Como saber se você se apaixona demais — Gama Revista
Qual é a sua paixão?
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5 dicas

Você se apaixona demais? Veja 5 sinais para ficar atento

Para identificar se tem vivido suas paixões de forma saudável, especialistas dão dicas e apontam comportamentos que podem ser problemáticos

Leonardo Neiva 26 de Março de 2023

Você se apaixona demais? Veja 5 sinais para ficar atento

Para identificar se tem vivido suas paixões de forma saudável, especialistas dão dicas e apontam comportamentos que podem ser problemáticos

Leonardo Neiva 26 de Março de 2023
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    Você tem dificuldade para ficar só –
    Numa pesquisa recente do Instituto Ipsos, o Brasil ficou em primeiríssimo lugar entre as nações em que a população se sente mais solitária. De fato, metade dos brasileiros declararam se sentir sozinhos, um sentimento certamente elevado pela pandemia. Embora a solidão seja relativa e até necessária em muitos momentos da vida, quando falamos de relacionamentos amorosos, para muita gente é muito difícil lidar com ela. De acordo com a psicóloga clinica e psicoterapeuta Eglacy Sophia, especializada em relacionamentos e amor patológico, o primeiro passo para saber se você vive a paixão de forma exagerada é entender se só consegue se sentir feliz ao lado de outra pessoa. “O indivíduo se frustra constantemente e acaba percebendo que precisa estar apaixonado para se sentir bem. E, se uma paixão não dá certo, dali a pouco ele começa outra”, exemplifica Sophia, que tem formação em psicodrama. Como lembra a psicoterapeuta canadense Sheri Jacobson, “não é preciso ter vergonha por estar solitário”. Afinal, é um sentimento como os outros. “Não julgue suas emoções: não existem emoções boas ou ruins”, afirmou a especialista em entrevista ao site Refinery29. Mas, caso perceba a repetição de um padrão, causado por um certo grau de carência afetiva, segundo Sophia, a impossibilidade de resolver esse problema pode causar muita angústia e levar a pessoa a buscar ajuda profissional — o que acaba sendo o caminho mais adequado para ela.

  • 2

    Não está enxergando o outro como ele é –
    Na visão da psicóloga clínica Ligia Baruch, dá para diferenciar a paixão e o amor por um ponto principal: a maneira como a pessoa enxerga — ou não enxerga — o parceiro. “O amor pressupõe uma relação; a paixão, uma projeção”, aponta Baruch, coautora do livro “Tinderellas: o amor na era digital” (e-galáxia, 2019). Na visão da profissional, o apaixonado não vê o outro como ele é, e sim o idealiza de acordo com um modelo que enxerga como perfeito para si. Até por isso a paixão costuma ter prazo limitado. Uma hora ou outra a pessoa terá de encarar a realidade imperfeita tanto do parceiro quanto do relacionamento. Sophia lembra que a paixão em si, esse período de loucura e excitação marcado por sensações intensas, é saudável e não tem nada de problemático. Em algum momento, a ilusão do apaixonado arrefece, seja com o fim do relacionamento ou com esse sentimento transformado em amor. O problema, reforça Baruch, é quando a paixão permanece, o que causa desgaste e se torna quase um vício, gerando muita frustração e até uma certa obsessão. Outro ponto essencial de enxergar as ações do outro como elas são, tanto no início quanto no decorrer do relacionamento, é identificar se o sentimento está sendo correspondido. “O mais importante é perceber se a pessoa mantém o interesse no outro, o vínculo de confiança. Isso precisa ser observado desde a paixão até todos os momentos do relacionamento”, declara Sophia. “Uma relação só é saudável quando existe equilíbrio e os dois conseguem dar e receber. Essa balança é muito importante.”

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    Seu olhar sobre a paixão vem de pressões familiares ou romances –
    Muitos de nós crescemos bombardeados por ideais de amor à primeira vista e relacionamentos saídos direto de desenhos da Disney e romances açucarados. “Na cultura ocidental, marcada por telenovelas, filmes hollywoodianos e séries que apresentam o amor como o auge da felicidade humana, desde a mais tenra idade somos estimulados a nos apaixonar de forma muito idealizada”, aponta a psicóloga clínica Cátia Rodrigues, especialista em saúde mental e psicologia analítica. Apesar de sabermos que se apaixonar e construir um relacionamento no mundo real é muito diferente de um conto de fadas, muitas dessas noções estão embutidas na forma como nos relacionamos e podem ter impacto na vida amorosa. Segundo Rodrigues, esse comportamento ainda costuma ser mais associado às mulheres porque, historicamente, muitas foram ensinadas que o sentido da vida era encontrar alguém e ter filhos, enquanto os homens sempre foram instados a dar preferência a outros objetivos. Para a psicoterapeuta Eglacy Sophia, em alguns casos a personalidade de uma pessoa e suas referências culturais se mesclam a esse romantismo meio ficcional: “Se ela encontra um parceiro, pensa que vai ser a tampa para sua panela, as duas metades da laranja, e tudo vai se resolver na vida dela.” Na opinião da psicóloga, o indivíduo também pode ter sido criado num ambiente familiar onde fazer par com alguém é uma regra, enfrentando pressões desde cedo que influenciam na maneira de enxergar uma relação. Ela lembra, porém, que se apaixonar não traz uma carga negativa. A sensação inclusive costuma ser muito boa no início. Só que o risco de basear as relações em ideais inalcançáveis é acabar vivendo, mais dia menos dia, um amor patológico, “a prisão numa sensação de muita frustração, dependência e dor”, conclui Sophia.

  • 4

    Você vem se transformando num stalker profissional –
    Não é de hoje que existe na cultura popular a figura do amante ciumento e obsessivo que se esconde atrás do poste observando cada movimento do parceiro. Hoje em dia, porém, essa prática abusiva vem perdendo para a de stalkear online. Entre as “vantagens” — com aspas mesmo, pois se trata de um comportamento patológico –, estão o fato de que é muito mais fácil perseguir e investigar alguém do conforto de casa e também que se torna quase impossível ser descoberto. “As redes favorecem muito esses vícios, o movimento obsessivo de achar que você precisa acompanhar o tempo todo aquele por quem está apaixonado”, diz Baruch, que investigou as nuances do amor e da paixão durante a era digital no livro “Tinderellas”. E isso quando existe uma relação. Segundo a psicóloga, também é cada vez mais comum que as pessoas se apaixonem por perfis na internet sem chegar a declarar esse sentimento ou ter qualquer tipo de contrapartida. “Há relações que não são reais, mas fantasias vividas nas redes, o que vem aumentando muito as frustrações e obsessões”, considera.

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    As pessoas te falam cada vez mais sobre o assunto (e você finge não ouvir) –
    Quem avisa amigo é. Mas, se conselho fosse bom ninguém dava, vendia. É mais ou menos entre esses dois ditados populares que repousa a sugestão de estar atento ao que dizem os mais próximos sobre seu comportamento nas relações amorosas. Para Baruch, se a paixão promove uma espécie de cegueira em quem é acometido por ela, o contato com o outro é essencial para identificar um problema. “Pode ser que precisemos desse outro para sinalizar que algo não está saudável ali.” E costuma partir de familiares ou amigos dizer que algo não vai bem, que um relacionamento está se transformando numa obsessão ou ilusão. Segundo Sophia, porém, a depender da forma como esse conselho é passado, ele não só não ajuda como pode atrapalhar. “Quando a pessoa tem um problema emocional, já está cansada de ouvir conselhos. Todo mundo fica brincando ou tirando sarro, querendo mudá-la”, dá como exemplo. “Em alguns casos, incomoda tanto que a pessoa nem tenta mais ouvir.” No entanto, a psicoterapeuta considera que perceber essa repetição do assunto ao seu redor é sim uma forma relevante de tomar consciência do próprio comportamento. Sem essa conscientização, diz a psicóloga Cátia Rodrigues, a pessoa passa a acreditar que é uma vítima, que tem “dedo podre” e o amor nunca vai dar certo para ela. Nesse caso, o ideal é buscar ajuda profissional para tratar as causas desse comportamento, visando se apaixonar de forma mais saudável no futuro