As crianças e os adolescentes no Brasil e o direito ao futuro

Elas representam mais de um terço da população do país, mas quase nunca estão nos discursos de políticos. Segundo dados do IBGE, cerca de 70 milhões de brasileiros são crianças e adolescentes, com idade entre 0 e 19 anos. Um contingente pouco maior do que as populações de países como a França ou a Itália, mas que, em geral, não figura entre as prioridades dos governantes.

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Não que a proteção a esses brasileiros não esteja prevista em lei. Está na Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU, ratificada pelo Brasil, e também na nossa Constituição, que diz que é dever do Estado garantir os direitos fundamentais de crianças e adolescentes. Está ainda em normas como o Estatuto da Criança e do Adolescente e no Marco Legal da Primeira Infância.

Mas a despeito de todas essas garantias legais, boa parte das crianças brasileiras está longe de ter direitos básicos assegurados. São as vítimas indiretas da pandemia da covid-19: muitas ficaram órfãs ou vivem em lares de adultos que perderam suas rendas —mais de 9 milhões delas, até 14 anos, vivem em situação de pobreza extrema. Isso sem falar nas dificuldades de manter os vínculos com a escola durante o isolamento social.

Neste mês de outubro, Gama se une à Alana, organização que promove o desenvolvimento integral da criança, para discutir alguns dos temas mais urgentes para garantir que crianças e adolescentes tenham direito a um futuro no presente.

A série de reportagens ouvirá especialistas de diferentes áreas, além das próprias crianças, para ajudar pais e filhos a refletir sobre temas como a importância da relação com a natureza, como os pequenos podem ser agentes de transformação social, como fazer da internet um lugar mais seguro e a experiência de escolas antirracistas.

Para a diretora-executiva do Alana, Isabella Henriques, a parceria contribui para ampliar discussões contemporâneas relevantes, que afetam diretamente as múltiplas infâncias no país e para tirá-las da invisibilidade.

“Debater temas como a educação antirracista, o impacto das novas tecnologias digitais e a emergência climática nas vidas das diferentes infâncias no país não só é urgente, como obrigatório. Precisamos, como nação, encontrar caminhos para garantir que as crianças no Brasil não sejam vistas somente como uma promessa ou o futuro do país, mas que tenham seus direitos fundamentais efetivados hoje.”

Flavia Doria, também diretora-executiva da organização, reforça o papel das conexões, de fortalecer a diversidade de olhares que as diferentes experiências de ser criança no país exigem. “Se temos uma convicção é a de que é possível, sim, transformar essa realidade, envolvendo mais e mais pessoas em favor desse grande movimento por um país que acolha de forma exemplar essas diferentes infâncias, com as suas peculiaridades e sutilezas.”

“A série apoiada pelo Alana traz para o universo de Gama temas fundamentais para pensar o mundo contemporâneo – como meio ambiente, tecnologia e relações raciais – a partir da perspectiva de crianças e adolescentes. As publicações ao longo do mês olham para essa parcela da população sempre como sujeitos de direitos e protagonistas de transformações essenciais, trazendo reflexões não apenas necessárias, mas urgentes para o conjunto da sociedade”, afirma a publisher e diretora-geral da Gama, Paula Miraglia.

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Confira, a seguir, um resumo dos conteúdos que serão publicados ao longo do mês a partir desta terça (12), Dia das Crianças:

Agentes de transformação

Na abertura da série, você conhecerá um grupo de crianças e adolescentes que fazem a diferença em seu grupo social e se tornaram protagonistas sobre grandes questões que dizem respeito à infância hoje.

A importância da relação com a natureza

Quando o tema é a emergência climática, as crianças e adolescentes são as grandes vítimas a sofrerem com mais força os impactos negativos da crise, ao mesmo tempo em que vêm mostrando protagonismo na defesa do meio ambiente. Qual a importância e os benefícios de se ter uma relação mais estreita com a natureza? Quais os desafios de conseguir essa conexão nas grandes cidades? São algumas das questões abordadas na reportagem.

Como fazer da internet um lugar mais seguro

Se a máxima “não fale com estranhos” ainda vale para o mundo físico, o mundo digital apresenta desafios mais complexos quando o assunto é segurança. Do youtuber favorito do seu filho aos aplicativos que sua filha mais usa, a internet é capaz de influenciar as crianças e, de quebra, coletar dados sobre eles desde pequenos. Como enfrentar os desafios dessa realidade ao mesmo tempo em que as telas se tornaram indispensáveis nesse período de pandemia? Especialistas em segurança de dados, psicólogos e educadores explicam como fazer que as crianças sejam protegidas na internet — e não da internet.

A experiência das escolas antirracistas

Como segundo espaço de socialização da criança, depois da família, a escola é o seu primeiro território de encontro com outras diferentes do seu círculo familiar, com a diversidade. Por isso, tem um papel fundamental na construção de relações antirracistas desde a infância. Pais e adolescentes que participam do movimento de combate ao racismo nas escolas contam como é a atuação, os resultados que já alcançaram e quais os grandes desafios a serem superados.

Apoio institucional

Este conteúdo é parte da série “Crianças e adolescentes têm direito a um futuro no presente”, que tem o apoio da Alana, organização de impacto socioambiental que promove o direito e o desenvolvimento integral da criança e fomenta novas formas de bem viver.