que conheci no app. Percebi que os homens com quem saí nesses últimos dois anos tinham um perfil de love bombing [tática de manipulação emocional com demonstração excessiva de afeto no início de um relacionamento] e eram extremamente egoístas. Um já me deixou presa na casa dele enquanto ia para um encontro com outra mulher; outro me pediu em namoro no primeiro encontro. Teve um que disse que não sabia se queria me conhecer por eu ser PCD, alegando que não podia cuidar de mim — sendo que não preciso de cuidados especiais e nem estava procurando cuidador. Muitos têm traços de narcisismo e psicopatia. Ficar no app começou a afetar a minha autoestima, me senti vulnerável em dar brecha para homens a quem eu nunca daria abertura. Desde que saí me sinto melhor, preferindo conhecer na moda antiga, pessoalmente.” (depoimento a Leonardo Neiva)
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“Acho muito ruim aparecer como em uma loja, em uma vitrine”
Clara Canepa, 38, editora de imagem
“Eu não acho que a gente deva desistir [dos aplicativos de relacionamento] porque o algoritmo funciona mesmo, a gente não vai achar essas pessoas por conta. Tenho muitos exemplos de amigos que se encontraram no Bumble e deram certo. Por mais que sejam pessoas que você poderia encontrar no mundo real, no fim você não encontrou. É uma pessoa que está ali por perto e o aplicativo faz com que você se conecte com ela. Mas eu tenho muita preguiça e acho muito ruim aparecer como em uma loja, em uma vitrine; além disso me incomoda escolher o que eu quero mostrar e dizer de mim mesma, ou o que eu quero de uma pessoa.” (depoimento a Luara Calvi Anic)
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“Dei match com uma pessoa que tinha um relacionamento aberto e, logo de cara, ela me sugeriu um ménage com ela e o namorado”
Bárbara Bigas, 21, estudante
“O principal motivo que me fez desistir foi perceber que lá eu encontrava pessoas que queriam coisas muito rápidas e corridas, só que eu sempre gostei de conversar bastante com alguém antes de sair pra um date. Teve uma situação em que eu dei match com uma pessoa que tinha um relacionamento aberto e, logo de cara, ela me sugeriu um ménage com ela e o namorado. Fiquei superconstrangida. Eu mal conhecia ela e não tive tempo pra desenvolver um interesse. Fui tentando dar uma desconversada. Aí teve uma hora que eu finalmente falei que era demissexual [pessoa que sente atração sexual apenas depois de estabelecer uma conexão emocional com alguém] e, então, ela parou de me responder, só comprovando que realmente queria uma coisa pra ontem. E eu sei que não existe só gente assim nos apps, mas, infelizmente, pelo menos na minha experiência, elas eram maioria. Então acabei perdendo a paciência e decidi investir em pessoas que eu já conhecia e tinha interesse ou naquelas com quem eu poderia construir uma relação de forma presencial, principalmente. Tem também o ponto de que é muito difícil manter as conversas online. As pessoas com frequência somem ou desistem de te responder, ainda que você esteja num papo legal com elas. Então, eu acabava criando uma expectativa e, quando não dava em nada, me frustrava e ficava pensando: ‘Poxa, se ela me respondesse, a gente poderia sair e seria tão legal’. No fim do dia, eu tinha mais experiências frustrantes e mal-sucedidas do que boas. Aí eu parei de tentar. Cheguei a desinstalar o app pra não ficar entrando.” (depoimento a Sarah Kelly)
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“Gostaria de expandir mais as possibilidades, sem ficar presa a esse catálogo virtual cheio de pré-julgamentos”
Ana S., 36, designer
“Nos aplicativos acabamos nos vendo como parte de um catálogo virtual. Muitas vezes, fico passando as fotos e me pergunto: ‘Sério que ela escolheu essa para ser a primeira foto?’. Tenho certeza de que são pessoas interessantes, com quem adoraria conversar numa mesa de bar. O problema é que o aplicativo cria essa distância, justamente por causa desse julgamento instantâneo. Todos estamos cheio de armaduras, e com tantas opções disponíveis, acabamos filtrando e selecionando demais. Por outro lado, quando você encontra alguém que parece fazer parte da sua bolha – seja porque já a viu em algum rolê, é amiga de amigos, ou porque têm gostos em comum – a coisa muda. Mas não é só isso que me interessa. Eu gostaria de expandir mais as possibilidades, sem ficar presa a esse catálogo virtual cheio de pré-julgamentos. Desisti de usar aplicativos de forma natural, especialmente depois do meu último relacionamento. Conheci essa pessoa através de amigos de amigos, e achei interessante essa dinâmica. Você já tem uma referência, um respaldo. Acho que os aplicativos ajudam nesse sentido, permitindo que você veja pessoas que talvez já conheça, o que pode ser um ponto positivo. Atualmente não estou buscando alguém. Estou supersatisfeita e feliz em estar sozinha, uma situação que tenho desejado. Continuo aberta para o que vier, então, se conhecer alguém muito legal e me apaixonar, bora, vamos nessa. Não estou fechada para isso, mas cansei de ficar rolando, como no TikTok, numa coisa tão superficial que você deixa de conhecer as pessoas de verdade. Às vezes, queria algo como um Grindr para mulheres, rápido e fácil, sem precisar bater tanto papo — como uma noite na balada, mas sem ir para a balada. Relacionamentos lésbicos têm essa camada de conversar muito, conhecer, se apaixonar antes de realmente conhecer, criando idealização. Gostaria de um app que facilitasse encontros casuais, tipo: ‘Vem aqui tomar uma cerveja, fazer algo, ficar de boa’. Algo rápido, sem ter que repassar minha vida toda vez que encontro alguém novo.”(depoimento a Amauri Terto)
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“Você vai meio que só pelo físico, pela foto que aparece, que às vezes nem sabe se é real”
pessoa que preferiu não se identificar, estudante, 19 anos
“Tive uma péssima experiência com aplicativos de relacionamento. O primeiro que usei foi o Umatch, que é só para universitários. É esquisito porque você fica vendo várias pessoas como se estivesse numa prateleira de uma loja e vai avaliando. O Umatch achei particularmente estranho porque encontrei pessoas que eu conhecia, de círculos próximos, com quem esse tipo de aproximação não aconteceria pessoalmente. E aí não caiu muito bem. Mas o pior que eu tive contato foi o Grindr, para pessoas gays, nele é de fato como se você estivesse se vendendo e escolhendo atributos das pessoas com quem quer se relacionar. Você pode usar filtros para ver quais pessoas ao seu redor se encaixam ao seu gosto ou não. Só que esses filtros não são de personalidade, são mais de características físicas, o que é muito estranho. Não é como se você tivesse conhecido alguém, achado essa pessoa legal e se interessado por ela. Você vai meio que só pelo físico, pela foto que aparece, que às vezes nem sabe se é real….” (depoimento a Sarah Kelly)
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CAPA Onde está o amor?
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1Reportagem Está atrás de um amor? Não se feche a encontrar amigos
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2Depoimento Por que você desistiu dos aplicativos de relacionamento?
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3Podcast da semana Geni Núñez: "A monogamia traz uma obsessão com a sexualidade"
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45 dicas Como se reencontrar com o seu amor?
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5Bloco de notas Livros recentes que tratam de amor