CV: Caito Maia — Gama Revista
Divulgação/Chilli Beans

CV: Caito Maia

Fundador da Chilli Beans e astro de um reality show, o empreendedor é um rockstar do mundo dos negócios. A Gama, ele conta sobre os desafios de sua profissão e a importância de uma boa história

Daniel Vila Nova 10 de Março de 2022

Aos 18 anos, Caito Maia sonhava em se tornar um rockstar. Filho de músico, o jovem juntou dinheiro e se mudou para os EUA em busca de uma carreira musical. Enquanto fazia um curso de verão na Faculdade de Música de Berklee, em Boston, Maia se encantou pelos óculos escuros americanos e passou a trazê-los para o Brasil e revendê-los aos amigos. Ao longo dos anos, o que era um método de financiar sua carreira musical se tornou um negócio lucrativo e uma oportunidade de empreendimento. A banda Las Ticas Tienen Fuego, na qual Maia era guitarrista e vocalista, até chegou a concorrer ao prêmio VMB da MTV Brasil, mas o futuro do empresário estava em outro lugar.

Após algumas experiências frustradas no mercado, ele criou a Chilli Beans em 1997 com um estande no Mercado Mundo Mix. Com o sucesso da empreitada, uma loja física foi o próximo passo, e em 1998, nascia o primeiro estabelecimento da Chilli Beans, localizado na Galeria Ouro Fino em São Paulo. “O sonho da minha vida sempre foi ser músico. A transição desse sonho para o empreendedorismo começou no campo da necessidade, encontrei nos óculos uma forma de pagar minhas contas”, diz o empresário.

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Se antes o empreendedorismo era uma necessidade financeira, hoje a atividade realiza o sonho do empresário – Caito Maia se tornou um rockstar do mundo dos negócios. Além de fundador da Chilli Beans, marca de óculos escuros conhecida por sua comunicação descolada, o CEO também é um dos jurados do reality “Shark Tank Brasil” e apresentador do programa de rádio “Se Parar O Sangue Esfria”. A rede de óculos e acessórios conta com mais de 800 pontos de venda no Brasil, sendo líder do mercado na América Latina e atuando em outros países como Portugal, Estados Unidos, Kuwait e Tailândia.

Engana-se, no entanto, quem acredita que o passado artístico de Maia ficou para trás. Segundo ele, sua paixão pela arte é o segredo do sucesso de sua companhia. Se a empresa é reconhecida pelo público como uma marca diferente, que “pensa fora da caixinha”, é porque o empreendedor encara seu negócio como uma banda. “Muitas vezes não penso como empresário, mas sim como artista. É essa filosofia que atrai o público, nós chamamos a atenção por sermos diferentes.”

Muitas vezes não penso como empresário, mas sim como artista. É essa filosofia que atrai o público

Para rejuvenescer o mercado de acessórios, a ideia foi encarar os óculos não como mais uma peça complementar, mas sim como um item fashion. “Se vendêssemos só óculos escuros, já havíamos falido há tempos. Qualquer um pode vender um óculos escuro.” O pulo do gato, então, foi vender uma história. “Faz tempo que não vendemos um óculos, mas uma narrativa. Aprendemos a contar uma história por meio dos nossos produtos, isso fez toda a diferença.” Outro grande truque da marca são os produtos licenciados. É possível encontrar óculos de Star Wars, do Batman, da Marvel, do festival Lollapalooza e até mesmo do DJ Alok. “Essas parcerias de licenciamento fomentam nossa criatividade. Como trazer o mundo mágico do Harry Potter para um óculos? Essa é a nossa motivação.”

Parte empreendedor, parte rockstar, Caito Maia entende a importância de uma boa história como ninguém. Sua participação no reality show “Shark Tank”, por exemplo, tem como objetivo fortalecer sua própria imagem e a de sua marca. “Tenho diversos clientes que passaram a usar meus produtos porque eles me conheceram no programa e gostaram do que viram.” Para o empreendedor, ter uma pessoa por trás de uma marca é fundamental nos dias de hoje. “Essa pessoa, sua linguagem e seu discurso, representam a marca. Mas é um jogo perigoso, pode ter o efeito contrário e o público não ir com a sua cara. Felizmente, esse não foi o meu caso.”

A Gama, ele conta mais sobre os principais desafios do empreendedorismo.

O desafio é encontrar o equilíbrio entre essa mistura antagônica que é a identidade da sua marca e o que está bombando no mercado

  • G |Quais são os principais desafios da sua área e como você lida com eles?

    Caito Maia |

    Sabia que apenas 15% das marcas de moda que estavam no shopping há 20 anos ainda existem? Estar vivo e bombando não é fácil, ainda mais depois de 25 anos. Esse é o maior desafio que eu tenho, me reciclar e saber me manter vivo. Esse é um puta desafio que eu tenho e uma das coisas que me dá mais tesão no meu trabalho, sair dessa zona de conforto e conseguir me comunicar com a nova geração.

  • G |Para atuar na sua área, o que um bom profissional precisa saber?

    CM |

    O primeiro passo é ter a humildade de deixar os ouvidos abertos e prestar atenção nas mutações constantes e rápidas que o mercado atravessa. Saber acompanhar o mercado é essencial, mas é também necessário preservar sua essência. O desafio é encontrar o equilíbrio entre essa mistura antagônica que é a identidade da sua marca e o que está bombando no mercado. Você tem que saber fazer o seu básico, o seu arroz com feijão, como ninguém. Ao mesmo tempo, você tem que trazer coisas novas para a sua empresa e saber renová-la. É importante conversar com o consumidor e, nesse processo, crescer e bombar sua marca.

  • G |Qual é a importância de uma uma formação acadêmica na sua área?

    CM |

    No empreendedorismo, a prática é 95% do trabalho. É um trabalho de erro ou de acerto, essa construção é muito forte. Mas, como eu não estudei, me faltaram algumas técnicas ao longo da minha carreira. Não sei se me faltou ficar cinco anos dentro de uma faculdade, mas sei que existem alguns ensinamentos técnicos que eu sinto falta. Felizmente, tenho um time que me ajuda muito e isso facilita as coisas. Estudar é importante, mas tem que tomar cuidado para não ficar só no estudo e esquecer da prática. O ideal é unir os dois.

Todos os erros que cometi foram absolutamente necessários para construir tudo o que eu tenho hoje

  • G |Qual a sua missão na sua profissão?

    CM |

    O que mais me motiva são as pessoas. Entender e respeitar o ser humano, isso me fascina. Ver pessoas crescendo do meu lado, evoluindo junto comigo é a parte mais legal do meu trabalho.

  • G |Já pensou em desistir?

    CM |

    Nunca. Isso sequer passa pela minha cabeça.

  • G |Quais foram seus maiores aprendizados nesses anos?

    CM |

    As pessoas me perguntam muito “se você pudesse voltar no tempo e fazer algo diferente, o que você faria?” A verdade é que eu não mudaria nada. Todos os erros que cometi foram absolutamente necessários para construir tudo o que eu tenho hoje. Tudo aconteceu na hora certa, no momento certo. O importante é evoluir com o erro, aprender com eles e consertar o que não deu certo. Já cometi várias cagadas, mas essas cagadas me ensinaram o que sei hoje.

  • G |Você vive para trabalhar?

    CM |

    Não. Isso faz parte da minha evolução enquanto ser humano. Busco viver uma vida balanceada, uma vida de equilíbrio com meus princípios. Não me entenda errado, tenho um puta tesão de trabalhar. Mas também tenho um puta tesão pela minha família, pela minha esposa e pelos meus filhos. Hoje, vivo para esse equilíbrio.

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