Bota Dr. Martens 1460, um clássico da moda — Gama Revista
©Farfetch

Bota Dr. Martens 1460

O sapato criado para fins ortopédicos e usado por papas e punks faz 60 anos

Gabriel Monteiro 08 de Abril de 2020
  • O que é?

    Uma bota famosa por sua durabilidade e resistência, que calçou desde skinheads intolerantes ao Papa João Paulo II. Considerada um clássico da sapataria, tem uma história de seis décadas vinculada à música e aos movimentos de contracultura. Feita tradicionalmente em couro (hoje existe a opção vegana, de tecido sintético), apresenta características marcantes: oito furos em cada lado para cadarço, costura lateral amarela, etiqueta de identificação na traseira e um solado amortecido por ar que, de acordo com a fabricante, resiste a óleo, gordura, petróleo e substâncias ácidas e alcalinas.

  • Quem fez?

    Em 1945, o alemão Klaus Maertens, um médico militar, desenvolveu um solado amortecido por ar para ajudar na recuperação de uma fratura que havia sofrido no pé. A invenção passou pelas mãos do seu amigo, o engenheiro mecânico Herbert Funk, que a aperfeiçoou. Os dois desenvolveram um protótipo de calçado, que acoplava a sola a uma bota militar com o objetivo de garantir conforto e resistência. Em 1947, o coturno ortopédico passou a ser produzido formalmente pela dupla, e em 1959 ganhou notoriedade internacional. Foi aí que a terceira geração da família Griggs tomou conhecimento da criação. Sapateiros britânicos, os Griggs eram conhecidos desde 1901 pela durabilidade e alta qualidade da produção de sua fábrica própria em Northamptonshire, Inglaterra. Quando conheceram a tecnologia dos alemães decidiram comprar o direito de uso e de fabricação do solado, anglicizaram o nome do médico e lançaram então a Dr. Martens 1460. O número se refere ao dia do nascimento da bota, 1º de abril de 1960.

  • Por que tão desejadas?

    Duráveis, resistentes e custando apenas £ 2, pararam primeiro nos pés da classe trabalhadora fabril e dos policiais civis britânicos. A construção do desejo, no entanto, veio de músicos e movimentos urbanos mais rebeldes, dos anos 1960, quem deram ao sapato uma ideia de desobediência. Na década marcada por revoltas sociais, os elementos da classe trabalhadora foram usados orgulhosamente por jovens que se opunham à elite e ao status quo. Calçada por Skinheads, virou símbolo de rebeldia e até de violência — inevitavelmente, ficou vinculada também à parte deste grupo, que propagava intolerância racial e sexual. Mas também começou a ser calçada por artistas de bandas como The Who, The Clash e Sex Pistols. Nos anos 1970 e 1980, andou com os punks, os góticos, os psychobilly. Em 1984, chegou à América. Depois, ganhou o mundo. E, nos anos que se seguiram, viveu diferentes revivals e virou peça obrigatória de quem frequenta festivais de música.

  • Por que agora?

    A Dr. Martens faz 60 anos e é um típico caso de peça “antimoda”, atemporal. Entrou para o patamar da camisa branca, da jaqueta de couro, da calça jeans. Quem procura um coturno clássico, recorre à inglesa. Prova disso é que, segundo o site Lyst, em 2019 as pesquisas por elas subiram 88% em relação a 2018. Ao longo da história, a bota só esteve em baixa nos anos 2000, quando disputou terreno com sneakers e calçados esportivos — vale lembrar que eles também nasceram vinculados aos jovens e às ruas. A crise durou uma década e, em 2012, a empresa já registrava um aumento de 230%, em relação ao ano anterior.

  • Vale o hype?

    Apesar de ser conhecida pelo conforto, a bota tem uma rigidez que pode ser desconfortável no início e é muito pesada – dessas que faz a batata da perna gritar ao fim do dia. Fora isso, como não existe ponto de venda próprio no Brasil, o valor pode ser bem salgado para quem a importa.

  • Como comprar

    Não há lojas próprias da marca no Brasil, mas ela pode ser encontrada em e-commerces que importam, como a Farfetch.

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