Como ser mais paciente
A habilidade de manter a calma em situações de sofrimento ou estresse vem com o treino. Siga essas dicas para uma vida com mais paciência
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Cuide da sua rotina com carinho, especialmente com descanso e alimentação –
O ser humano é naturalmente ansioso, afirma o neuropsicólogo e analista do comportamento Alan Oliveira. “Ser capaz de prever eventos que vão acontecer é um traço que protegeu nossa espécie da extinção, então temos uma tendência a sermos mais ansiosos enquanto grupo.” Claro que há individualidades: níveis de temperamento e sensibilidade a estímulos emocionais, por exemplo. Mas controlar essa ansiedade e regular respostas emocionais depende muito do que Oliveira chama de fatores de vulnerabilidade. “Falta de sono, fome, uma rotina muito estressante, pouco espaço para lazer e descanso – tudo isso faz com que a gente responda mais emocionalmente aos eventos. E quanto mais intensa a emoção, mais difícil controlá-la e ser paciente.” -
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Identifique seus gatilhos e reflita sobre como controlá-los –
Se no passado nosso sistema nervoso foi essencial para detectarmos ameaças, no presente, nossa cabeça não parece saber tão bem a diferença entre perigos reais e pequenos estresses cotidianos. Assim, muitos de nós reagem a situações irritantes de maneira muito mais extrema e violenta do que o necessário, como explica M.J. Ryan, coach e autora do livro “The Power of Patience” (O poder da paciência, em tradução livre). Segundo ela, descobrir os gatilhos responsáveis por desencadear reações explosivas é o primeiro passo para tomar para si o controle deste comportamento. Depois, a orientação é olhar de maneira objetiva para a situação, e ser realista: muito provavelmente, é um momento passageiro, e amanhã já não fará mais sentido ter se estressado com ele. Um bom exercício é o jogo do “pior cenário possível”, em que se imagina o efeito mais danoso e incômodo. Na maior parte das vezes, mesmo imaginando o pior cenário, não se trata de uma questão de vida ou morte. -
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Exercite o músculo da paciência – até com as situações banais –
Definida como a capacidade de manter-se calmo diante de uma situação de estresse, angústia ou sofrimento, a paciência é mais praticada, segundo pesquisadores, por pessoas propensas a demonstrar generosidade e compaixão, e um estudo descobriu que é um traço de personalidade modificável. Ou seja, mesmo que você não seja uma pessoa tão paciente, não perca as esperanças. “Ter paciência é uma habilidade que pode (e precisa) ser desenvolvida. Isso só acontece no exercício cotidiano”, afirma Alan Oliveira. Por isso, aproveite situações de menor importância para colocá-la em prática. Entenda o que funciona melhor para mantê-lo calmo, e assim poderá aplicar o que aprendeu em contextos mais complexos. Lembre-se de que o resultado não é imediato – persista e pratique essa habilidade dia após dia. -
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Lembre-se de respirar e busque distrações –
Fortes emoções são temporárias, relembra o neuropsicólogo. “Do mesmo jeito que elas chegam, sem nosso controle, também vão embora sem nosso controle.” Mas há maneiras de evitar alimentar essa impaciência e voltar a um estado mais namastê. Alan Oliveira sugere a estratégia da respiração: inspirar por 4 segundos, expirar por 8, e repetir o processo. Assim, colocamos menos oxigênio para dentro e ativamos nosso sistema parassimpático, que relaxa o organismo. “O ideal é, realmente, esperar. Dar um tempo mesmo. E também buscar uma distração até se acalmar. Só depois vá atrás de resolver a questão que te deixou impaciente.” Ele relembra o fato de que, sob o efeito de fortes emoções, não conseguimos distinguir o que realmente queremos no longo prazo – e, em geral, respondemos de maneira impulsiva porque nos “traz alívio imediato, mas no futuro pode dar resultados que não funcionam tão bem”. -
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Seja realista ao programar as tarefas do dia e na relação consigo mesmo –
Não adianta ser paciente com os outros e nunca com si próprio. No dia a dia, não exagere na quantidade de afazeres num curto período de tempo – não realizá-los pode causar frustração. Em entrevista ao “New York Times”, a assistente social Nedra Glover recomenda ter bastante sensibilidade na hora de definir prazos e objetivos, e argumenta quantas inconveniências podem nos tirar do rumo quando um dia é planejado minuto a minuto. “Não posso alterar o tempo ou fazer as pessoas produzirem mais rápido. A única coisa que posso mudar sou eu”, diz ela. Por isso, seja realista na hora de delegar tarefas para si mesmo. Considere sessões de meditação, logo de manhã ou antes de deitar: são uma boa pedida para sentir-se mais presente no momento, manejar melhor as emoções e levar a rotina e suas imprevisibilidades com mais calma.