Bola de tênis
Criada junto com o esporte, a bola que já passou pelas mãos de grandes atletas só foi padronizada na cor amarelo fosforescente na década de 1970
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O que é
Durante um ponto duramente disputado em Roland Garros, essa pergunta é meio impossível de responder. Mas, se a bola de tênis estiver simplesmente parada, pulando vagarosamente no chão ou nas mãos de um atleta pronto para dar início ao seu serviço, talvez você consiga reparar melhor em sua coloração amarela fosforescente — cor obrigatória em eventos oficiais — ou na linha branca e curva que a corta harmoniosamente. Feita de borracha em sua parte interna, cheia de gás no centro, o que possibilita seu efeito quicante, e revestida de um feltro peludo, que aumenta a durabilidade e o controle sobre sua trajetória, ela é hoje um dos mais vistosos e estéticos exemplares de bolas esportivas. Também costuma ser armazenada em tubos pressurizados, que evitam vazamento do ar interno da bolinha. Embora longe das quadras ela acabe se prestando a certas indignidades, como terminar na boca babada de um cão ou nos pés de um andador — como o utilizado pelo senhor Carl na animação “Up: Altas aventuras” (2009) —, quando em campo, a bola de tênis reina soberana. Inclusive criando cenas curiosas, como arquibancadas inteiras de gente virando rapidamente o rosto para não perder um único movimento da bolinha. Mas seu destino nos circuitos profissionais nem sempre é dos mais felizes: ela costuma ser descartada no máximo após nove pontos disputados. Afinal, os melhores jogadores do planeta não podem se dar ao luxo de lidar com as deformações que, inevitavelmente, tomam conta da bola após um curto período de uso.
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Quem fez
A bola de tênis não pode ser creditada a um único inventor. Na verdade, ela foi resultado de uma criação coletiva, ainda que aqueles que integraram essa rede não tivessem consciência disso na época. Foi o químico e engenheiro norte-americano Charles Goodyear quem descobriu em 1839 a borracha vulcanizada, que viria a rechear a bolinha. Um grupo de inventores alemães desenvolveu as bolas de borracha cheias de ar. E o advogado inglês John Moyer Heathcote deu toque final à criação, revestindo-a de tecido. Heathcote era então jogador assíduo de um esporte chamado tênis real, modalidade com raquete associada à nobreza medieval. O advogado ajudou inclusive a definir as regras do tênis como conhecemos. Embora tecnicamente as bolas pudessem possuir qualquer coloração até ali, em 1972 a ITF (Federação Internacional de Tênis) recomendou aos torneios que passassem a usar a cor amarela. O motivo foi o início das transmissões de jogos em TVs a cores e a extrema dificuldade dos telespectadores para enxergar a bolinha na tela.
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Por que é tão desejado
Fora das quadras, a bola de tênis pode até ser bastante apreciada por leigos e sedentários devido a suas cores nada discretas, à estética única e às capacidades aerodinâmicas. No entanto, é dentro de torneios como Wimbledon ou Roland Garros que algumas das maiores estrelas do esporte, a exemplo de Rafael Nadal, Venus Williams, Bia Haddad — e, até bem recentemente, sua irmã Serena e Roger Federer — fazem de tudo para alcançá-la e imprimi-la no chão do lado de seu adversário. Seja numa quadra dura, de grama ou saibro, com o potente saque de Maria Esther Bueno ou sob os urros de Gustavo Kuerten, a bola de tênis já passou pelas mãos e raquetes de campeões históricos. Vistosa e carismática, cada unidade pode até permanecer pouco tempo em quadra, mas certamente deixa sua marca em todo jogo.
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Vale?
Apesar de muito apreciado por aqui, com um histórico de tenistas brasileiros campeões, o esporte ainda é constantemente associado às classes mais abastadas. O acesso a quadras de tênis não é exatamente generalizado no Brasil, além de ser uma modalidade que requer muito mais estrutura para ser praticada do que o futebol, que precisa apenas de uma bola e um espaço vazio. Improvisar uma rede de tênis também não é tão fácil quanto botar dois objetos quaisquer no chão e dizer: aqui está o gol. Nada disso é culpa da bola de tênis, que sai dezenas de vezes mais barata do que a própria raquete, mas ela infelizmente não pode fazer tudo sozinha.
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Onde comprar
Qualquer loja de itens esportivos ou grande rede de varejo online vende bolas de tênis avulsas e em kits contendo de três a centenas de unidades. As versões mais baratas podem custar por volta de R$ 10 e mesmo as mais caras e profissionais raramente passam de R$ 20 a unidade.