Perca o medo de dirigir
O pânico ao volante é mais comum do que se imagina. Em casos extremos, deve-se buscar ajuda profissional. Mas algumas dicas podem ajudar a encarar o trânsito
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Investigue os possíveis motivos para o medo –
Antes mesmo de entrar no carro e tentar uma ida despretensiosa até a esquina, o primeiro passo é se questionar qual ou quais motivos são responsáveis pelo medo do volante. Se a razão já for clara, como um trauma ou acidentes envolvendo veículos, talvez seja o caso de buscar ajuda profissional. Se o medo de dirigir tiver sua origem no perfeccionismo, pouca prática, receio de julgamentos alheios ou um longo período longe das ruas, exercícios práticos são o melhor caminho para o enfrentamento, desde que respeitem diferentes tempos de aprendizagem. -
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Antes de dar a partida, conheça melhor o carro –
A dica pode parecer estranha, mas psicólogos apontam para a necessidade de conhecer e identificar cada detalhe do interior do veículo. “Tem que entrar no carro, sentar, ajeitar os retrovisores, os bancos, verificar os pedais e a profundidade. Também treinar marchas, memorizar a passagem de uma para a outra e associar a mudança aos pedais”, explica a especialista em psicologia do trânsito Simone Hazin. Ela enfatiza: “Tudo isso com o carro desligado”. Dessa forma, a pessoa pode se acostumar ao ambiente, sem o fator de ansiedade por estar na rua, em movimento, ou mesmo com o barulho do motor ligado, que pode ser um gatilho. -
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Comece devagar (em todos os sentidos) –
Depois de feitos todos os testes de pedais, espelhos e banco, é hora de ligar o motor. Primeiro, ainda com o freio de mão puxado, pode ser interessante sentir, novamente, os pedais, e acelerar o carro sem sair do lugar. Assim, dá para se ter uma ideia melhor da potência do motor, além da sensibilidade de resposta do acelerador e freio. Feito isso, é hora de mais um pequeno passo: uma volta no quarteirão. Escolha um dia tranquilo, quem sabe um domingo pela manhã, com poucos carros vagando pelas ruas. Aqui é importante ressaltar: “Cada um deve ter seu tempo de aprendizagem respeitado”, diz Flávia Brito, diretora e instrutora da Prat-Car, empresa carioca especializada em tratar o medo de dirigir. Por isso, se na hora de sair da garagem a ansiedade bater, não hesite em desligar o carro e reiniciar o processo. Um conselho de Simone Hazin é a respiração diafragmática — uma antes de sair, ainda em casa, e outra assim que entrar no carro. Essa, explica, é uma forma de acalmar os ânimos e trazer atenção para a direção. -
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Escolha um passageiro apto a ajudar –
Nas primeiras saídas de carro, é interessante ter um acompanhante apto a ajudar em qualquer dúvida, problema ou dificuldade. Entretanto, especialistas fazem a ressalva: o acompanhante precisa ser uma pessoa de confiança, calma e paciente. “Deve ser alguém que passe segurança. Se a companhia só for deixar o motorista mais nervoso ou nervosa, é melhor dirigir sozinho”, aconselha Simone Hazin. A instrutora Flávia Brito complementa: “O passageiro deve ser tranquilizador, que dê dicas e não faça críticas destrutivas.” Na hora de pôr as mãos no volante, o ideal é evitar geradores de estresse e ansiedade. Se música for algo que te acalma, ligue o som. Se for te distrair, prefira o silêncio. “A ansiedade ocupa memória de trabalho, o que baixa a concentração e pode levar ao erro. Quanto menos ansiedade, melhor”, afirma Hazin. -
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Defina metas, respeitando seu ritmo –
Lugares para ir, tarefas para resolver, distâncias a serem percorridas — não importa qual seja sua meta, estabeleça objetivos a serem conquistados, sempre coerentes com seu nível de enfrentamento do medo ao volante. “Comece com pequenos trajetos e tarefas simples, como dar voltas pelas ruas do bairro. Uma ideia é parar e comprar algo na farmácia ou padaria. Pode gerar uma sensação de prazer e utilidade”, conta Flávia Brito, da Prat-Car. O importante, ressaltam as especialistas, é não deixar de praticar. “Para enfrentar o medo, precisamos trabalhar questões emocionais, mas sempre em conjunto com a exposição”, diz a especialista em psicologia do trânsito Simone Hazin. “É um processo lento, respeitoso, em que a pessoa deve estar preparada para começar a de fato dirigir.”