Histórias e relatos de dates ruins — Gama Revista
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Isabela Durão

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Depoimento

Já teve um date ruim?

Na busca pelo par perfeito, se alguns encontros não rolam como o esperado, ao menos podem render relatos cômicos. Abaixo você lê alguns que vão desde uma dor de barriga incontrolável até a fome absoluta depois de um convite para jantar

26 de Novembro de 2023

Já teve um date ruim?

26 de Novembro de 2023
Isabela Durão

Na busca pelo par perfeito, se alguns encontros não rolam como o esperado, ao menos podem render relatos cômicos. Abaixo você lê alguns que vão desde uma dor de barriga incontrolável até a fome absoluta depois de um convite para jantar

Para alguns, encontrar o grande amor é objetivo de vida. E, para alcançá-lo, é preciso vencer um périplo que envolve conhecer novas pessoas, empenhar-se nas mais diferentes conversas, marcar encontros e torcer para que o match aconteça. Ainda que os aplicativos de encontro tenham se popularizado, nenhum deles é garantia de que o encontro será bom. Como você lê abaixo, ao mesmo tempo que aumentam a possibilidade de encontros, também a de fracassos. E aí, é rir para não chorar. Abaixo, você lê oito depoimentos que Gama reuniu de dates que não acabaram muito bem mas que, ao menos, renderam a piada.

  • “Foi um date em que descobri que o Atacadão tem mesmo preços muito competitivos”

    Lou Menezes, publicitário

    “Eu estava conversando com esse cara um pouco mais velho que eu, de uns 45 anos. Ele era fisioterapeuta e professor de ioga. A gente se conheceu no Tinder, trocou WhatsApp e ficou de se encontrar, só que era sempre meio complicado. Aí, numa terça-feira, ele mandou mensagem: ‘Vou no mercado, quer me encontrar lá?’ Eu estranhei, mas concordei. Era um Atacadão perto da minha casa, que tinha no mesmo espaço uma loja de materiais de construção. Nunca tinha ido, mas imaginei que devia ter um café, uma coisa mais arrumadinha. Quando cheguei, vi que era um mercado feio, um lugar horrível para marcar um encontro. Já comecei a pensar: onde me enfiei? Eu tinha me arrumado, tomado um banho. Quando cheguei, ele estava com roupa de academia, não sujo, mas meio desgrenhado. A gente começou a caminhar pelo mercado, ele ficava perguntando qual era o meu signo e tudo o mais. Mas, enquanto a gente caminhava, percebi que ele ficava vendo os preços das coisas. Aí ele contou que fazia parte de um grupo que ia de mercado em mercado pesquisando preços e tirando fotos. Olha que date maravilhoso, tirando foto de preço no mercado, falando da economia. Ele ainda era meio fitness, falava o tempo todo de alimentação, e eu já querendo ir embora. Acompanhei ele até o caixa, ele tinha comprado vinhos, uns produtos de limpeza. Daí pensei que ia embora, mas ele precisava passar na loja de materiais de construção. Já que estava ali mesmo, decidi ir junto. Eu ainda precisava comprar uma fita para colar um gancho do banheiro e, como o date já tinha ido por água abaixo, aproveitei para pegar outras coisas para casa. Na hora de entrar no carro, ele veio com um papo de ver minha musculatura. Falei que estava com uma dor na coluna e, como ele é terapeuta, ainda me fez uma massagem fora do carro, à vista de todo mundo. Acho que ele ia pedir para entrar no carro dele, mas falei que precisava passar no mercado para fazer as compras de casa. Esperei ele entrar, fui até meu carro e passei no mercado. Foi um date em que descobri que o Atacadão tem mesmo preços muito competitivos.” (Leonardo Neiva)

  • “O date em si não foi ruim, mas o pós…”

    Júlia Gomes, auxiliar pedagógica e estudante de Letras na UFMG

    “Conhecia esse menino desde a adolescência, ele era pintor expressionista e sempre tivemos uma troca muito legal. Mas, com o tempo, perdemos contato e só nos reencontramos já adultos. Depois de algumas conversas no WhatsApp, a gente marcou de sair. Fomos numa cafeteria e depois eu o chamei para ir na minha casa. Ele já tinha me contado anteriormente que tinha passado uma fase meio abstêmio, mas agora estava se permitindo mais. Neste dia, colocamos uma musiquinha, sentamos no sofá e fomos beber um vinho, fumamos bastante e conversamos. Eu pensava: ‘Meu Deus, essa pessoa… Agora, eu vou ficar pelo menos um tempinho cultivando afeto e intimidade’. Foi um date muito gostoso. E aí, ele foi embora. E não me mandou nenhuma mensagem. Estranhei. Mandei uma mensagem perguntando se estava tudo ok e se ele tinha chegado bem em casa. Ele respondeu que tinha voltado a ser monge. Eu fiquei em choque, ‘meu Deus, será que foi tão ruim assim o date? O que aconteceu?’. Ele respondeu: ‘Muito bobo da sua parte achar que isso é sobre você; é sobre mim’. Ele explicou que tinha sido muito excessivo para ele, se sentiu desligado e distante dele mesmo. Enfim, o date em si não foi ruim, mas o pós… Espero que ele esteja muito feliz na vida de monge.” (Emilly Gondim)

  • “Saí fugida do bar, com a calça suja e sem um beijo de despedida”

    Beatriz, cantora

    “Eu fui no melhor date da minha vida. Eu tinha acabado de levar um ghosting e estava sem vontade nenhuma de sair. Mas o gringo com que eu estava conversando me fez um convite muito legal e acabei aceitando. Fomos a um parque em um dia ensolarado e não muito quente em São Paulo e ele levou várias comidinhas e um vinho para fazermos um piquenique. Ficamos conversando por horas e claramente tínhamos química e compatibilidade. Comentei que queria ver um filme que tinha acabado de ser lançado, ele falou que já tinha visto, mas que iria comigo de novo. Ele foi uma ótima companhia de cinema, pagou pelos ingressos e até segurou a minha mão nos momentos de tensão. Mas, durante o filme percebi que estava um pouco estranha e minha barriga começou a fazer uns barulhos suspeitos.
    Ele falou que não queria que a noite acabasse, e mesmo sabendo que não deveria, concordei em ir para um bar ali do lado. Assim que chegamos no bar fui ao banheiro e recebi a confirmação: estava com cólicas intestinais e qualquer momento um desastre iria acontecer. Voltei para a mesa com a intenção de ir embora, mas ele puxou a cadeira para perto de mim e começou a falar como tinha gostado de me conhecer. Me distraí por um momento e foi o suficiente para o pior acontecer. Levantei rapidamente e falei que precisava ir embora, dei a desculpa de que tinha me lembrado de uma reunião no dia seguinte. O gringo ficou desconcertado, mas disfarçou bem, ofereceu para pagar a conta, enquanto eu pedia o uber. Sai fugida do bar, com a calça suja e sem um beijo de despedida.” (Isabela Durão)

  • “Eu estava no banheiro de um estranho, vestido apenas por um preservativo”

    Yagho Szulik, professor de francês

    “Encontrei em um aplicativo um cara que morava na esquina da minha casa, driblei minha mãe e meu pai e fui para a casa dele. Ficamos lá dando uns amassos — nada ruim, mas não muito bom. Seguimos ali até que… alguém bateu na porta do apartamento dele. Era o irmão; ele precisava atender, mas eu não podia ser visto. Pensei em mil coisas que aconteceriam comigo se o irmão me visse ali. Fui deixado no banheiro, escondido, enquanto o cara conversava com o irmão. A situação se resolveu, o irmão queria pegar umas panelas para um churrasco. Voltamos a ficar, começamos a transar, até que o irmão dele bateu na porta de novo. E lá fui eu de novo para o banheiro. Ouvi o cara desesperado tentando se livrar do irmão e me tirar do banheiro sem ser visto. Lembrando: eu estava no banheiro de um estranho, completamente pelado, vestido apenas por um preservativo. O jeito que ele encontrou foi colocar ‘Grey’s Anatomy’ na TV, pois o irmão tinha medo de sangue. Tudo isso durou mais de meia hora, porque teve que fingir que queria assistir alguma coisa, casualmente assistir ‘Grey’s’, escolher um episódio, passar o sangue e o irmão ficar agoniado a ponto de ir embora. Mais de meia hora naquele banheiro terrível, um cara esquisito e o sexo sem graça.” (Emilly Gondim)

  • “Ele simplesmente colocou o dedo na minha boca na intenção de ser sexy”

    Cami Dias, estudante de publicidade e propaganda na USP

    “O rolê era um forró LGBTQIA+, frequentado por pessoas de 30 anos, o Risca Fada, e que naquela noite teria uma edição especial de Deekapz. Chamei um homem, hetero, cis e branco que conheci no Tinder para ir comigo até lá. A minha estratégia bem consolidada era usar da presença dele para me proteger nas ruas escuras do metrô até o local, além de ter um date legal. Me arrumei e nos encontramos na estação. Do nada, ele me puxou pelo pescoço para um beijo. Fiquei desconfortável, ainda eram 21h de uma sexta-feira em local público, sabe? Dá uma segurada. Segui para o rolê tentando puxar assunto e ele começou a falar sobre a ex dele e como ela era maluca — redflag gigantesca. O clima foi ficando muito chato porque, claramente, não tínhamos assuntos. Acabei ficando com sono e não consegui desfarçar um bocejo. Neste momento, ele simplesmente colocou o dedo na minha boca na intenção de ser sexy… Fiquei tão constrangida que não aguentei e dei um perdido nele com uns novos amigos gays que conheci lá. Quando ele me encontrou, deu um pitizão no meio da festa. Decidi pegar um Uber e ele continuou gritando comigo: ‘Como você vai me deixar aqui? Você sabe que eu moro em Perdizes, sabe o quão difícil é voltar para lá?’. Eu falei ‘não sei’, e entrei no Uber.” (Emilly Gondim)

  • “Não queria ir com ele, mas ele continuava caindo em cima de mim”

    Luísa Gionco, estudante de design na ESPM

    “Terminei um relacionamento numa quinta-feira e o aniversário da minha amiga era na sexta. Fomos a uma festa que estava cheia de turistas gringos. Um dos meninos era de Liverpool e pediu o meu número, dizendo que queria me levar para sair no dia seguinte. Topei. Ele me levou a um restaurante italiano, onde começou a beber muito vinho. Ele comentou ser alérgico a amêndoa e o garçom negou que tivesse qualquer traço. Mas o inglês começou a passar mal e a dizer que era a tal alergia. Me pediu ajuda para ir até o hostel tomar remédio. Eu não queria ir, mas ele caía em cima de mim. Na saída, pedi ajuda a umas moças que esperavam o carro. Um moço ouviu e colocou o inglês, que caía, sentado na mureta. Foi quando apareceu uma vendedora de brigadeiro que teve certeza de que ele incorporava um demônio. Ela começou a exorcizá-lo: ‘Tira isso desse menino em nome do Senhor’. Isso atraiu outras pessoas, que começaram a conversar comigo, até que uma mulher falou que ia chamar o SAMU e que eu tinha que ir com ele. Tentei sair dessa situação, eu não queria ir, e acabei mencionando que era sócia de um clube esportivo, a moça em questão também era e decidiu me ajudar. Naquele momento o cara estava suando e passando mal de bebida e começou a falar que tinha sido drogado e eu morrendo de medo de acharem que eu que havia drogado ele. A mulher simplesmente pegou no meu braço e falou ‘vamos embora agora, larga esse cara aí’. Eu fui com ela. Na mesma hora o cara levantou e disse que estava bem. A moça rebateu dizendo que já era tarde e me colocou no carro dela, me levou até em casa. No final, me rendeu um contato, porque ela é dona de uma galeria de arte, viramos amigas e até hoje saímos juntas.” (Glória Machado)

  • “Nada de comida pra mim”

    Talita Cabral, auxiliar de compras

    “Conheci um rapaz muito bonzinho na internet e decidimos nos encontrar. No nosso terceiro encontro, ele chegou atrasado, pois havia machucado a mão no jogo de futebol. Combinamos que, no dia seguinte, faríamos um hambúrguer no apartamento dele. Perto do horário de ir para lá, ele me avisou que o colega de quarto chegou de Minas Gerais com massa de pão de queijo caseira. Eu logo cresci o olho e fui rapidinho para casa deles. Chegando lá, a fritadeira elétrica estava ligada, imaginei que eram os nossos hambúrgueres. Ele estava com uma tala nos dedos, então eu fiz as bolinhas de pão de queijo. Ele me ofereceu suco de uva, daqueles de garrafa de vidro e me serviu um copo cheio! Quando olhei pra geladeira, vi que ele havia comprado latinhas do meu refrigerante favorito, pensei, ‘que fofo, que rapaz atencioso’. Sentei na sala e logo vem ele com um lanche pronto. Pensei, ‘ele está com a mão machucada, vai me pedir pra montar o meu’. Olhei na bancada da cozinha e não tinha outro hambúrguer frito, nem outro pão e a salada já não estava mais lá. Nada de comida pra mim. Ele começou a comer e perguntou “quer um pedaço?”, eu respondi bem debochada “quero!”. Ele me deixou dar duas mordidas e levantou dizendo que iria olhar os pães no forno. Quando voltou, já estava sem o lanche. Ele foi pra cozinha terminar de comer para não dividir comigo. Perguntei um tempinho depois “esses pães já não estão bons?”. Ele disse que ainda não. Confiei, porque cada um sabe do forno que tem. Mais um tempinho e ele levanta para conferir e me pede para tirar os pães, quando chego lá estavam duros de tão queimados. Frustrada, coloquei os pães de queijo na tigela e voltei para a sala, fui tomar meu suco e ele tinha jogado fora! Dei um grito perguntando porque ele tinha feito aquilo e ele respondeu: ‘pensei que você iria preferir beber seu refrigerante com os pães de queijo’. Naquela hora me subiu um ódio, comi todos os pães de queijo queimados, engoli o refrigerante e fui embora. Fiquei tão horrorizada que não respondi mais as mensagens dele desde então. Agora, sempre que vou me encontrar com alguém, como primeiro na minha casa, mesmo se o combinado for de comer em algum lugar.” (Isabela Durão)

  • “Em vez de andar junto comigo, ele ficava uns metros à frente”

    Camila Cruz, analista de TI

    “Conheci o cara no Happn. Eu estava trabalhando num prédio, e ele na quadra ao lado. No dia em que deu match, a gente combinou de fazer algo depois do trabalho. Quando encerrou o expediente, fui até lá, mas ele avisou que ia atrasar. Aí, demora, demora. Eu estava morrendo de fome, fui comer algo na Starbucks. Quando ele finalmente apareceu, chamamos um Uber para uma exposição de quadrinhos no MIS (Museu da Imagem e do Som). Quando o carro chegou, ele abriu a porta para mim e foi sentar no banco da frente. Achei estranho, porque a gente não tinha se falado ainda, imaginei que ele se sentaria atrás. Pegamos muito trânsito, e fui puxando papo, cada um num banco. Como nós dois trabalhamos com TI, tínhamos perrengues iguais. Nada como reclamar do trabalho. Só que ele começou a reclamar e não parou mais, não tinha outra conversa. Chegamos ao MIS finalmente, e ele ficou preocupado porque estava com o notebook do trabalho. Falei que podia deixar no guarda-volumes, mas ele pediu uma autorização especial para entrar com a bolsa. Aí pensei: agora a gente começa a conversar. Só que não. Em vez de andar junto comigo, ele ficava uns metros à frente, o tempo todo indo para o canto atender ligações. Devemos ter ficado na mesma sala uma única vez. Até que a gente entrou num ambiente que imitava a Batcaverna, onde ele pediu para tirar uma foto. Já de saco cheio, tirei a foto dele. Daqui a pouco, cadê a mochila com o notebook tão valioso? Ele tinha levado para não ter nenhum problema e conseguiu perder na exposição. Deve ter sido na hora em que tirei a foto. Só sei que ele andou um pedação da exposição sem mochila. Aí ele começou a ficar pálido, passar mal. Quando decidimos perguntar para alguém, um segurança apareceu com a mochila na mão. Se já estava uma bosta, ficou pior ainda. A gente saiu, mas ele não aparentava estar bem. Aí ele me contou que era diabético e precisava ter comido na hora em que a gente se encontrou. Eu conhecia uma hamburgueria ali perto, fui com ele. No restaurante, ele ainda começou a contar que estava com problema com os pais, que tinha entrado água na casa dele, e só falava disso. Eu só terminei meu lanche, dei tchau e bloqueei o cara em tudo.” (Leonardo Neiva)