Filmes sobre ondas migratórias
Gama selecionou obras cinematográficas para entender o impacto das jornadas de exílio na vida de quem as atravessa
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Baseado em uma missão real de resgate de judeus etíopes, “Missão no Mar Vermelho” (2019) retrata a operação do Mossad, agência de inteligência de Israel, para recuperar judeus etíopes fugindo da guerra civil no Sudão, em 1977. O filme acompanha Ari Levinson (Chris Evans), agente que lidera o plano de atravessar o Mar Vermelho e levar refugiados a Israel, com um plano que envolvia alugar um resort na costa sudanesa e criar uma fachada turística para esconder a missão. A obra dirigida por Gideon Raff está disponível na Netflix.
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“Flee – Nenhum Lugar para Chamar de Lar” (2021) apresenta a desconexão sentida por seu protagonista desde o subtítulo que ganhou aqui no Brasil. Uma junção extremamente criativa de documentário, ficção e animação, o longa indicado a três Oscars conta a história de Amin, um homem prestes a se casar. É nesse momento que ele compartilha pela primeira vez com um jornalista — o próprio cineasta dinamarquês Jonas Poher Rasmussen, diretor do longa — seu passado oculto, que inclui uma complexa fuga do Afeganistão, seu país natal, e a juventude difícil que viveu na Dinamarca, onde chegou como refugiado. Da perda dos laços familiares às barreiras para viver de forma plena sua homossexualidade, o filme explora o trauma e a desconexão comumente enfrentados pelos refugiados, numa jornada de reencontro narrada de maneira bastante emocionante. Disponível no Prime Video.
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O Darién é uma floresta tropical que fica entre a Colômbia e o Panamá. Por lá, centenas de milhares de pessoas já enfrentaram doenças, fome, sede, roubos, sequestros, estupros e afogamentos na busca por uma vida melhor. É essa realidade crua que o curta documental “El Maldito Darién” (2024) representa durante cerca de 10 minutos bastante reveladores. Acompanhando a jornada a pé do artista brasileiro Fabrício Brambatti por aquela que é conhecida como “a selva da morte”, o filme mostra as dificuldades de um grupo de imigrantes que arriscam suas vidas na travessia de uma América à outra, uma das mais perigosas do mundo. O curta é realizado pelo próprio Brambatti, pela cineasta brasileira Carol Pires e pelo fotógrafo italiano Tomaso Protti. Disponível no YouTube.
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A luta de uma família de imigrantes sul-coreanos para viver o tão desejado sonho americano. Na superfície, o longa “Minari: Em Busca da Felicidade” (2021), com direção de Lee Isaac Chung, indicado a seis Oscars, soa como mais um filme a representar somente as muitas dificuldades de quem se muda para um país estrangeiro buscando melhorar de vida. No entanto, ele vai muito além disso. A trajetória da família Yi no Arkansas, onde o pai quer plantar e comercializar vegetais sul-coreanos, é também uma jornada sobre afeto, conexão familiar e sobre a resiliência que faz com que tantos imigrantes continuem lutando no mundo todo, mesmo sob as condições mais adversas. Parcialmente baseado na experiência de vida do diretor, o filme conta com atores como Steven Yeun e Youn Yuh-jung, vencedora do Oscar por sua interpretação como a carismática avó da família. Disponível no Prime Video.
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O artista plástico, arquiteto, ativista político e documentarista chinês Ai Weiwei acompanhou, ao longo de um ano, crises migratórias em 23 países. O resultado dessa intensa e extensa observação é o filme “Human Flow: Não Existe Lar se Não Há para Onde Ir” (2017), que apresenta uma série de histórias que se espalham pelo mundo, em locais como Afeganistão, Bangladesh, França, Grécia, Alemanha, Iraque, Itália, Quênia, México e Turquia. A obra apresenta o que é ser refugiado e o que leva alguém a abandonar a casa, o trabalho, familiares, um país e uma identidade para buscar acolhimento em lugares totalmente desconhecidos. Os motivos são inúmeros, e todos tristes: guerras, perseguições políticas, violações, miséria, racismo e intolerância religiosa. O documentário retrata a busca desesperada dessas pessoas por segurança, abrigo, dignidade e justiça, mostrando coragem, resistência e adaptação. Disponível no YouTube.
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Em “Aeroporto Central” (2018), o cineasta cearense Karim Aïnouz documenta por um ano o cotidiano de pessoas em busca de asilo na Alemanha. Durante esse período, refugiados se instalaram no interior do aeroporto de Tempelhof, em Berlim — hoje desativado mas que já foi uma das mais célebres construções nazistas —, à espera de uma autorização para permanecerem legalmente no país. O filme foca em duas figuras: o jovem estudante sírio Ibrahim e o fisioterapeuta iraquiano Qutaiba. Enquanto se ajustam ao dia a dia transitório, com entrevistas com o serviço social, aulas de alemão e exames médicos, eles tentam lidar com a saudade de casa e a ansiedade sobre como será o futuro dali para frente. Disponível no YouTube.
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Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes, “Dheepan – O Refúgio” (2015), dirigido pelo francês Jacques Audiard (sim, o mesmo do musical “Emilia Pérez”), acompanha a trajetória de três pessoas que fogem do Sri Lanka para tentar uma vida melhor na Europa. Dheepan (Antonythasan Jesuthasan), Yalini (Kalieaswari Srinivasan) e a garotinha Illayaal (Claudine Vinasithamby) deixam o seu país natal, que está em guerra, e, mesmo sem se conhecer, fingem ser uma família ao chegar na França. Sem falar o idioma local, Dheepan consegue um emprego de zelador em um condomínio simples, enquanto Yalini vai trabalhar como doméstica na casa de um idoso com problemas de saúde. Disponível no Adrenalina Pura.
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Vencedor do Urso de Ouro no 66º Festival Internacional de Cinema de Berlim, o documentário italiano “Fogo No Mar” (2016), de Gianfranco Rosi, é centrado na Ilha de Lampedusa, um dos epicentros da crise da imigração na Europa, por onde chegam milhares de pessoas em busca de liberdade e um sonho de futuro. Na primeira metade do filme, assistimos à vida da família do menino Samuele, filho de pescador, que tenta construir um estilingue perfeito. Na outra, ao que acontece àquele território, com milhares de imigrantes e refugiados africanos que chegam em condições desumanas e totalmente perigosas pelo mar. Disponível na Prime Video.
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A história real de duas irmãs sírias que deixam o país em guerra em busca de sobrevivência e do sonho de nadar nas Olimpíadas é contada nesse filme da Netflix. Com direção da egípcia Sally El Hosaini, “As Nadadoras” (2022) começa em uma Síria em guerra, de onde partem Yusra e Sarah Mardini, as irmãs de 17 e 20 anos, em direção à Turquia. De lá, em um bote com capacidade para sete pessoas, mas que abrigou 19, chegaram à ilha de Lesbos, na Grécia, depois de uma travessia apavorante em que quase naufragaram, se jogaram ao mar e salvaram todos os seus companheiros depois de quatro horas de nado. As adversidades não pararam por aí, mas Yusra realizou o sonho de nadar nas Olimpíadas do Rio em 2016. Prepare-se para debulhar litros de lágrimas ao assistir ao longa-metragem e, como teaser, vale ler essa reportagem da BBC.
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“Beasts of No Nation” (2015) narra a história de Agu (Abraham Attah), um menino recrutado como soldado em uma guerra civil na África Ocidental, após sua família ser obrigada a se refugiar na selva em busca de segurança devido a um ataque brutal. No filme, ele vive uma jornada de perda, brutalidade e sobrevivência, enquanto enfrenta a destruição de sua infância sob o comando de um líder imprevisível, na pele de Idris Elba. Dirigido por Cary Fukunaga, o longa que mistura sensibilidade e violência está disponível na Netflix.
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CAPA Quem é o imigrante?
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1Reportagem Por que imigrantes são alvos da extrema direita?
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2Reportagem As mudanças climáticas vão determinar onde você pode viver?
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3Podcast da semana Gustavo Dias: por que os brasileiros imigram?
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4Reportagem Infância em refúgio: o acolhimento a crianças migrantes no Brasil
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5Bloco de notas Filmes sobre ondas migratórias