Da série: opiniões de CONSELHEIROS DE INSTAGRAM.

Lygia Fagundes Telles (1918-2022), em uma entrevista de 2007. Será que tem mais gente disposta a opinar do que a ler, se informar, ponderar?

Cada vez mais as redes sociais se tornam parte fundamental da maneira com que conflitos são percebidos ao redor do mundo. Em reportagem recente, Gama fala dos perigos de misturar armas e curtidas, o que pode criar trivialidade diante de assuntos sérios e incentivar tudólogos – PESSOAS QUE OPINAM SOBRE TUDO, capazes de discursar sobre as propriedades da vacina, os conflitos no leste europeu e as decisões de um árbitro de futebol.

Se você já frequentou um curso, roda de conversa, debate, aula de faculdade e outros tipos de reuniões expositivas ao redor de certo tema ou personalidade, já deve ter se deparado com o LOUCO DE PALESTRA. Reportagem brilhante na revista Piauí destrincha as facetas dessa figura, que costuma começar seu discurso com “eu gostaria de fazer uma colocação” e segue com uma pergunta absolutamente aleatória ou com uma observação longa e sem sentido sobre qualquer coisa que lhe venha à mente.

Em tempos de polarização e tantas opiniões conflitantes, a COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA (CNV) tem ganhado espaço no Brasil, principalmente em empresas. O método é baseado nas ideias do psicólogo americano Marshall Rosenberg (1934-2015), que incentivava a desenvolver mais consciência sobre nossos sentimentos, necessidades e palavras para estabelecer trocas com menos acusações e julgamentos. Locais como o Instituto CNV Brasil oferecem cursos e workshops.

Eis um TEMA QUE TEM DIVIDIDO OPINIÕES: vamos voltar ao escritório ou o trabalho remoto prevalecerá? Para alguns, como a pensadora Julia Hobsbawm, autora do livro “The Nowhere Office” (sem edição no Brasil), a obrigatoriedade do escritório está saindo de cena. Já para gente como o ex-diretor do Google, Laszlo Bock (e outros gigantes da tecnologia), isso não vai durar.

O quadro “Mude Minha Ideia”, da GNT com o Quebrando Tabu, traz confrontos diretos entre PESSOAS COM OPINIÕES DIVERGENTES sobre questões mais ou menos polêmicas para ver se uma convence a outra do contrário. “Brancos também podem sofrer racismo”, “o funk torna as pessoas imbecis”, “bissexualidade não existe” e “não concordo em dar dinheiro para moradores de rua” são algumas das opiniões discutidas.

Os tradicionais CRÍTICOS DE REVISTAS e jornais têm lugar no mundo digital? A jornalista Isabela Boscov, especialista em cinema que trabalha há anos na Veja, recentemente consagrou seu lugar na internet. As críticas de filmes e séries sinceronas publicadas em seu canal no Youtube, com 216 mil inscritos, começaram a viralizar no TikTok e ela ganhou até uma página no Twitter dedicada a colecionar suas pérolas.

Em março de 1964, o histórico “SHOW OPINIÃO”, encenado no Teatro Arena, no Rio, com Zé Keti, João do Vale e Nara Leão – substituída por Maria Bethânia em fevereiro 1965 – foi uma das primeiras manifestações artísticas contrárias à ditadura instaurada. Canções como “Pisa na Fulô”, “Carcará”, “ Opinião” e “Sina de Caboclo” eram intercaladas com narrações referentes à problemática social do país na época. O espetáculo já ganhou recriações, como esta de 2014 do Instituto Moreira Salles.

Para opiniões e pensatas sobre a arte, a vida, a tecnologia e o mundo de hoje, o TIME DE COLUNISTAS DA GAMA é um arraso: entre eles, o curador Marcello Dantas, o escritor e editor Leandro Sarmatz, a pesquisadora Winnie Bueno, a cantora Letrux e a atriz e diretora Maria Ribeiro.