Vanessa Rozan: ‘O valor da mulher na sociedade é o da imagem’

Vivemos uma dualidade em que ao mesmo tempo em que a televisão, o cinema, as redes sociais e a indústria da moda dizem que o valor da beleza está no corpo malhado, na juventude, na imagem; há um discurso cada vez mais forte sobre a importância da autoaceitação. Enquanto os padrões de beleza pressionam especialmente as mulheres a se encaixarem em modelos idealizados, o ativismo pela liberdade dos corpos e por uma positividade sobre a própria imagem é imensa. A reflexão é da maquiadora e acadêmica Vanessa Rozan, que está há 20 anos no mercado de beleza brasileiro e é a convidada do Podcast da Semana.

“A gente sabe que o valor da mulher na sociedade é o valor da imagem, da beleza, da juventude, do corpo. Como vai falar pra pessoa que vive imersa nisso que ‘você tem que se aceitar, gata’ — é uma baita hipocrisia. A sociedade fala há anos isso”, diz ela, na entrevista que você ouve abaixo. “O Instagram foi muito positivo para dar voz e lugar a muitos tipos de beleza, mas foi daninho com os filtros, quando passamos a ter acesso a manipular nossa própria imagem. Antes, você imprimia a fotografia e era aquilo. Agora, controlar a edição faz com que você entre no padrão para estar certo”, emenda.

Vanessa começou como maquiadora da marca MAC, viu de dentro a ascensão dos blogs em meados dos anos 2000 — escrevia o Beleza Bacana — e fundou o Liceu de Maquiagem. Ela tem um canal no Youtube e faz o podcast Meu Glitter Minha Vida, com a também maquiadora Fabi Gomes, mas ficou conhecida mesmo foi no Esquadrão da Moda, do SBT, onde ajudava a promover transformações nos participantes.

Ao Podcast da Semana, a maquiadora fala sobre as transformações pelas quais o mercado da beleza passou no Brasil desde que começou a trabalhar na área — saiu de um mercado sem discussão para o espectro oposto –e para onde vai agora: segundo ela, uma grande onda chamada “wellness”, o mercado de bem estar que está englobando tudo, da sexualidade à maquiagem.

Mas Vanessa fala sobretudo sobre como envelhecer sendo mulher nesses tempos, “dentro dessa sociedade, olhando para o espelho, vendo sua imagem o dia todo no celular, essa demarcação do tempo passando, a expectativa de não deixar a peteca cair”. “É difícil dizer que algo não deve ser feito em algum momento dos seus 40, 50 anos. Pode ser um laser, não precisa transformar o seu rosto. É um pouco a questão da informação e do acesso à informação que vai criando bom senso de dizer que não preciso me transformar em outra pessoa”, afirma.

No Spotify, na Apple Podcast, no Google Podcaste no link abaixo você escuta essa conversa.

Roteiro e apresentação: Isabelle Moreira Lima

Produção: Daniel Vila Nova

Edição de som: Deisi Witz