Como se iniciar no mundo dos vinhos de Jerez
Mistério para muitos, esse vinho feito no sul da Espanha se tornou um queridinho dos bebedores mais modernos. Na International Jerez Week, Gama reúne dicas para você conhecer um pouco mais da bebida da Andaluzia
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Não espere encontrar algo conhecido –
Se você nunca provou um vinho de Jerez (também chamado de Xerez ou Sherry), é possível que ache a bebida diferente de tudo que já provou antes. Esses vinhos são produzidos na região mais ao sul da Espanha, na Andaluzia, nas cidades de Jerez de la Frontera, Puerta de Santa Maria e Sanlúcar de Barrameda, principalmente com as cepas Palomino e Pedro Ximenez. Vale dizer também que o Jerez tem muitos estilos, indo do mais seco ao mais doce, do mais leve ao mais encorpado. São vinhos fortificados, ou seja, eles recebem uma dose de aguardente vínica em seu processo de produção e costumam ser mais alcoólicos do que os vinhos tranquilos (de até 14%), chegando a até 20%. Em alguns dos estilos, podem trazer notas de castanhas no nariz e certa salinidade na boca. A dica da sommelière Gabi Frizon, entusiasta desse estilo de vinhos e conhecida como A Louca do Jerez, é abrir a cabeça para algo novo. “Jerez é totalmente diferente de outros estilos de vinhos, por isso, quando for degustar, espere algo surpreendente”, afirma. -
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Comece pela coquetelaria: o Jerez pode ser um ótimo ingrediente –
Além de delicioso quando degustado em uma taça de vinho e na temperatura certa, o Jerez vai bem com outras bebidas, como ingrediente da coquetelaria. Ele contribui muito para a qualidade e o equilíbrio dos drinques. A dica aqui então é procurar bares que tenham o Jerez na carta de drinks ou procurar receitas na internet e arriscar de bartender você mesmo. “O coquetel também diminui um pouco o impacto do Jerez, especialmente dos estilos Fino e Manzanilla. Os sabores são muito diferentes do que estamos acostumados e, com outros ingredientes, a descoberta desse tipo de vinho acaba sendo mais fácil”, diz Bernardo Pinto, sommelier e embaixador da International Sherry Week no Brasil. -
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Ponha a mesa e prepare um prato variado –
Talvez a palavra que melhor define esses vinhos fortificados seja a versatilidade, porque eles realmente harmonizam com tudo, até com os ingredientes sabidamente difíceis para o vinho, como azeitonas, anchovas, aspargos. “Escolha um ou dois estilos de Jerez e prepare diferentes pratos. Vale testar que efeito cada combinação produz”, afirma Bernardo Pinto. Para ele, alguns pratos podem ter o mesmo efeito da coquetelaria, ao reduzir o impacto do sabor. “Há combinações muito prazerosas. Um clássico é o de Fino com azeitonas, ou de Manzanilla com frutos do mar, Amontillados com embutidos, e por aí vai.” Deve ser servido frio, mas não gelado, e vai bem em taças de vinho branco. -
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Fique de olho no calendário do vinho e não perca as oportunidades –
Os vinhos de Jerez são mais difíceis de encontrar por aí do que os vinhos tranquilos brancos ou tintos. Mas todos os anos há diferentes eventos que celebram este estilo em novembro e bares e restaurantes da cidade passam a ofertar diferentes rótulos até em taças. “Este é o momento de aproveitar os eventos disponíveis para conhecer o maior número de estilos de Jerez possivel”, afirma Gabi Frizon. -
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Estude um pouquinho –
O vinho de Jerez é cheio de especificidades e história e isso não deve ser menosprezado. Durante muito tempo foi visto como vinho de velhinhos, depois foi alçado a vinho de sommelier, e agora se prepara para alcançar um nicho maior, sendo uma das bebidas preferidas dos modernos, além de ter conseguido entrar no Olimpo da coquetelaria. Para apreciá-lo melhor, é interessante saber o que esperar de cada estilo e como podem ser servidos e com que comida. Uma curiosidade sobre os vinhos de Jerez é que são feitos a partir de um método de produção único, chamado de “solera”, em que um conjunto de barris são empilhados de forma que os vinhos mais antigos fiquem embaixo — ou no solo, o que explica o nome solera —, e os mais novos no topo. Ao longo das safras, uma porção de vinho do barril mais antigo é removida e engarrafada e a parte utilizada é reposta com vinho do penúltimo barril, seguindo assim sucessivamente até que o primeiro deles seja completado com vinho novo. Entre os estilos mais conhecidos estão Fino, Oloroso, Amontillado, Manzanilla, Palo Cortado e Pedro Ximenez.