Beth Beli: "O tambor me empoderou e me levou a tantos lugares do mundo" — Gama Revista
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Beth Beli: “O tambor me empoderou e me levou a tantos lugares do mundo”

Música e fundadora do bloco Ilú Obá de Min, conta que tem um chamado, uma missão, de tocar seu instrumento e levar protagonismo para a mulher negra

Isabelle Moreira Lima 22 de Agosto de 2023
Motivações Genuínas / Ioram Finguerman

Beth Beli, música e fundadora do bloco Ilú Obá de Min, diz que tem um chamado, uma missão, com seu tambor. “Eu sinto que fui predestinada”, afirma ela, que descobriu na casa de uma amiga filha de mestre de bateria que tinha jeito. “Sim, mulheres tocam tambores. Isso [que não podem tocar] também foi inventado pelo patriarcado: tambor é um lugar de poder, é um instrumento de counicação e de poder.” É assim que Beli começa a conversa no segundo episódio da série “Motivações Genuínas”, que investiga o que move criadores e artistas. A série é criada e dirigida por Ioram Finguerman e tem o apoio da Gama.

O episódio, que é lançado nesta terça-feira (22), traz uma entrevista com Beli, que conta que o tambor a levou a muitos lugares do mundo onde jamais tinha pensado que poderia chegar. Por isso pensou: “Se me empoderou, por que não pode empoderar a tantas outras mulheres?” Assim nasceu o bloco, com 30 participantes em 2004. Hoje, quase 20 anos depois, já são centenas de mulheres, com idades entre 4 e 84 anos. “Hoje chegou a esse exército — eu brinco com isso porque meu pai era militar — mas um exército com outras armas e feminino de 450 mulheres que ocupam as ruas de São Paulo.”

A ideia do Ilu, ela diz, é recontar os 500 anos da escravidão, da “falsa liberdade”. “Tem o apagamento da história, dos registros, os nossos sobrenomes são dos colonizadores. Esse é o apagamento mais cruel porque queima a história mesmo. Eu não sei quem são meus ancestrais; da minha tataravó para trás, nem meu pai sabe”, diz Beli.

No bloco, as mulheres negras são sempre protagonistas. Entre os temas, já estiveram nomes como o da rainha Nzinga, Leci Brandão, Raquel Trindade e Elza Soares. Beli diz que elas acabam se tornando uma inspiração para as participantes do bloco. “Elas ficam conhecendo a história, se surpreendem que tem rainhas. Passam a se reconhecer como mulheres negras, mudar a vestimenta, não alisar mais o cabelo. Elas chegam nesse lugar e se veem como muito lindas”, diz.

Beth Beli está na primeira temporada de “Motivações Genuínas”, uma série documental que apresenta um olhar sobre a formação e as histórias de artistas e criadores que realizam projetos relevantes, originais e que tem um efeito positivo na sociedade. Os outros episódios desta temporada trazem o violonista João Camarero; os psicanalistas e escritores André Alves e Lucas Liedke, que juntos fazem o podcast Float Vibes e analisam tendências de comportamento; o designer, artista plástico e criador do Erê Lab, de brinquedos para espaços públicos, Roni Hirsch; e Rubens Amatto, fundador da Casa de Francisca, casa de shows que ocupa um palacete centenário no centro de São Paulo. São entrevistas de 12 a 25 minutos em que eles contam sobre suas vidas e obras. Os episódios serão lançados semanalmente.

Os vídeos podem ser assistidos no site daGamae no canal da revista no YouTube.

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