Livros e podcasts para uma vida mais relaxada

Você sabe qual é o seu seu ikigai? O conceito japonês para uma vida longa, feliz e saudável é traduzido como a intersecção entre o que você ama fazer, o que você é bom fazendo, o que o mundo precisa e o que pode te trazer dinheiro. Em “Ikigai: O segredo japonês para uma vida longa e feliz” (Intrínseca, 2024), os autores espanhóis Héctor García e Francesc Miralles reúnem os aprendizados de uma viagem por Okinawa — a ilha japonesa famosa pela alta concentração de moradores centenários. Os costumes e práticas que ajudam aquele povo a preservar a saúde mental, física e espiritual são destrinchados no guia, com listas, tabelas e ilustrações que oferecem as ferramentas necessárias para compreender e descobrir o próprio ikigai.

“Devagar” (Record, 2005), do jornalista canadense Carl Honoré, explora a filosofia do movimento Slow, originado na década de 1980. A obra investiga como construímos essa relação compulsiva com a pressa e explora os enigmas e efeitos de existir dentro de uma cultura que nós mesmos aceleramos. Ele explica que desacelerar é “controlar os ritmos da nossa vida. É você quem decide em que velocidade deve andar em determinado contexto”.

Em um episódio publicado no dia do trabalho, André Alves e Lucas Liedke, do podcast vibes em análise, investigam a pressão social por produtividade e o preço que pagamos quando não conseguimos descansar. Recorrendo à psicanálise para mostrar como o culto ao trabalho alimenta o esgotamento e embaralha a construção de uma identidade que exista além dele, os apresentadores também conversam com Henrique Vicentini, psiquiatra e psicanalista.

Os dinamarqueses ocupam o primeiro lugar nos rankings mundiais de felicidade por contarem com condições sociais mais justas em relação a outros países. Um outro motivo — que pode nos ensinar sobre uma vida tranquila — é a filosofia valorizada por eles, explicada em “Hygge: O segredo dinamarquês para viver bem” (Editora Sextante, 2023), de Meik Wiking. O termo Hygge se refere a “uma qualidade de aconchego e convívio confortável que gera um sentimento de contentamento ou bem-estar”, segundo o dicionário de Oxford. Basicamente, o que sentimos quando estamos aconchegados no sofá ao lado de quem amamos, o calor do sol numa manhã de outono, o café quente, o bolo fresquinho, entre outras situações agradáveis. Este texto da Gama contextualiza o conceito e apresenta suas contradições, como o fato de ser utilizado como estratégia comercial.

Qual foi a última vez que você curtiu o tédio? Em “ traz conselhos de como praticar a ociosidade em diferentes áreas da vida. De acordo com as pesquisas dela, fazer menos pode muitas vezes render muito mais. Encontrar um espaço para se desconectar sem distrações, ir a um parque observar os pássaros e apreciar o escritório, em pausas no trabalho, estão entre as dicas.

Minutos antes de se apresentar nas Olimpíadas de Paris, a ginasta medalhista Rebeca Andrade pensava em receitas que viu no seu Instagram. Ao podcast da Gama, a coordenadora de preparação mental do Comitê Olímpico Brasileiro Aline Wolff explicou que a atleta estava ela estava “economizando foco” e que desse jeito ficava com o “foco muito mais limpo na hora que realmente importa”, diz. Para quem quer ser mais atento, vale ouvir a conversa e entender a importância do descanso no rendimento.

Um best-seller internacional, “Atenção Plena (Mindfulness)” (Sextante, 2015) aprofunda o mindfulness ou atenção plena, técnica que consiste em concentrar-se na experiência presente observando os pensamentos sem criticá-los. Mark Williams é professor emérito na Universidade de Oxford e foi um dos criadores da terapia cognitiva baseada na atenção plena, já Danny Penman é instrutor de meditação, autor premiado e jornalista. Para os autores, mindfulness é mais do que um recurso meditativo, é um estilo de vida que ajuda na busca pela paz em um mundo frenético, que deve ser uma transformação de dentro para fora.

Neste episódio do Psicologia na Prática, a psicóloga Alana Anijar explica como a cultura da produtividade transforma a pausa em culpa e por que isso nos afasta de um descanso real que organiza emoções, regula o estresse e dá espaço para o tédio. Ao contrastar essa mentalidade com sociedades que colocam o repouso no centro da vida, ela mostra que recuperar o ritmo exige rever crenças profundas. O episódio traz ainda dicas práticas para quem quer começar agora: pequenas pausas intencionais, momentos de silêncio e um uso mais consciente das telas para recarregar o corpo e a cabeça.

Conhecido por nomear e sistematizar a sociedade do cansaço, o filósofo sul-coreano Byung-Chul Han também destrinchou a importância do ócio em “Vita contemplativa ou sobre a inatividade” (Editora Vozes, 2023). A obra propõe a contemplação como uma forma de recuperar presença, sensibilidade e a humanidade, apontando a inatividade não como falha, mas como um espaço fértil para pensamento, vida plena, capaz de conter a lógica da exaustão e da exploração que nos governa.

Os sonhos também pedem espaço no cuidado cotidiano e podem até aliviar tensões coletivas. No Podcast da Semana, a psicóloga Solange Aparecida Emílio, pós-doutora pela USP e integrante do projeto Sonhar Grupal, explica por que dividir sonhos é uma prática curativa. Na conversa, ela aponta caminhos para lembrar melhor das imagens da noite e aproveitar essa dimensão simbólica com mais qualidade, entendendo que sonhar e ouvir o sonho do outro faz parte de uma vida mais equilibrada.