Crie intervalos durante a rotina de trabalho
Pausas no trabalho ajudam na produtividade e são essenciais para a saúde mental. Saiba como tirá-las sem prejudicar entregas, afazeres e mil reuniões
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Planeje-se e saiba negociar –
Criar intervalos inteligentes na rotina não pode ser sinônimo de procrastinação, aquele momento em que você pega o telefone e começa a rolar o feed das redes sociais sem nem perceber. Intervalos inteligentes são planejados e devem ser como hábitos do dia a dia, explica a Miriam Rodrigues, professora de comportamento organizacional na Universidade Mackenzie. “Nosso cérebro gosta de hábitos, nosso corpo também. Nada mais inteligente do que utilizar isso a nosso favor. Há que se fazer um planejamento e seguí-lo.” Ela diz que a flexibilidade também é necessária, até para se adequar ao trabalho e prazos. Mas enfatiza: “Mesmo assim não dá para fazer quando der, quando sobrar tempo, porque se não nunca vai dar. A rotina nos engole de uma maneira mais voraz ainda se não tivermos planejamento”. Por isso, a especialista indica negociar no âmbito familiar, pessoal e dentro da empresa, atendo-se ao planejamento que respeite os afazeres do trabalho, e ao mesmo tempo, a saúde mental. “Durante o primeiro ano da pandemia, levamos o home office no improviso, na esperança de que fôssemos voltar ao escritório logo. Mas precisamos nos planejar para um trabalho remoto saudável”, complementa Ticyana Arnaud, mentora e consultora de carreira. -
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Tente uma pausa de manhã, uma tarde e outra à noite –
Pelo menos uma delas é necessária. Ao site Fast Company, Elizabeth Grace Saunders, coach e autora de livros sobre gestão de tempo, sugere que a primeira parte do dia, logo de manhã, seja reservada para o autocuidado, com atividades como uma boa leitura, uma série de exercícios ou alguns minutos de meditação. Durante a tarde, recomenda, no lugar de lutar contra a preguiça do pós almoço, preparar um café e tirar um cochilo de poucos minutos –se o cochilo não for possível, apenas um pequeno intervalo para que a cafeína faça seu efeito. À noite, se ficar preso no trabalho e outros afazeres, ainda é interessante, segundo Saunders, uma pequena pausa para que o cérebro se recomponha. Ela indica uma brincadeira com os filhos, assistir à TV ou qualquer atividade que dê espaço para a cabeça recarregar. Resta entender qual dos tipos de intervalo melhor se encaixa em cada rotina e personalidade. “Tem um lance aí de autoconhecimento, que é fundamental. Cada pessoa precisa se conhecer o suficiente para saber qual é o melhor horário para se desconectar”, completa Miriam Rodrigues. -
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Pratique uma espécie de “jejum intermitente” do trabalho –
O conceito é controverso na nutrição, mas no universo profissional pode ser uma boa escolha. A ideia aqui, como explica Saunders, é concentrar as horas de trabalho em um período determinado. Ou seja: nada de responder mensagens e e-mails logo ao acordar ou tarde da noite, já deitado na cama. Como na dieta, é preciso fazer um jejum do trabalho, evitar os “lanches”, que podem ser traduzidos, no contexto profissional, como as minitarefas que surgem fora do horário. Ela explica que resolver essas pequenas questões de trabalho para além do período estabelecido é o que dá aquela sensação — muitas vezes real — de que temos pouco tempo livre para atividades de lazer. -
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Tente o método “pomodoro” –
Ao contrário do que se imagina, a procrastinação pode ser consequência da pouca (ou nenhuma) quantidade de intervalos que fazemos ao longo do dia. “Engana-se quem acha que não fazer intervalos o fará mais produtivo”, afirma a psicóloga e presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos de Florianópolis, Fernanda Quadros. O ser humano se distrai, e pode facilmente largar uma tarefa por tentar, durante muito tempo, se concentrar em resolvê-la. Se esse for o caso, uma boa dica é tentar o método pomodoro, criado por um estudante italiano na década de 80. A técnica consiste em dividir o dia em blocos: a cada 25 minutos de concentração, uma pausa rápida para abstrair, relaxar e voltar ao trabalho. Após quatro blocos, dá-se uma pausa maior, de 30 minutos. Fazer intervalos intencionais ajuda a superar a tentação de fazer os não intencionais, como quando, sem perceber, nos distraímos e passamos horas rolando o feed das redes sociais, sinalizando um cérebro cansado demais para continuar focado. -
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Valorize de fato os intervalos –
De nada adianta se planejar e organizar intervalos inteligentes durante o dia se não souber aproveitá-los. “Essas pausas antes, durante ou depois da jornada de trabalho têm uma importância enorme, inclusive para melhorar a produtividade e a qualidade do trabalho. Não podemos e não devemos nos culpar por criar momentos de descanso”, alerta a professora Miriam Rodrigues. “Devemos sempre lembrar quantas horas de serviço estamos ‘vendendo’. Não são 24 horas. É preciso ter consciência disso, até para que entender o momento de dizer não e estabelecer limites”, diz Ticyana Arnaud, a consultora de carreiras. A psicóloga Fernanda Quadros complementa: “A produtividade está mais relacionada ao bom uso do tempo do que a uma agenda ocupadíssima”. Uma maneira de valorizar os intervalos, ela afirma, é determinar o que será feito durante esse tempo, como regar plantas, brincar com pets, alongar-se ou mesmo tirar um cochilo rápido.