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A voz aveludada, a simpatia, a paixão pela música e um estiloso chapéu acompanham o cantor e compositor Jota.pê, brasileiro mais premiado do Grammy Latino 2024
“Eu sou João Paulo, o Jota Pê, e eu faço música. (…) Faço música porque amo e acho que quando a gente faz algo com amor, isso gera frutos.” É assim que o paulista de Osasco, Jota.pê, 31, se apresenta aos novos seguidores que chegaram em seu perfil do Instagram após ele vencer todas as categorias em que concorria no Grammy Latino 2024 — Melhor Álbum de Música Popular Brasileira/Música Afro Portuguesa Brasileira; Melhor Engenharia de Som e Melhor Canção em Língua Portuguesa.
A primeira vez que subiu ao palco na noite do dia 14 foi para receber o prêmio de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira/Música Afro Portuguesa Brasileira com “Se Meu Peito Fosse o Mundo”. Em entrevista, o ex-The Voice disse que não esperava ganhar essa categoria: “Tinha Djavan, Marisa Monte, Elza Soares, Milton Nascimento, Chitãozinho e Xororó. É muito especial poder estar ali concorrendo com esses artistas que são muito responsáveis por ser o artista que sou. É como se, de alguma forma, eu me sentisse um pouco mais perto dessas minhas referências”.
Há quase dez anos, o cantor deixou um trabalho formal para focar inteiramente na carreira musical. Durante a trajetória, chegou a fazer shows para apenas duas pessoas — seus pais, sempre o apoiando — e até para ninguém, como relata no vídeo. Para ele, a música era como um destino. “Ninguém para pra pensar no quão difícil pro artista é não ser artista. Trabalhei em muitos lugares diferentes tentando não ser músico”, declara.
Sendo um homem preto, Jota.pê viveu ainda outras dificuldades na busca por ascensão. Após um caso de racismo, escreveu a canção “Ouro Marrom”, que lhe rendeu o Grammy de Melhor Música em Língua Portuguesa. “Fala sobre ser um homem negro nessa Terra, sobre as coisas que desejo, as coisas que eu sonho. Ser negro não é sobre dor. É sobre tudo o que a gente conquista e como chegamos até aqui”, disse no discurso de agradecimento.
Além dos agradecimentos aos colegas quando recebeu os prêmios , Jota.pê deu espaço para o produtor musical Felipe Vassão discursar quando recebeu o “Melhor Álbum de Engenharia de Gravação”. Vassão já declarou a admiração pelo cantor: “Um artista não tenta ser nada. Ele apenas é. O Jota faz isso de forma muito natural. Ele não está tentando ser alguma coisa. A voz dele é absurda. É muito fácil fazer música com ele”.
Não faltam elogios de pessoas que já trabalharam com o músico. Uma dessas, Bruna Black manifestou orgulho da conquista de Jota.pê, com quem forma o duo ÀVUÀ. A dupla é responsável por sucessos como “Bentivi” e “Comum” e já recebeu uma indicação ao Grammy Latino em 2021 com a coletânea “Onze: Canções Inéditas de Adoniran Barbosa”, na qual participou junto a outros grandes intérpretes, como Elza Soares.
Além de compor letras sensíveis e ter uma bela voz, chama atenção pelo estilo de vestir autêntico, que já tem o chapéu como marca registrada. Na ocasião do Grammy Latino, ele vestiu um look da INTTUÍ e dedicou um post ao stylist da marca Washington Carvalho.
Jota.pê costuma responder os comentários de seus seguidores no Instagram, sendo atencioso até para explicar o que é engenharia de gravação, como fez neste post. Algumas interações engraçadas também têm espaço. No vídeo abaixo, ele brinca com o fato de já terem dito que a assistente virtual Alexa não o reconhece.
Ele também compartilha vídeos cantando, como esta versão acústica de sua releitura da música de Emicida, “A Ordem Natural Das Coisas”. Outros vídeos da série “Xelengo Sessions”, que traz canções presentes na turnê “Se o Meu Peito Fosse o Mundo”, estão disponíveis no Youtube.
2024 tem sido um ano e tanto pro cantor: além dos Grammys, esteve em outras premiações, fez uma turnê na Europa, abriu um show de Emicida, fez parcerias com Xênia França, Gilson, entre outros artistas. No entanto, parece não se deslumbrar com o sucesso, “Tudo na minha vida é por conta da música, não é porque sou bonito, porque sou simpático. Meu objetivo é a música, fazer a música. O resto é consequência”, afirma.
