Boné de crochê
Feito à mão, o acessório virou sinônimo de estilo e, hoje, vive na cabeça de jovens chavosos das periferias paulistanas
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O QUE É
Um boné feito artesanalmente de crochê que, desde a década de 1990, faz a cabeça de jovens das periferias de São Paulo, de geração em geração. Até pouco tempo marginalizado, hoje o acessório é um item de estilo indispensável para compor o look de garotas e garotos das quebradas paulistanas. Personalizadas, as bombetas podem ser produzidas em diversas cores e bordadas de inúmeras formas: com logotipos de times e torcidas organizadas de futebol e de marcas famosas como Gucci e Hugo Boss, para montar aquele visual chave-ostentação, além de personagens de videogames, desenhos animados e filmes — vai do gosto e da criatividade do freguês. A moda do chapéu estilizado com técnicas de costura da vovó não fica restrita às ruas. Nas redes sociais, sobretudo no TikTok e no YouTube, há uma gama de postagens com a #bonésdecrochê, inclusive de rapazes, principalmente, ensinando o passo a passo para a confecção do artigo. O canal de vídeos Pontos da Liberdade, que conta com mais de cem mil inscritos, é um dos exemplos que comprova o sucesso que o adereço tem feito por aí.
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QUEM FEZ
Não se sabe quem criou o boné de crochê, porém há pistas de que os primeiros modelos foram confeccionados nos anos 1990 dentro de presídios paulistas. Naquela época, as unidades prisionais do estado ampliaram o oferecimento de atividades educativas e artesanais, fazendo com que uma porção de detentos com agulhas em mãos aprendesse a técnica, produzisse os bonés e enviasse as peças para serem vendidas fora das cadeias por familiares. A partir daí, o produto passou por uma marginalização, sendo chamado, por exemplo, de “boné de cadeia”. Muita gente das quebradas conta que, naquele tempo, ao usar o artigo, o enquadro policial estava garantido. Anos mais tarde, em 2019, precisamente, o item entrou na moda para valer ao ser usado e ostentado por funkeiros que iam aos bailes trajando suas bombetas feitas à mão.
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POR QUE SÃO TÃO DESEJADOS
Porque além de ser um produto totalmente personalizável — há bonés de cores e bordados de tudo quanto é tipo —, ele caiu nas graças de MCs da nova geração, que possuem coleções desses tipos de chapéus, fazendo com que jovens das periferias queiram ostentar também essas peças. Entre os amantes do acessório estão artistas como Kayblack e MC Kauan. Ao lado dos óculos Juliet, da camiseta da Lacoste e das sandálias Kenner, o boné de crochê virou sonho de consumo para esse nicho da juventude que investe em um visual chavoso.
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VALE?
No geral, o preço de um boné de crochê feito por jovens artesãos costuma variar entre R$ 100 e R$ 200 — podendo chegar até R$ 300, dependendo da dificuldade do bordado escolhido. Se você tem um estilo chave, gosta de peças exclusivas, feitas à mão, e de prestigiar produtores locais, super vale investir no acessório.
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ONDE COMPRAR
Nas redes sociais, não é difícil encontrar perfis de crocheteiros profissionais que colocam sua arte à venda, como o Crochê de Vilão, o Crochê 777, o Crochê do MK e o Crochê do RD.