Como meu ídolo influenciou minha carreira profissional — Gama Revista
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Raphael Dias/ Getty Images

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Depoimento

Meu ídolo influenciou minha carreira

De Ivete Sangalo a banda Strokes, histórias de relações entre fãs e ídolos que renderam inspiração, amizade, trabalhos e encontros

10 de Abril de 2022

Meu ídolo influenciou minha carreira

10 de Abril de 2022
Raphael Dias/ Getty Images

De Ivete Sangalo a banda Strokes, histórias de relações entre fãs e ídolos que renderam inspiração, amizade, trabalhos e encontros

“Ser fã e amigo da Ivete mudou minha vida e abriu portas”

Thaywan Spindola, agente de viagens

“Minha mãe já era fã da Ivete e começou a me levar nos shows quando eu tinha oito anos. Eu fiquei deslumbrado. Como ela adora criança, começou a chamar a gente para subir no trio, conversar depois dos shows. Ela é uma pessoa muito humana, simples, pé no chão e carismática, e a gente desenvolveu uma relação de amizade e confiança, de saber da família, contar o que acontece na vida. Rodamos o Brasil inteiro para ir a shows e programas de TV com ela, e ela sempre se preocupava comigo, pedia para ver minhas notas no fim do bimestre, era uma relação de cuidado mesmo. Ela foi um divisor de águas na minha vida, em relação a oportunidades, conhecimento, cultura. Eu sou do subúrbio do Rio de Janeiro, e a partir dessa relação com ela eu pude sair dali e abrir a cabeça, querer outras coisas, formar meus valores. E essa coisa de viajar muito, de estar sempre nos aeroportos esperando por ela, acabou me despertando esse interesse, e fui trabalhar em uma companhia aérea e ganhar experiência nesse meio. Hoje, tenho uma agência de viagens corporativas e atendo a produtora dela e de outros artistas que conheci por meio dela.”

“A história do Ítalo Ferreira me inspirou a continuar. Surfar com ele depois foi um presente”

Júlia Santos, campeã brasileira de surfe

“Eu sempre achei incrível a força de vontade do Ítalo – a gente tem idades muito próximas, e a história dele me inspirou bastante [ele começou a surfar com uma tampa de isopor no Rio Grande do Norte]. Em 2019, ele estava em busca do título mundial e eu, do título brasileiro profissional. Ele compartilhou publicamente algumas dificuldades que passou, como lesões no corpo e a perda da avó dele. Eu também tive momentos difíceis naquele ano, como uma lesão no tornozelo, e ver o quanto ele estava sendo resiliente durante as etapas me motivou bastante, foi uma coisa a mais para eu continuar acreditando que as coisas dariam certo. No fim, eu fui campeã brasileira e ele foi campeão mundial. Depois, ele combinou com meu treinador de surpresa de me levar para Baía Formosa (RN), cidade dele, fingindo que era um encontro com um patrocinador. Quando cheguei lá, dei com ele e uma tropa do Canal OFF que estava gravando um programa. E eu nem acreditei, porque eu sempre tive vontade de conhecê-lo, dei um abração nele. Acabei passando quatro dias lá, surfando junto, e conheci a família e os amigos dele.”

“Os Strokes fizeram eu querer trabalhar com música e este ano eu finalmente os conheci”

Isadora Almeida, crítica musical

“Quando eu tinha 11 anos o ‘Room On Fire’, segundo álbum dos Strokes, mudou minha vida. Foi ali que comecei a moldar meu gosto musical, e, de certa forma, a pessoa que eu viria a ser. Com 13 anos, fui no primeiro show deles aqui no Brasil – eu vi todos desde então – e entendi que aquele era o tipo de lugar que eu queria frequentar e que era realmente a banda da minha vida – ainda mais porque o baterista, Fabrizio Moretti, era brasileiro que nem eu. Me formei em Rádio e TV porque eu queria trabalhar na MTV Brasil, já que era lá que eles sempre apareciam, e consegui realizar esse sonho. Também descobri o Lúcio Ribeiro [jornalista] procurando informações sobre a banda, e hoje trabalho com ele no site Popload e em um podcast. Eu sempre tive vergonha de ir em porta de hotel ficar caçando o ídolo, eu queria conhecê-los de forma natural. Em 2017, tive um encontro meio frustrado: o vocalista Julian Casablancas, que estava em São Paulo com um projeto paralelo, estava irritado e nem quis tirar foto comigo. Este ano, no Lollapalloza, o destino me arrumou outro encontro: uma amiga acabou me levando para a produção depois do show e, de repente, ali estava o Fabrizio. E ele foi muito gentil e querido, a gente conversou em português, eu comentei tudo que eu tinha vivido com música, e ele ficou muito feliz em saber, falou que ia ouvir meu podcast. Foi um ciclo se concluindo para mim.”

“Thiaguinho, meu ídolo de infância, acabou virando meu padrinho na música”

Pedro Pimenta, músico da banda Atitude 67

“Eu sou fã do Thiaguinho desde criança, quando eu o assistia no ‘Fama’, da TV Globo. Ele era um representante do pagode ali, e eu sempre ligava para ele ficar no programa. Mais tarde, quando ele ressurgiu com o Exaltasamba, que era um grupo que eu acompanhava muito, eu fiquei mais fã ainda. O Exalta trouxe o pagode de novo para o rolê, então ele me influenciou muito a entrar na música – em Campo Grande (MS), da onde eu sou, era difícil encontrar grupos de samba. Depois que já tinha decidido levar a carreira musical a sério, em São Paulo, nosso produtor mostrou uma música que eu tinha feito para o Thiaguinho e ele acabou gravando (chama ‘O Seu Tom’). Mas só fui conhecê-lo mesmo um tempo depois, em um show em um bar onde a gente nem sabia que ele estava. Ele nos chamou para conversar depois da apresentação e foi aquela emoção. Ainda descobrimos que tínhamos muito em comum, ele cresceu em Ponta Porã, também no Mato Grosso do Sul. Acabamos ficando amigos e ele virou o padrinho do Atitude 67. Devemos muito do nosso sucesso a ele.”