Cadeira espaguete
Clássico do mobiliário brasileiro, ela habita das casas de vovós do interior aos apartamentos de millennials nas grandes cidades
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O que é
Um ícone do mobiliário brasileiro — aquele assento em que velhinhos de cidades pequenas ou bairros mais calmos das capitais se recostam no fim da tarde para papear na calçada. A cadeira espaguete, também chamada de macarrão ou cadeira de fio, habita há décadas as casas de vovós do país inteiro, sendo muito comum no interior de São Paulo, em Minas Gerais e no Nordeste. Nos últimos anos, tem se infiltrado nos apartamentos de millennials descolados. É um objeto de anatomia semelhante à da cadeira de praia: puro conforto com um formato que acomoda o corpo meio sentado, meio deitado. Sua estrutura é feita de tubos metálicos, onde se enrolam fios plásticos de PVC, às vezes num trançado mais apertado, outras mais “vazado”. Verde, azul e vermelho são as cores clássicas, mas versões mais modernas, com fibra sintética no lugar do PVC, podem vir em tons mais neutros. As opções são diversas, já que há vários tipos de cadeira espaguete: de pé fixo, de balanço com mola, de balanço sem mola, tamanho adulto ou infantil.
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Quem fez
A origem do objeto é difícil de rastrear e não se sabe ao certo quem o inventou. Mesmo porque há versões bem parecidas com a nossa cadeira espaguete espalhadas por outros lugares do mundo, como Colômbia, Itália e Alemanha, por exemplo — e até uma catalogada no acervo do Museu Rotterdam, na Holanda. A Europa, aliás, foi pioneira na estética do assento vazado composto por fios: já na década de 1920, a Sandow Chaise, do arquiteto francês René Herbst (1891-1982), era baseada nesse conceito. Por aqui, os primeiros registros desse tipo de design datam de meados do século 20, segundo Silvia Saraiva, que investigou a cadeira espaguete em seu mestrado. Foi nessa época, quando a produção de móveis se modernizou no Brasil e o plástico passou a ser mais usado, que os designers José Zanine Caldas (1919-2001) e Martin Eisler (1913-1977) criaram cadeiras de estrutura metálica e superfícies vazadas. Ninguém sabe precisar quanto tempo essa estética levou para se popularizar fora do círculo erudito desses artistas renomados até se transformar na clássica cadeira espaguete. Mas fato é que o conceito caiu no gosto do povo e nas mãos de artesãos, que transmitiram a arte do trançado de geração a geração. Hoje é possível encontrar diversas fábricas que produzem a peça e a distribuem para todo o país.
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Por que é tão desejada
Basicamente, porque ela é a rede do mundo das cadeiras: um lugar para sentar confortavelmente e relaxar por horas, sozinho ou em boa companhia. É leve e fácil de transportar de um cômodo para outro. Isso sem contar na memória afetiva que evoca, ao ser associada à casa de avós e a uma vidinha tranquila do interior. Não à toa, grandes designers transformaram esse símbolo popular em inspiração para criar itens de decoração mais luxuosos: é o caso dos brasileiros irmãos Campana e Fernando Jaeger e da espanhola Patricia Urquiola.
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Vale?
Ter uma cadeira espaguete clássica para chamar de sua não é um sonho de consumo muito inacessível — em geral, os preços variam de R$ 50 a R$ 150, a depender do modelo (com ou sem balanço, por exemplo). E mais: é um objeto resistente, que dura muitos anos e pode ser renovado mantendo-se a estrutura de metal e trocando-se os fios, é super confortável e serve como item de decoração com ares retrô.
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Onde comprar
Em algumas cidades do Brasil, principalmente no interior e no Nordeste, as cadeiras espaguete são vendidas informalmente por ambulantes ou em lojas de artesãos que as trançam. Em tempos de pandemia, porém, pode ser mais fácil e conveniente comprar pela internet. Opções não faltam: dá para encontrar a famigerada peça em lojas varejistas como Madeira Madeira, Dafiti, Magazine Luiza e Americanas ou no Mercado Livre.